Setores de siderurgia e petróleo perdem importância no Ibovespa

21/01/2016 Combustível POR: Valor Econômico
A crise nos setores de petróleo, mineração e siderurgia está fazendo com que as "blue chips" dessas áreas percam cada vez mais relevância no Ibovespa. Mudanças nas regras do índice e um ciclo desfavorável para os preços de matérias­primas fizeram o setor sair de uma fatia de 42% do indicador há dez anos para apenas 13,7% atualmente. Para analistas, há poucas chances de ações como Vale e Petrobras voltarem a ter o brilho de épocas passadas.
Para o Ibovespa, no momento, essa perda de fatia é positiva, já que faz o índice cair menos. Atualmente, o indicador é mais focado em ações financeiras, com 35% do total. Os papéis são os preferidos dos investidores e têm sofrido menos com o cenário atual, de fortes pressões ligadas à desaceleração da economia chinesa. O Índice Financeiro da Bovespa cai 8,8% este ano, enquanto o Ibovespa recua 13%. Já o Índice de Materiais Básicos perde 20,5%.
O valor de mercado das companhias acompanhou a derrocada na década. Usiminas PNA vale agora cerca de R$ 2 bilhões, queda de aproximadamente 87% em uma década. Metalúrgica Gerdau perdeu 86% do valor no período, para R$ 995 milhões. CSN encolheu 75%, a R$ 4,4 bilhões, e Gerdau, 72%, para R$ 5,5 bilhões. As blue chips Vale e Petrobras tiveram perda de aproximadamente 65%. Vale tinha, no dia 18, valor de mercado de R$ 42,6 bilhões, e Petrobras, de R$ 73,8 bilhões.
Para especialistas, será difícil ver as blue chips retomarem a relevância antiga. "O minério não vai voltar para US$ 100 a tonelada, nem o petróleo para US$ 100 o barril", diz o presidente da Magliano Corretora, Raymundo Magliano Neto. Para ele, a China mudou o modelo econômico, mais focado em serviços e consumo, e menos em indústria. Com isso, a demanda por matérias­primas como minério e petróleo deve ficar menor. Na visão dele, empresas globais que vendem alimentos e bebidas, como JBS, BR Foods e AmBev, devem ganhar espaço no
Ibovespa.
O estrategista da Santander Corretora, Leonardo Milane, diz que as empresas brasileiras se prepararam para atender a uma demanda muito maior da China ao longo dos anos. Fizeram investimentos e, durante o processo, acabaram sendo pegas pela mudança de modelo econômico. "As companhias tiveram que continuar investindo nos projetos em um mundo com menos demanda. Para piorar, se endividaram." 
Milane diz acreditar que a composição do Ibovespa se aproximará cada vez mais da estrutura do Produto Interno Bruto (PIB). Isso significa que os setores de mineração e petróleo podem até se recuperar um pouco, mas não voltarão a níveis de 2006. Cerca de 70% do PIB brasileiro vêm do setor de serviços, o que inclui o segmento financeiro, segundo o IBGE. Já a indústria tem 24% do total, sendo que 3,8% vêm do setor extrativista, e 11,7% de transformação.
O estrategista não vê recuperação dos setores de mineração, siderurgia e petróleo no curto prazo. Um fator que pode ajudar, afirma, é uma disparada no crescimento da Índia. O país, diz, tornou­se uma grande expectativa no setor de commodities, pois, a exemplo da China, ainda possui um déficit grande em infraestrutura.
Para Celson Plácido, estrategista da XP Investimentos, a nova composição do Ibovespa torna essa retomada mais difícil, justamente pela perda de valor de mercado das ações do setor. A mudança no Ibovespa foi anunciada em setembro de 2013 e implementada em etapas, até meados de 2014. Analistas consideram que a carteira nova reflete melhor a economia do país, dando maior peso às empresas com valor de mercado relevante, ponderadas pela liquidez dos papéis.
Plácido diz não acreditar em retomada muito forte dos ciclos do minério de ferro e do petróleo. No caso do minério, as chances de recuperação são até maiores, porque o produto ainda não tem substitutos. Já o petróleo vem encontrando substitutos como o xisto, o álcool e a eletricidade, no caso dos combustíveis.
A crise nos setores de petróleo, mineração e siderurgia está fazendo com que as "blue chips" dessas áreas percam cada vez mais relevância no Ibovespa. Mudanças nas regras do índice e um ciclo desfavorável para os preços de matérias­primas fizeram o setor sair de uma fatia de 42% do indicador há dez anos para apenas 13,7% atualmente. Para analistas, há poucas chances de ações como Vale e Petrobras voltarem a ter o brilho de épocas passadas.
Para o Ibovespa, no momento, essa perda de fatia é positiva, já que faz o índice cair menos. Atualmente, o indicador é mais focado em ações financeiras, com 35% do total. Os papéis são os preferidos dos investidores e têm sofrido menos com o cenário atual, de fortes pressões ligadas à desaceleração da economia chinesa. O Índice Financeiro da Bovespa cai 8,8% este ano, enquanto o Ibovespa recua 13%. Já o Índice de Materiais Básicos perde 20,5%.
O valor de mercado das companhias acompanhou a derrocada na década. Usiminas PNA vale agora cerca de R$ 2 bilhões, queda de aproximadamente 87% em uma década. Metalúrgica Gerdau perdeu 86% do valor no período, para R$ 995 milhões. CSN encolheu 75%, a R$ 4,4 bilhões, e Gerdau, 72%, para R$ 5,5 bilhões. As blue chips Vale e Petrobras tiveram perda de aproximadamente 65%. Vale tinha, no dia 18, valor de mercado de R$ 42,6 bilhões, e Petrobras, de R$ 73,8 bilhões.
Para especialistas, será difícil ver as blue chips retomarem a relevância antiga. "O minério não vai voltar para US$ 100 a tonelada, nem o petróleo para US$ 100 o barril", diz o presidente da Magliano Corretora, Raymundo Magliano Neto. Para ele, a China mudou o modelo econômico, mais focado em serviços e consumo, e menos em indústria. Com isso, a demanda por matérias­primas como minério e petróleo deve ficar menor. Na visão dele, empresas globais que vendem alimentos e bebidas, como JBS, BR Foods e AmBev, devem ganhar espaço no Ibovespa.
 
O estrategista da Santander Corretora, Leonardo Milane, diz que as empresas brasileiras se prepararam para atender a uma demanda muito maior da China ao longo dos anos. Fizeram investimentos e, durante o processo, acabaram sendo pegas pela mudança de modelo econômico. "As companhias tiveram que continuar investindo nos projetos em um mundo com menos demanda. Para piorar, se endividaram." 
Milane diz acreditar que a composição do Ibovespa se aproximará cada vez mais da estrutura do Produto Interno Bruto (PIB). Isso significa que os setores de mineração e petróleo podem até se recuperar um pouco, mas não voltarão a níveis de 2006. Cerca de 70% do PIB brasileiro vêm do setor de serviços, o que inclui o segmento financeiro, segundo o IBGE. Já a indústria tem 24% do total, sendo que 3,8% vêm do setor extrativista, e 11,7% de transformação.
O estrategista não vê recuperação dos setores de mineração, siderurgia e petróleo no curto prazo. Um fator que pode ajudar, afirma, é uma disparada no crescimento da Índia. O país, diz, tornou­se uma grande expectativa no setor de commodities, pois, a exemplo da China, ainda possui um déficit grande em infraestrutura.
Para Celson Plácido, estrategista da XP Investimentos, a nova composição do Ibovespa torna essa retomada mais difícil, justamente pela perda de valor de mercado das ações do setor. A mudança no Ibovespa foi anunciada em setembro de 2013 e implementada em etapas, até meados de 2014. Analistas consideram que a carteira nova reflete melhor a economia do país, dando maior peso às empresas com valor de mercado relevante, ponderadas pela liquidez dos papéis.
Plácido diz não acreditar em retomada muito forte dos ciclos do minério de ferro e do petróleo. No caso do minério, as chances de recuperação são até maiores, porque o produto ainda não tem substitutos. Já o petróleo vem encontrando substitutos como o xisto, o álcool e a eletricidade, no caso dos combustíveis.