O escolhido pelo governador eleito, Tarcísio de Freitas, para liderar as políticas públicas direcionadas ao agronegócio no Estado de São Paulo, é Antonio Julio Junqueira de Queiroz. Formado em Administração (Esan/FEI) e pós-graduado em Negócios Imobiliários (FAAP), foi secretário adjunto da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo entre os anos de 2007 e 2011. É membro do Conselho Superior do Agronegócio da FIESP (Federação da Indústria do Estado de São Paulo), do Conselho Deliberativo da Associtruse do Conselho do Agronegócio da Associação Comercial de São Paulo e produtor rural no interior do estado. Antonio Junqueira, como prefere ser chamado, tomou posse em cerimônia realizada no dia 1º de janeiro, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. O novo secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo concedeu entrevista à reportagem da Revista Canavieiros, onde projetou a gestão na secretaria e apontou desafios no comando do Pasta. Confira!
Revista Canavieiros: Como o senhor recebeu a indicação do governador Tarcísio de Freitas para assumir a secretaria da Agricultura do Estado?
Antonio Junqueira: Eu me senti muito privilegiado porque o governador é uma nova liderança política que está nascendo no Brasil, ele jovem, inteligente, preparado e fará um ótimo governo porque é uma pessoa que realiza obras. Acredito que a missão é melhorar a vida das pessoas e ele proporcionará muitos benefícios para o estado.
Revista Canavieiros: Quais serão as prioridades da sua administração? E o que o senhor vê como grande desafio?
Junqueira: O maior desafio dentro da agricultura é melhorar a vida das pessoas. O estado de São Paulo tem entre 70 a 80% de pequenos e médios produtores e acredito que o grande desafio é criar programas inteligentes que melhorem a vida dessas pessoas, afinal de contas, essa é a missão de um governo, promover o dia a dia dos paulistas, interligando áreas como agricultura, saúde, educação, ente outras. A nossa prioridade é digitalizar a Secretaria da Agricultura em 100%, de modo que as pessoas possam fazer tudo online. O próximo passo é trabalhar fortemente nos programas do FEAP (Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista).
Revista Canavieiros: O Agro Paulista seguirá alinhado com as boas práticas de governança e com as políticas públicas necessárias para garantir segurança alimentar? Como o senhor pretende trabalhar neste sentido?
Junqueira: A segurança alimentar é tudo em nossas vidas. Dentro dos programas existentes na Secretaria de Agricultura e Abastecimento, priorizaremos cada vez mais a segurança alimentar. Caminharemos em conjunto com a Secretaria do Meio Ambiente que com certeza irá contribuir também para que tudo aconteça.
Revista Canavieiros: A segurança no campo e a conectividade configuram hoje como os principais problemas do agronegócio brasileiro?
Junqueira: A conectividade no campo é de extrema importância, demandamos o tempo todo o sinal de internet e, para que tudo funcione, precisamos ter um bom programa de conectividade. Temos um programa na secretaria chamado Rotas Rurais, que é uma parceria com o Google mundial, e nele temos todas as estradas e propriedades do estado de São Paulo mapeadas. Vamos fazer uma parceria com a APAS (Associação Paulista de Supermercados) para fazer com que os produtores rurais de pequeno porte possam entregar os seus produtos em melhor qualidade e mais frescos para os supermercados em cada região. Já a questão da segurança no campo terá prioridade, é algo que está no nosso radar. Foram entregues 550 caminhonetes equipada aos municípios para auxiliarem na segurança das áreas rurais.
Revista Canavieiros: O CAR (Cadastro Ambiental Rural) está saindo do Ministério da Agricultura e retornando para o Ministério de Meio Ambiente. No estado de São Paulo irá continuar como está, como ficará?
Junqueira: Aqui em São Paulo já analisamos CAR em 100%, o produtor agora só precisa validar para avançar na regularização da propriedade. Isso é importante porque através dela o produtor continuará tendo acesso ao crédito rural nos bancos privados e públicos e agentes de fomento, além dos serviços em cartórios. Estamos pedindo que fiquem atentos e validem o CAR porque muitos estão esquecendo de dar o aceite no processo de análise. Quanto ao CAR ficar no Ministério da Agricultura ou no Ministério do Meio Ambiente, até onde sei, vai ficar no Ministério da Agricultura, agora não posso afirmar se daqui a algum tempo ele vai para o Meio Ambiente. Mas acredito que deve ficar na Agricultura, que é o lugar correto.
Revista Canavieiros: Ouvir agentes produtivos ajuda a entender as necessidades e dificuldades do dia a dia. O senhor pretende estar mais próximo do homem do campo?
Junqueira: A minha linha será sempre a do diálogo. Estou montando uma agenda para conversar com todos os setores do agro e vamos começar falando com as 43 câmaras setoriais e temáticas. Já chamamos o Fórum do Agronegócio de São Paulo para conversar, falaremos com a Faesp, com a Sociedade Rural Brasileira, e vou receber todos os produtores rurais para ouvir as demandas e encontrar soluções. Sou superaberto ao diálogo, seja com quem for.
Revista Canavieiros: Gostaria que o senhor explanasse sobre a necessidade de haver investimentos maciços em pesquisas, educação e seguro rural para reduzir a evasão rural e estimular a sucessão, hoje um dos grandes dramas do agronegócio.
Junqueira: A agricultura é uma indústria a céu aberto e tenho visto ultimamente que um dos cursos mais concorridos têm sido o de Agronomia na ESALQ - fiquei surpreso pelo tanto de pessoas interessadas em entender o que são a agronomia e o agronegócio. No passado, muitas famílias viram os pais pegando na enxada, trabalhando de sol a sol, de segunda a segunda, e elas não queriam continuar tendo a vida que os pais tiveram e entendo perfeitamente. Vamos investir fortemente em educação, temos os institutos de pesquisas que oferecem cursos e também pós-graduação e mestrado. Porém, as pessoas também precisam se informar, procurar a secretaria, porque temos muitas coisas que às vezes não aparecem, mas podemos orientá-las sobre os melhores cursos ligados à área. Em relação aos investimentos em pesquisas eles estão acontecendo e vamos procurar melhorar porque a pesquisa é futuro. Vou dar o exemplo do IAC (Instituto de Cana) de Ribeirão Preto, onde têm as estufas com inúmeras variedades sendo estudadas e você consegue depois de 10/12 anos tirar uma a cinco variedades com a certeza que irão melhorar a produtividade e o solo.
Revista Canavieiros: Como o senhor posiciona a cultura da cana-de-açúcar no cenário da agricultura nacional?
Junqueira: A cultura da cana-de-açúcar hoje em dia é multifacetada porque tem o hidrogênio verde. Ela nasceu com um propósito, porém, fomos descobrindo ao longo dos anos que a cana é muito melhor do que aquilo que imaginávamos. É uma cultura que veio para ficar e tem um futuro brilhante pela frente. Sou produtor de cana e neste setor vamos viver um ‘céu de brigadeiro’ logo mais à frente, já que essa cultura não vai parar, ela só vai melhorar e logo vamos chegar aos três dígitos. Os produtores precisam estar ligados à pesquisa, a estudo, e acho que muita coisa boa irá acontecer, sou muito otimista com o setor.