Soja: Agrometrika destaca cenários de rentabilidade e liquidez para safra 16/17

03/01/2017 Agronegócio POR: Agrometrika Informática e Serviços de Gestão de Crédito LTDA
Nas últimas semanas, os preços internos de soja têm apresentado volatilidade relativamente alta, devido tanto ao preço em Chicago, quanto ao câmbio. Com os problemas relativos à produção de óleo de palma na Ásia, o início de safra conturbado na Argentina e a decisão do FED de aumentar a taxa de juros norte-americana, o preço futuro da soja no mercado interno atingiu um patamar que se mostrou interessante aos produtores rurais, o que pôde ser observado pelo destravamento na comercialização antecipada nas últimas 4 semanas.
Porém, os preços já recuaram nessa última semana, em função da melhora do clima na Argentina e queda do dólar. As vendas antecipadas e pré-fixação de preços atingiram a marca de 35% no Brasil em dezembro, abaixo dos 50% verificados no mesmo período do ano passado. Ou seja, cerca de 65% da soja ainda está com preços em aberto.
Mesmo com a produção recorde nos EUA, os preços em Chicago se mantiveram acima dos US$ 10,00/bu, sustentados principalmente pela forte demanda chinesa. O país asiático importou, nesse ano, 30% mais soja dos EUA em comparação com o último ano safra. Do ponto de vista de preços, essa antecipação na demanda é prejudicial à própria China, porque mantém as cotações elevadas em um momento em que, naturalmente, deveriam estar mais pressionadas.
Ainda é cedo para se falar em safra cheia na América do Sul, pois ainda corremos o risco de estiagem no enchimento de grãos e excesso de chuva na colheita. Contudo, se tivermos uma safra grande, os preços deverão convergir para níveis mais baixos. Esse fato, aliado a um menor apetite da China (devido à sua antecipação de demanda), poderão levar os preços para níveis inferiores aos US$ 10,00/bu.
Levando-se em conta essa possibilidade, simulamos, nas tabelas abaixo, a rentabilidade do produtor rural em diferentes cenários de preço para a soja em Chicago e o câmbio. As tabelas consideram um produtor com tamanho compatível na região de atuação, de nível tecnológico médio e com 30% de arrendamento.
A região Norte de Mato Grosso é a região com os preços de soja mais baixos do Brasil, devido à logística deficiente e à grande distância dos portos de escoamento. Os baixos preços, contudo, são compensados por um risco produtivo reduzido, fruto do clima bastante estável da região.
Considerações Finais
As regiões que apresentam maiores riscos de rentabilidade em função de cenário de mercado adverso são: Norte do Mato Grosso, em função dos menores preços recebidos pelos produtores e Oeste da Bahia, devido às quebras de safras recorrentes nos últimos anos. Nesse sentido, é importante estar atento à qualidade do recebimento de crédito nessas regiões, especialmente em um eventual contexto de adversidade de mercado, caracterizado por queda de preço da soja e valorização do Real.
O Rio Grande do Sul também exige atenção, já que, mesmo com os melhores preços recebidos pelos agricultores, a sua menor escala e a necessidade de sustento da família, exigem uma necessidade maior de desembolso ao longo da safra. Segundo os cenários estabelecidos, as regiões que apresentam menor risco são o norte do Paraná e o sudoeste de Goiás.
Além disso, o aumento da inadimplência de crédito rural, segundo reportado por dados do Banco Central, indica que a capacidade do pagamento do produtor rural está com uma situação inferior em relação aos demais anos. O gráfico abaixo demonstra o crescimento constante da taxa de inadimplência no segundo semestre de 2016, atingindo o maior valor da série histórica em setembro/16, na faixa de 2,3%. Destaca-se que não estão sendo levados em consideração o volume de atraso, em renegociação e nem o crédito comercial, contratado fora da esfera bancária.
Autor: Luiz Rafael Azevedo e Felipe Prince Silva
Nas últimas semanas, os preços internos de soja têm apresentado volatilidade relativamente alta, devido tanto ao preço em Chicago, quanto ao câmbio. Com os problemas relativos à produção de óleo de palma na Ásia, o início de safra conturbado na Argentina e a decisão do FED de aumentar a taxa de juros norte-americana, o preço futuro da soja no mercado interno atingiu um patamar que se mostrou interessante aos produtores rurais, o que pôde ser observado pelo destravamento na comercialização antecipada nas últimas 4 semanas.
Porém, os preços já recuaram nessa última semana, em função da melhora do clima na Argentina e queda do dólar. As vendas antecipadas e pré-fixação de preços atingiram a marca de 35% no Brasil em dezembro, abaixo dos 50% verificados no mesmo período do ano passado. Ou seja, cerca de 65% da soja ainda está com preços em aberto.
Mesmo com a produção recorde nos EUA, os preços em Chicago se mantiveram acima dos US$ 10,00/bu, sustentados principalmente pela forte demanda chinesa. O país asiático importou, nesse ano, 30% mais soja dos EUA em comparação com o último ano safra. Do ponto de vista de preços, essa antecipação na demanda é prejudicial à própria China, porque mantém as cotações elevadas em um momento em que, naturalmente, deveriam estar mais pressionadas.
Ainda é cedo para se falar em safra cheia na América do Sul, pois ainda corremos o risco de estiagem no enchimento de grãos e excesso de chuva na colheita. Contudo, se tivermos uma safra grande, os preços deverão convergir para níveis mais baixos. Esse fato, aliado a um menor apetite da China (devido à sua antecipação de demanda), poderão levar os preços para níveis inferiores aos US$ 10,00/bu.
Levando-se em conta essa possibilidade, simulamos, nas tabelas abaixo, a rentabilidade do produtor rural em diferentes cenários de preço para a soja em Chicago e o câmbio. As tabelas consideram um produtor com tamanho compatível na região de atuação, de nível tecnológico médio e com 30% de arrendamento.
A região Norte de Mato Grosso é a região com os preços de soja mais baixos do Brasil, devido à logística deficiente e à grande distância dos portos de escoamento. Os baixos preços, contudo, são compensados por um risco produtivo reduzido, fruto do clima bastante estável da região.
Considerações Finais
As regiões que apresentam maiores riscos de rentabilidade em função de cenário de mercado adverso são: Norte do Mato Grosso, em função dos menores preços recebidos pelos produtores e Oeste da Bahia, devido às quebras de safras recorrentes nos últimos anos. Nesse sentido, é importante estar atento à qualidade do recebimento de crédito nessas regiões, especialmente em um eventual contexto de adversidade de mercado, caracterizado por queda de preço da soja e valorização do Real.
O Rio Grande do Sul também exige atenção, já que, mesmo com os melhores preços recebidos pelos agricultores, a sua menor escala e a necessidade de sustento da família, exigem uma necessidade maior de desembolso ao longo da safra. Segundo os cenários estabelecidos, as regiões que apresentam menor risco são o norte do Paraná e o sudoeste de Goiás.
Além disso, o aumento da inadimplência de crédito rural, segundo reportado por dados do Banco Central, indica que a capacidade do pagamento do produtor rural está com uma situação inferior em relação aos demais anos. O gráfico abaixo demonstra o crescimento constante da taxa de inadimplência no segundo semestre de 2016, atingindo o maior valor da série histórica em setembro/16, na faixa de 2,3%. Destaca-se que não estão sendo levados em consideração o volume de atraso, em renegociação e nem o crédito comercial, contratado fora da esfera bancária.
Autor: Luiz Rafael Azevedo e Felipe Prince Silva