Soja teme perder espaço para açúcar
07/03/2014
Açúcar
POR: Juliano Basile e Fabiana Batista | Valor Econômico
Responsável por 60% da soja processada no Brasil e um quarto da comercializada no mundo, as empresas representadas pela Associação Brasileira das Indústrias de óleos Vegetais (Abiove) passaram a integrar o inquérito em que o Cade apura supostas práticas abusivas da Rumo Logística no contrato para o transporte de cargas com a ALL.
A entidade reclama por mais espaço na ferrovia para a indústria de óleos vegetais e se diz preocupada com uma eventual fusão entre a ALL e a Rumo. "O setor de óleos vegetais está profundamente preocupado com a proposta recém divulgada de combinar as atividades da ALL com a Rumo, por meio da incorporação da concessionária ferroviária pela empresa Rumo, controlada pelo grupo Cosan ", disse a associação em nota.
"Essa concentração de poder em um importante usuário do sistema de transporte da ALL poderá resultar em estratégias empresariais que causem forte impacto negativo na competitividade do complexo soja, no nível de emprego setorial e na balança comercial brasileira."
Caso o pedido da Abiove seja aceito, a entidade poderá atuar como parte interessada no inquérito que foi aberto pelo Cade para apurar se a Rumo estaria utilizando um espaço de cargas na ferrovia muito além das cotas de açúcar que ela consegue descarregar. Outros setores da economia, como agricultores do interior do Paraná, de São Paulo e do Centro-Oeste, gostariam de obter mais cotas para escoar as suas respectivas produções até o Porto de Santos.
A associação que representa os produtores de soja do Brasil (Aprosoja) protocolou, em fevereiro, manifestação oficial ao Cade demonstrando preocupação diante do contrato de transporte de açúcar feito entre a ALL e Rumo. O receio existe, segundo a associação, porque se de fato dobrar o volume de açúcar transportado pela Rumo dentro da mesma malha ferroviária (a ALL não conseguiu duplicar o trecho que havia contratado com a Rumo) pode haver redução no transporte de grãos.
Na petição enviada ao Cade, a Abiove utilizou dados da ANTT segundo os quais, entre janeiro e outubro de 2013, passaram pelos trilhos da ALL 9,2 milhões de toneladas de soja, 2,8 milhões de toneladas de farelo e 6,7 milhões de toneladas de milho. "Ou seja, para atingir os mercados internacionais, 22% das exportações de soja, 21% de farelo e 26% de milho dependeram diretamente da ferrovia da ALL", diz a Abiove.