SP perdeu 10% de participação em área de colheita de cana em 10 anos

05/01/2015 Cana-de-Açúcar POR: Portal G1 05/01/2015
O Estado de São Paulo já viveu dias melhores quando o assunto é área disponível para colheita de cana-de-açúcar na região Centro-Sul, a principal produtora do país. Dados divulgados por institutos de pesquisa ligados à USP de Ribeirão Preto mostram que a participação dos canaviais paulistas caiu 10% em dez anos. Além disso, a falta de investimentos também reduziu a produtividade. Se em 2009 a produção era de 86,881 kg por hectare, na safra mais recente foi de 80,817.
 
De acordo com levantamento feito pelo Centro de Pesquisa em Economia Regional (Ceper) e pela Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace), na safra 2003/2004 São Paulo respondia por 70% das áreas cultivadas prontas para colheita, com 2,571 milhões de hectares. Estagnado a partir de 2009 em função da crise de 2008, o Estado passou a compor 60% das plantações na safra 2013/2014, mesmo passando a ter o dobro da área disponível, de 5,045 milhões de hectares, em relação a dez anos antes.
 
Segundo o professor de economia da USP Luciano Nakabashi, um dos responsáveis pela pesquisa, a recessão internacional seis anos atrás impactou negativamente o preço do açúcar- principal produto de exportação vindo da cana - e afetou o mercado interno do etanol. Com menos rendimento e demanda das indústrias ligadas ao setor, os produtores reduziram plantações e deixaram mais áreas ociosas. Ao mesmo tempo, terras mais baratas puxaram a expansão para Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná.
 
"São Paulo é o principal estado produtor, o mais antigo. Quando se é mais tradicional, pode haver uma acomodação, mas a questão é que foi se expandindo para onde a terra é mais barata. Isso tem efeito sobre o custo. Apesar desses estados serem menos produtivos, a diferença não é tão grande e o preço da terra acaba compensando isso", afirma.
 
Contribuíram de certa forma para essa estagnação paulista a queda nas regiões de Ribeirão Preto, Campinase Franca, onde, segundo Nakabashi, as terras plantadas são mais antigas e há menos espaço para expansão. A maior urbanização dessas localidades também contribui para aumentar o valor do metro quadrado e desestimular seu uso para fins agrícolas.
"É uma região antiga, não tem para onde crescer. Não vai passar pelo processo de expansão. Isso é natural. Mas a questão é que, com o problema da demanda, os produtores estão dando uma segurada. A região de Piracicaba, perto de Campinas, tem muitas indústrias. Há outras atividades econômicas que demanda espaço. As próprias cidades têm muito mais concentração urbana, isso com certeza valoriza o preço da terra", diz.
Mais que reduzir a proporção de áreas prontas para colheita no Estado, a falta de investimentos também atrapalha a produtividade por hectare. Para se ter uma noção desse impacto, basta olhar os números da região Sudeste, que tem o maior rendimento nacional principalmente graças à qualidade das áreas paulistas. Se em 2009 a produtividade era de 86,881 kg por hectare, na safra mais recente foi de 80,817.
 
Economia em desaceleração
A menor disponibilidade de áreas para colheita da cana reflete uma reação em cadeia negativa principalmente para as economias que mais dependem da matéria-prima. Se o produtor ganha menos, é sinal de que os usineiros estão com menor demanda de serviços, assim como indústrias de bens de produção. Menor procura é sinônimo de desemprego e menos consumo em outros setores. É o que Nakabashi chama de efeito de redução de dinamismo.
 
O economista argumenta que alguns fatores podem reestimular o setor sucroalcooleiro – como uma possível alta no preço do petróleo – que melhoraria a concorrência para o etanol – e a possibilidade de a quantidade do álcool na mistura com o combustível derivado do petróleo subir de 25% para 27% - mas defende mudanças na estrutura produtiva como saída para a desaceleração generalizada.
 
Além de os proprietários de lavouras investirem mais em produtividade para reduzirem custos, o docente da USP afirma que as indústrias precisam diversificar sua produção para que as dinâmicas locais não fiquem dependentes de uma única cultura. "Essa foi uma das piores crises pelas quais o mundo passou desde 1929. Como é um setor que depende do preço internacional, vai sofrer mais. Acredito que ao menos as indústrias deveriam tentar se diversificar um pouco mais para não ficarem dependentes somente do setor sucroalcooleiro. Em consequência, quem tem área plantada vai investir naquilo que está dando retorno no momento."
O Estado de São Paulo já viveu dias melhores quando o assunto é área disponível para colheita de cana-de-açúcar na região Centro-Sul, a principal produtora do país. Dados divulgados por institutos de pesquisa ligados à USP de Ribeirão Preto mostram que a participação dos canaviais paulistas caiu 10% em dez anos. Além disso, a falta de investimentos também reduziu a produtividade. Se em 2009 a produção era de 86,881 kg por hectare, na safra mais recente foi de 80,817.
 
De acordo com levantamento feito pelo Centro de Pesquisa em Economia Regional (Ceper) e pela Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace), na safra 2003/2004 São Paulo respondia por 70% das áreas cultivadas prontas para colheita, com 2,571 milhões de hectares. Estagnado a partir de 2009 em função da crise de 2008, o Estado passou a compor 60% das plantações na safra 2013/2014, mesmo passando a ter o dobro da área disponível, de 5,045 milhões de hectares, em relação a dez anos antes.
 
Segundo o professor de economia da USP Luciano Nakabashi, um dos responsáveis pela pesquisa, a recessão internacional seis anos atrás impactou negativamente o preço do açúcar- principal produto de exportação vindo da cana - e afetou o mercado interno do etanol. Com menos rendimento e demanda das indústrias ligadas ao setor, os produtores reduziram plantações e deixaram mais áreas ociosas. Ao mesmo tempo, terras mais baratas puxaram a expansão para Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná.
 
"São Paulo é o principal estado produtor, o mais antigo. Quando se é mais tradicional, pode haver uma acomodação, mas a questão é que foi se expandindo para onde a terra é mais barata. Isso tem efeito sobre o custo. Apesar desses estados serem menos produtivos, a diferença não é tão grande e o preço da terra acaba compensando isso", afirma.
 
Contribuíram de certa forma para essa estagnação paulista a queda nas regiões de Ribeirão Preto, Campinase Franca, onde, segundo Nakabashi, as terras plantadas são mais antigas e há menos espaço para expansão. A maior urbanização dessas localidades também contribui para aumentar o valor do metro quadrado e desestimular seu uso para fins agrícolas.
"É uma região antiga, não tem para onde crescer. Não vai passar pelo processo de expansão. Isso é natural. Mas a questão é que, com o problema da demanda, os produtores estão dando uma segurada. A região de Piracicaba, perto de Campinas, tem muitas indústrias. Há outras atividades econômicas que demanda espaço. As próprias cidades têm muito mais concentração urbana, isso com certeza valoriza o preço da terra", diz.
Mais que reduzir a proporção de áreas prontas para colheita no Estado, a falta de investimentos também atrapalha a produtividade por hectare. Para se ter uma noção desse impacto, basta olhar os números da região Sudeste, que tem o maior rendimento nacional principalmente graças à qualidade das áreas paulistas. Se em 2009 a produtividade era de 86,881 kg por hectare, na safra mais recente foi de 80,817.
 
Economia em desaceleração
A menor disponibilidade de áreas para colheita da cana reflete uma reação em cadeia negativa principalmente para as economias que mais dependem da matéria-prima. Se o produtor ganha menos, é sinal de que os usineiros estão com menor demanda de serviços, assim como indústrias de bens de produção. Menor procura é sinônimo de desemprego e menos consumo em outros setores. É o que Nakabashi chama de efeito de redução de dinamismo.
 
O economista argumenta que alguns fatores podem reestimular o setor sucroalcooleiro – como uma possível alta no preço do petróleo – que melhoraria a concorrência para o etanol – e a possibilidade de a quantidade do álcool na mistura com o combustível derivado do petróleo subir de 25% para 27% - mas defende mudanças na estrutura produtiva como saída para a desaceleração generalizada.
 
Além de os proprietários de lavouras investirem mais em produtividade para reduzirem custos, o docente da USP afirma que as indústrias precisam diversificar sua produção para que as dinâmicas locais não fiquem dependentes de uma única cultura. "Essa foi uma das piores crises pelas quais o mundo passou desde 1929. Como é um setor que depende do preço internacional, vai sofrer mais. Acredito que ao menos as indústrias deveriam tentar se diversificar um pouco mais para não ficarem dependentes somente do setor sucroalcooleiro. Em consequência, quem tem área plantada vai investir naquilo que está dando retorno no momento."