O Estado de São Paulo responde por 60% da cana produzida no Brasil, e a maior parte dos canaviais se encontra no nordeste do estado, região capitaneada pela cidade de Ribeirão Preto. Assim, qualquer perda de produtividade nesta região impacta a safra canavieira nacional.
É o que tem se visto nestes últimos anos: a grande infestação de Sphenophorus levis (S. levis) nos canaviais do nordeste paulista é uma das maiores responsáveis pela queda de produtividade nas últimas safras.
O S. levis, detectado em muitas áreas de usinas e fornecedores, atualmente constitui uma grande preocupação pelas proporções que atinge em termos de danos, abrangência e dificuldade de controle. Os dados de levantamentos de campo indicam que, ano após ano, novas áreas são detectadas com a praga e com intensidades de ataque que irão resultar na necessidade de renovações precoces dos canaviais.
“Em decorrência da dificuldade de controle e pelo índice de perda, que varia de 30% a 60%, podendo levar a renovação antecipada do canavial, o Sphenophorus é a principal praga de nossa região”, diz Alessandra Durigan, gestora técnica operacional da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo).
Alessandra compartilha uma frase que passou a fazer parte do dia a dia do setor. “No Nordeste paulista, só não tem Sphenophorus no canavial, quem não procurou”. Ela tem bastante conhecimento sobre isso, afinal a Canaoeste, com sua equipe de 12 agrônomos, oferece assistência técnica para os associados de suas 12 sedes, composta por 80 municípios, com abrangência em 130 mil hectares com cana.
A orientação fundamental para quem vai formar canavial, segundo Alessandra, é plantar muda sadia. “Alertamos os nossos associados sobre a importância de adquirir mudas de cana com sanidade. Foi justamente essa falta de cuidado a responsável por essa alta infestação de Sphenophorus”, salienta. Além da sanidade das mudas, os produtores de cana são orientados a realizarem o monitoramento do canavial, fazerem amostragens e aplicarem o Manejo Integrado de Pragas (MIP) para aumentar a eficiência do controle.
O especialista em pragas, José Francisco Garcia, da Global Cana, salienta que o MIP associa o ambiente e a dinâmica populacional da espécie, utiliza todas as técnicas apropriadas e métodos de forma tão compatível quanto possível, mantendo a população do Sphenophorus em níveis abaixo daqueles capazes de causar dano econômico.
De acordo com Garcia, o monitoramento é o primeiro passo para se praticar o MIP. “Sem monitorar a densidade populacional de S. levis no campo, não há como se aplicar os princípios do MIP. Assim, recomenda-se iniciar o monitoramento mesmo antes de se iniciar o plantio. A frequência e o método de amostragem depende da fase de desenvolvimento da cultura e do nível de precisão que se pretende conduzir o manejo. Quanto maior a frequência e tamanho da amostra melhor”.
IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS CONTRIBUEM PARA O CONTROLE DO SPHENOPHORUS
Para Alessandra, implementos agrícolas são aliados no controle do Sphenophorus. “Para reforma de canavial em áreas infestadas com S levis é fundamental utilizar equipamentos como o eliminador mecânico de soqueira. Para o controle da praga em área de soca, usa-se o desenleirador de palhas e depois entra com o cortador de soqueira”.
Cada vez mais o setor adota esses implementos para controle do Sphenophorus, tanto que, segundo Auro Pardinho, gerente de marketing da DMB Máquinas e Implementos Agrícolas, localizada em Sertãozinho, SP, as vendas desses equipamentos estão bem aquecidas.
O USO DO ELIMINADOR MECÂNICO DE SOQUEIRAS
O pesquisador Newton Macedo aconselha que áreas com mais de 30% de tocos atacados pela praga devem ir para a reforma imediatamente, para diminuir a pressão da população em áreas vizinhas. Aí é que entra em ação o eliminador mecânico de soqueira. Pardinho explica que esse implemento foi desenvolvido com o objetivo de se eliminar simultaneamente 2 linhas de soqueiras de cana quando da necessidade de se reformar o canavial.
Macedo alerta que, para realizar a destruição mecânica de soqueiras, dois aspectos importantes devem ser considerados nesta operação: a época de execução e o uso correto do implemento agrícola. “Como as formas biológicas se concentram nas touceiras, essa operação dever ser realizada de março a setembro, ou seja, do final até o início das chuvas, coincidindo com o período seco (deve trabalhar levantando poeira) e temperaturas amenas do ano, em que há maior concentração de larvas e outras formas biológicas, pupas e adultos. Áreas com presença de S. levis, devem ter seu planejamento de reforma diferenciado em virtude desta praga, visando maximizar esta operação”.
Antes de destruir a soqueira mecanicamente, Macedo instrui que é preciso aplicar glifosato. Já o eliminador de soqueira deve passar em faixas alternadas, com retorno em 15 dias para o bom secamento do material vegetal e a ação de predadores (principalmente carcarás). Depois da total eliminação, passar uma grade, ainda no período seco. Após a eliminação da soqueira, o pesquisador também aconselha realizar o preparo de solo convencional.
“A subsolagem, aração e gradagem promovem um ressecamento da camada superficial do solo, reduzindo significativamente as formas biológicas de S. levis. Isso, quando possível, seguido de um vazio sanitário e/ou rotação de culturas. Amendoim e soja reduzem a população da praga. As áreas com altas infestações que não terão rotação de cultura, devem receber uma aplicação de inseticida incorporado em área total na 3ª gradagem”.
O USO DO CORTADOR DE SOQUEIRAS
Já as áreas de colheita com infestações entre 10 e 30% de toletes atacados, não necessitam ser renovadas, mas é preciso aplicar um controle eficiente. Macedo orienta a fazer dois tratamentos químicos: o 1º logo após a colheita (cortando a soqueira), quando são visíveis os perfilhos da linha, aplica-se o inseticida, com volume de calda de 150 a 200 litros por hectare. O 2º tratamento deve ser realizado no período de primavera/verão.
O Pesquisador observa que as áreas cujo levantamento pós-colheita indicar presença da praga, mesmo com baixo índice de tocos atacados, devem receber o tratamento de soqueira em área total. Macedo também salienta que, logo após a colheita, antes de utilizar o cortador de soqueira, deve-se passar o desenleirador de palha somente na linha da cana, essa operação faz com que o produto químico chegue diretamente à base da touceira.
Pardinho explica que a DMB disponibiliza dois tipos de cortador de soqueiras, o primeiro é o tradicional, onde o conjunto possui um disco de corte de 26 polegadas, com molas de compressão que fazem o corte do colchão de palha. É fixado logo atrás do disco de corte um dispositivo com o bico de pulverização que faz a aplicação do produto em profundidade. Cada conjunto é ajustado na barra porta-ferramentas para cortar o centro da linha da soqueira e fazer a aplicação do inseticida a uma profundidade de 10 cm para o controle do S. levis.
A outra opção é o Cortador de Soqueiras 70/30, que divide sua aplicação nessa proporção, ou seja, 70% da calda é injetada dentro do corte realizado pelo disco cortante e 30% da calda é pulverizado sobre a parte aérea das plantas e base das touceiras. Essa operação desempenha a função de matar as larvas e pupas que estão no interior dos tocos da touceira recém-cortadas e contaminar a parte superior dela, onde se concentram os adultos para depositar seus ovos. Neste sistema, ocorre a potencialização das moléculas utilizadas para o combate de S. levis. O volume de calda nesta operação varia entre 150 a 200 L/ha.
Macedo alerta que usinas e fornecedores que já detectaram este inseto em seus canaviais devem manter uma estratégia bem agressiva de seu controle, inclusive realizar a limpeza e aplicação de inseticidas nas colhedoras, transbordos e equipamentos para evitar que num futuro próximo a referida praga se alastre mais e torne a cultura da cana um negócio inviável economicamente. “São estratégias de convivência com a praga uma vez que a erradicação está fora de possibilidades técnicas”.
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O Estado de São Paulo responde por 60% da cana produzida no Brasil, e a maior parte dos canaviais se encontra no nordeste do estado, região capitaneada pela cidade de Ribeirão Preto. Assim, qualquer perda de produtividade nesta região impacta a safra canavieira nacional.
É o que tem se visto nestes últimos anos: a grande infestação de Sphenophorus levis (S. levis) nos canaviais do nordeste paulista é uma das maiores responsáveis pela queda de produtividade nas últimas safras.
O S. levis, detectado em muitas áreas de usinas e fornecedores, atualmente constitui uma grande preocupação pelas proporções que atinge em termos de danos, abrangência e dificuldade de controle. Os dados de levantamentos de campo indicam que, ano após ano, novas áreas são detectadas com a praga e com intensidades de ataque que irão resultar na necessidade de renovações precoces dos canaviais.
“Em decorrência da dificuldade de controle e pelo índice de perda, que varia de 30% a 60%, podendo levar a renovação antecipada do canavial, o Sphenophorus é a principal praga de nossa região”, diz Alessandra Durigan, gestora técnica operacional da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo).
Alessandra compartilha uma frase que passou a fazer parte do dia a dia do setor. “No Nordeste paulista, só não tem Sphenophorus no canavial, quem não procurou”. Ela tem bastante conhecimento sobre isso, afinal a Canaoeste, com sua equipe de 12 agrônomos, oferece assistência técnica para os associados de suas 12 sedes, composta por 80 municípios, com abrangência em 130 mil hectares com cana.
A orientação fundamental para quem vai formar canavial, segundo Alessandra, é plantar muda sadia. “Alertamos os nossos associados sobre a importância de adquirir mudas de cana com sanidade. Foi justamente essa falta de cuidado a responsável por essa alta infestação de Sphenophorus”, salienta. Além da sanidade das mudas, os produtores de cana são orientados a realizarem o monitoramento do canavial, fazerem amostragens e aplicarem o Manejo Integrado de Pragas (MIP) para aumentar a eficiência do controle.
O especialista em pragas, José Francisco Garcia, da Global Cana, salienta que o MIP associa o ambiente e a dinâmica populacional da espécie, utiliza todas as técnicas apropriadas e métodos de forma tão compatível quanto possível, mantendo a população do Sphenophorus em níveis abaixo daqueles capazes de causar dano econômico.
De acordo com Garcia, o monitoramento é o primeiro passo para se praticar o MIP. “Sem monitorar a densidade populacional de S. levis no campo, não há como se aplicar os princípios do MIP. Assim, recomenda-se iniciar o monitoramento mesmo antes de se iniciar o plantio. A frequência e o método de amostragem depende da fase de desenvolvimento da cultura e do nível de precisão que se pretende conduzir o manejo. Quanto maior a frequência e tamanho da amostra melhor”.
IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS CONTRIBUEM PARA O CONTROLE DO SPHENOPHORUS
Para Alessandra, implementos agrícolas são aliados no controle do Sphenophorus. “Para reforma de canavial em áreas infestadas com S levis é fundamental utilizar equipamentos como o eliminador mecânico de soqueira. Para o controle da praga em área de soca, usa-se o desenleirador de palhas e depois entra com o cortador de soqueira”.
Cada vez mais o setor adota esses implementos para controle do Sphenophorus, tanto que, segundo Auro Pardinho, gerente de marketing da DMB Máquinas e Implementos Agrícolas, localizada em Sertãozinho, SP, as vendas desses equipamentos estão bem aquecidas.
O USO DO ELIMINADOR MECÂNICO DE SOQUEIRAS
O pesquisador Newton Macedo aconselha que áreas com mais de 30% de tocos atacados pela praga devem ir para a reforma imediatamente, para diminuir a pressão da população em áreas vizinhas. Aí é que entra em ação o eliminador mecânico de soqueira. Pardinho explica que esse implemento foi desenvolvido com o objetivo de se eliminar simultaneamente 2 linhas de soqueiras de cana quando da necessidade de se reformar o canavial.
Macedo alerta que, para realizar a destruição mecânica de soqueiras, dois aspectos importantes devem ser considerados nesta operação: a época de execução e o uso correto do implemento agrícola. “Como as formas biológicas se concentram nas touceiras, essa operação dever ser realizada de março a setembro, ou seja, do final até o início das chuvas, coincidindo com o período seco (deve trabalhar levantando poeira) e temperaturas amenas do ano, em que há maior concentração de larvas e outras formas biológicas, pupas e adultos. Áreas com presença de S. levis, devem ter seu planejamento de reforma diferenciado em virtude desta praga, visando maximizar esta operação”.
Antes de destruir a soqueira mecanicamente, Macedo instrui que é preciso aplicar glifosato. Já o eliminador de soqueira deve passar em faixas alternadas, com retorno em 15 dias para o bom secamento do material vegetal e a ação de predadores (principalmente carcarás). Depois da total eliminação, passar uma grade, ainda no período seco. Após a eliminação da soqueira, o pesquisador também aconselha realizar o preparo de solo convencional.
“A subsolagem, aração e gradagem promovem um ressecamento da camada superficial do solo, reduzindo significativamente as formas biológicas de S. levis. Isso, quando possível, seguido de um vazio sanitário e/ou rotação de culturas. Amendoim e soja reduzem a população da praga. As áreas com altas infestações que não terão rotação de cultura, devem receber uma aplicação de inseticida incorporado em área total na 3ª gradagem”.
O USO DO CORTADOR DE SOQUEIRAS
Já as áreas de colheita com infestações entre 10 e 30% de toletes atacados, não necessitam ser renovadas, mas é preciso aplicar um controle eficiente. Macedo orienta a fazer dois tratamentos químicos: o 1º logo após a colheita (cortando a soqueira), quando são visíveis os perfilhos da linha, aplica-se o inseticida, com volume de calda de 150 a 200 litros por hectare. O 2º tratamento deve ser realizado no período de primavera/verão.
O Pesquisador observa que as áreas cujo levantamento pós-colheita indicar presença da praga, mesmo com baixo índice de tocos atacados, devem receber o tratamento de soqueira em área total. Macedo também salienta que, logo após a colheita, antes de utilizar o cortador de soqueira, deve-se passar o desenleirador de palha somente na linha da cana, essa operação faz com que o produto químico chegue diretamente à base da touceira.
Pardinho explica que a DMB disponibiliza dois tipos de cortador de soqueiras, o primeiro é o tradicional, onde o conjunto possui um disco de corte de 26 polegadas, com molas de compressão que fazem o corte do colchão de palha. É fixado logo atrás do disco de corte um dispositivo com o bico de pulverização que faz a aplicação do produto em profundidade. Cada conjunto é ajustado na barra porta-ferramentas para cortar o centro da linha da soqueira e fazer a aplicação do inseticida a uma profundidade de 10 cm para o controle do S. levis.
A outra opção é o Cortador de Soqueiras 70/30, que divide sua aplicação nessa proporção, ou seja, 70% da calda é injetada dentro do corte realizado pelo disco cortante e 30% da calda é pulverizado sobre a parte aérea das plantas e base das touceiras. Essa operação desempenha a função de matar as larvas e pupas que estão no interior dos tocos da touceira recém-cortadas e contaminar a parte superior dela, onde se concentram os adultos para depositar seus ovos. Neste sistema, ocorre a potencialização das moléculas utilizadas para o combate de S. levis. O volume de calda nesta operação varia entre 150 a 200 L/ha.
Macedo alerta que usinas e fornecedores que já detectaram este inseto em seus canaviais devem manter uma estratégia bem agressiva de seu controle, inclusive realizar a limpeza e aplicação de inseticidas nas colhedoras, transbordos e equipamentos para evitar que num futuro próximo a referida praga se alastre mais e torne a cultura da cana um negócio inviável economicamente. “São estratégias de convivência com a praga uma vez que a erradicação está fora de possibilidades técnicas”.