Tática da formulação e seletividade

14/12/2023 Noticias POR: Marino Guerra

"Devido a uma safra tardia, acredito que o cenário para muitas áreas nos dois primeiros meses do ano será de soqueiras ainda pouco desenvolvidas com a necessidade de uso de tecnologias pós-emergentes e com residual, pois em razão das chuvas do final de novembro e dezembro a janela de trabalho em pré-emergência será muito complexa”. Com essa visão, que se assemelha com os meses históricos de novembro e dezembro (M+1 e M+2 pós-encerramento da safra) acrescido de um volume hídrico maior, o DTM da Syngenta, Lupersio Garcia, começou a conversa sobre as duas tecnologias herbicidas de maior destaque da marca.

“Com o canavial aberto teremos caminho livre para o desenvolvimento das daninhas. No caso das gramíneas já estarão numa fase perfilhadas, quando o cenário apresentar os capins-colchão, braquiária e colonião como maiores desafios, recomendamos o uso do Grover (Hexazinona + S-Metolacloro) que além de sua ação pré-emergente, alta performance residual e seletividade, age muito bem na pósinicial das invasoras.

Porém, se a coleção de espécies for maior, com o surgimento de folhas largas, vou precisar adotar em minha estratégia um Sulfentrazone, para reforçar o trabalho de pré-emergência e nas que se desenvolveram, principalmente os ipomeas e 3M’s (mamona, mucuna e merremia), utilizo o Calipen (Mesotriona + Atrazina) associado a um Diuron que vai reforçar a atuação perante as gramíneas perfilhadas”, completou o cenário.


       Área infestada com mucuna, Calipen é hoje uma excelente ferramenta

Na sua recomendação, Garcia, assim como uma tropa no campo de batalha, utiliza as duas moléculas mais comuns (Sulfentrazone e Diuron) como morteiros que vão atingir uma área maior do campo inimigo, enquanto que o Grover e o Calipen fazem o papel dos atiradores de elite, acertando o alvo com precisão. Com um detalhe, baixa ou nenhuma fitotoxicidade para a cana-de-açúcar.

Para conseguir oferecer ao mercado armas tão certeiras, a Syngenta investiu muito em tecnologia de formulação conseguindo entregar algo a mais que a simples mistura de duas moléculas, mas modulando-as para atuar em sinergia.

No caso do Grover, o destaque é a formulação em Suspoemulsão, que tem na harmonização sua principal qualidade por formar uma ponte unindo ingredientesativos que não se “conversavam”.

“Com o polímero (principal material da formulação) conseguimos um trabalho em conjunto inédito, pois resulta numa transposição da palha mais eficiente e, ao atingir o solo, a Hexazinona (que tem uma solubilidade alta) permanece por mais tempo na superfície por estar grudada ao Smetolacloro que pouco lixivia, criando uma barreira poderosa de controle de germinação de gramíneas”, explicou Garcia.

Característica que permite o produto também agir na pósinicial, isso porque a Haxazinona é absorvida pelas raízes e o seu contato com elas se torna muito provável por ficar “presa” na faixa superficial do solo.


Lupersio Garcia: “Com o polímero (principal material da formulação) conseguimos um trabalho em conjunto inédito,
pois 
resulta numa transposição da palha mais eficiente e, ao atingir o solo, a Hexazinona (que tem uma solubilidade alta) permanece por mais tempo na superfície”

Quanto as folhas largas, o técnico disse que com o passar do tempo, as moléculas vão se desgrudando de maneira gradual, fazendo com que a Hexazinona, ao descer, atinja as sementes de folha larga que estão mais profundas no perfil do solo inibindo sua germinação, assim proporcionando maior residual.

“Na mistura em tanque eu não consigo unir os dois ativos por terem formulações distintas de tal modo que a lixiviação imediata da Hexazinona é inevitável, sem efeito prolongado, além da suspoemulsão promover uma melhor missividade dos produtos dentro do tanque”, comentou Garcia que ainda completou seu raciocínio apontando para a vantagem ambiental da ferramenta.

“Ao fazer a conta de gramas de ingrediente por hectare (número que muito produtor precisa contabilizar devido a certificações internacionais como o Bonsucro), o uso do Grover é bem menor, isso sem contar o spectro temporal de controle muito mais consistente que evita novas entradas”.

Assim, é correto afirmar que até o momento a formulação do Grover pode ser considerada exclusiva e se outras ferramentas surgirem (o setor canavieiro espera que surja), ele já é um divisor de águas dentro das tecnologias herbicidas por simplesmente unir “óleo e água”. Já o Calipen traz uma formulação inovadora, apesar de ser uma Suspensão Concentrada, formulação já presente no mercado, a granulometria homogênias dos dois ativos faz a diferença intensificando a sinergia dos ativos.

“Se eu pego a Atrazina no formato disponível no mercado e coloco junto com a Mesotriona é igual misturar pedra e areia, um vai descer com mais facilidade que o outro. Com o Calipen os tamanhos dos ativos foram padronizados, e assim conseguimos corrigir essa característica”, contou o gerente de marketing cana-de-açúcar da Syngenta, Renato Pirola.


Renato Pirola: “Se eu pego a Atrazina no formato disponível no mercado e coloco junto com a Mesotriona é igual misturar pedra e areia,
um vai descer com mais facilidade que o outro”

 

Resistência daninha

Pirola também ressaltou que os dois princípios ativos do Calipen se destaca por seus respectivos mecanismos de ação terem sinergismo melhorando a eficácia de controle, espectro de plantas daninhas e auxiliando na redução de resistência pelo fato de ser uma mistura formulada.

Sobre o assunto, Garcia cita o caso da Ipomoea hederifolia (corda de viola com a flor vermelha) que apesar de não termos resistência aos produtos herbicidas comprovadas, podemos observar uma seleção nos talhões e consequente aumento das ocorrência desta espécie de cordas na nossa região.

Outro ponto sobre o controle do mato em cana-de-açúcar está em trabalhar bem a pré-emergência para evitar problemas como os que vem surgindo com o Capim Camalote que, por produzir muita semente de maneira rápida (disseminando em 40 dias), é preciso ter muito controle de eventuais escapes que acabam retroalimentando o banco de sementes, gerando esforços e investimentos muito maiores para salvar o canavial.

O que deixa evidente que há demanda muito grande para o surgimento de nova moléculas, mas também na continuidade do processo de inovação quanto a formulação e, nesse ponto a Syngenta mostra que está com seu direcionamento de pesquisa e desenvolvimento na direção correta.


    Uso da tecnologia para conseguir canaviais limpos como o da imagem acima