Tecido feito de cana pode vestir equipes de recepção e apoio durante Copa do Mundo e Olimpíada no Brasil

03/08/2012 Cana-de-Açúcar POR: Unica

 
O uso de um tecido derivado da cana-de-açúcar para confeccionar as roupas dos comitês de recepção que atuarão nos dois maiores eventos esportivos do planeta, a Copa do Mundo (2014) e a Olimpíada (2016), pode ampliar ainda mais o reconhecimento internacional à diversificação e à sustentabilidade da produção sucroenergética nacional. Para Alfred Szwarc, consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), a sugestão apresentada no final de julho pelo Movimento pela Livre Escolha (Move), uma associação que reúne algumas das principais produtoras de artigos esportivos, como Nike, Adidas e Puma, valoriza a imagem do Brasil como um dos poucos países capazes de fabricar, de maneira sustentável, um produto de grande demanda à base de uma matéria-prima genuinamente nacional, a cana.
 
“Durante a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos o mundo estará de olho no Brasil. Será uma ótima oportunidade para mostrar que a indústria canavieira tem know-how e expertise de primeiro mundo no que se refere ao avanço tecnológico e aos benefícios ambientais gerados pelo etanol, bioeletricidade, bioplásticos e, quem sabe, por estes novos tecidos mais adiante,” enfatiza o executivo da UNICA.
 
Além da cana, a proposta oferecida pela Move ao Governo Federal também incluiu outra matéria-prima largamente cultivada no País, a banana. Caso a ideia seja aprovada, a aplicação da tecnologia deverá ser relativamente rápida, visto que as técnicas necessárias para sua adoção vêm sendo desenvolvidas desde 2006 por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). Ainda não há prazo para uma decisão.
 
O processo de fabricação do novo tecido começou a ser estudado por um grupo conduzido pela professora do Curso de Têxtil e Moda da Universidade de São Paulo (USP), Silvia Aparecida da Costa, e por outro coordenado pelo professor Adalberto Pessoa Junior, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), também da USP.  Os cientistas desenvolveram uma técnica que extrai a celulose da cana para depois transformá-la em fibras que compõem o tecido final. Somados, os dois projetos receberam cerca de R$ 190 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
 
Negócio da China
 
Caso a utilização do tecido de cana ganhe escala comercial, a indústria têxtil nacional poderá ganhar mais competitividade, principalmente em relação aos produtos importados da China. A produção brasileira hoje enfrenta dificuldades para competir com o produto chinês, que chega ao Brasil a preços artificialmente reduzidos. “A possibilidade de criar produtos têxteis a partir da cana, uma matéria-prima nacional e de alto valor agregado, pode ser significativa no longo prazo,” afirma Szwarc.
 
Criada em 2010 para servir de canal de diálogo dos fabricantes de artigos esportivos junto ao Governo, a Move é composta por empresas nacionais e internacionais de artigos esportivos manufaturados. Conjuntamente, o setor gera faturamento anual de R$ 5 bilhões no mercado brasileiro. Fazem parte da associação as marcas Nike, Adidas, Puma, New Balance, Asics, Penalty, Reebok, Alpargatas e Skechers.