As tecnologias que permitem uma leitura mais precisa dos dados apurados por talhão, com uso de georreferenciamento, e o mapeamento mais detalhado de toda a propriedade agrícola, incorporando no processo a aplicação de insumos a taxas variáveis, a exemplo de corretivos e fertilizantes, segundo as necessidades do solo, já são vistas como “commodities” no setor agrícola, afirma José Paulo Molin, coordenador do Laboratório de Agricultura de Precisão (LAP) da Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’ da Universidade de São Paulo (Esalq/USP).
Pesquisa divulgada recentemente pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso (Famato), realizada pelo Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea), mostra que 42% dos produtores da maior região produtora de milho e soja do país utilizam a eletrônica embarcada como ferramenta de gestão da atividade agrícola, depois de um ciclo de cinco anos de intensa renovação do parque de máquinas. O percentual sobe para 54% na região oeste do Estado, que engloba municípios como Campos de Júlio, Campo Novo do Parecis e Sapezal, e para 52% no sudeste, onde estão Rondonópolis e Primavera do Leste, entre outros municípios.
Engenheiro agrônomo, Tiago Daniel Comiran ajuda o pai e o tio, Dirceu e Alceu Comiran, pela ordem, na exploração de 1,5 mil hectares de lavouras em Campos de Júlio, onde produzem soja, milho, girassol e sorgo. O parque de máquinas da fazenda incorpora duas colheitadeiras, três tratores e um distribuidor de adubos equipados com piloto automático, sistemas de geoposicionamento por satélite (GPS) e sensores que permitem dosar a adubação do solo, o lançamento de sementes e a aplicação de calcário.
O preparo do solo e o plantio seguem uma programação rigorosamente estabelecida a partir de análises das amostras do solo e dos mapas de produtividade gerados pelos sistemas que equipam as colheitadeiras. Softwares dedicados fazem o cruzamento dessas informações e orientam o trabalho de adubação a taxas variáveis, conforme as características do terreno. “Numa mesma linha de aplicação, o volume de adubo pode variar de 30 a 2 mil quilos. Assim conseguimos evitar o desperdício de recursos e o uso excessivo de insumos, otimizando a produtividade”, diz Tiago.
O piloto automático, alimentado com dados gerados pelas análises de solo, talhão a talhão, libera o operador da máquina para as atividades agrícolas mais estratégicas, melhorando sua eficiência, de acordo com o produtor. “Além disso, os softwares por trás dessa tecnologia nos permitem uma leitura exata do consumo de combustível, do gasto por hora¬máquina, das taxas de desempenho das sementes e da produtividade a cada palmo de chão”, complementa Tiago.
Ele estima que a agricultura de precisão trouxe um ganho de rendimento entre 30% e 40% na comparação com a exploração convencional, incluindo maior celeridade na área operacional, maior eficiência gerencial e ganhos ao longo de todo o processo econômico. “A tecnologia veio somando e contribuindo para ampliar a rentabilidade da operação”, afirma.
“Há seis anos não temos mais agricultura que não seja de precisão em nossas áreas”, confirma Ênio Jaime Fernandes Júnior, que explora, com o sócio George Fonseca Zaiden, perto de 4,45 mil hectares de soja, milho e cana em Rio Verde e Caiapônia, no sudoeste de Goiás, região que concentra a maior produção de grãos do Estado. O processo de coleta de amostras do solo, com uso de GPS, é realizado por uma empresa especializada e especialmente contratada para isso. Uma segunda empresa cuida das análises de solo e discute com os sócios a dosagem a ser inserida na programação dos equipamentos.
A frota dos sócios inclui pulverizadores autopropelidos com piloto automático e sistemas de fechamento de seção, que evitam perdas com duplicidade de aplicação numa mesma área. As colheitadeiras são equipadas igualmente com piloto automático e sistemas de mapeamento da colheita, sensores de produtividade, controle de umidade e de perdas de grãos. Tratores e um distribuidor de fertilizantes, todos com piloto automático e, no caso deste último, com controle computadorizado da aplicação do insumo, completam o maquinário.
“Todos os produtos, peças, dados e informações abastecem um sistema de gestão, instalado no escritório da fazenda, que nos ajuda na tomada de decisão mais rápida e em tempo real”, observa Fernandes Júnior. O próximo investimento, adianta ele, envolverá a aquisição de um tablet para anotações sobre as condições das lavouras in loco, com o objetivo de aprimorar o controle e manejo de pragas, doenças e ervas daninhas.
Os custos não são baixos e apenas um piloto automático, com computador e software incorporado, avalia Tiago Comiran, não sai por menos de R$ 40 mil a R$ 50 mil, sem incluir o maquinário. “Mas o investimento pode se pagar em uma safra e meia ou duas, a depender das condições anteriores e das deficiências prévias encontradas na fazenda”, comenta. Um distribuidor de fertilizantes com toda eletrônica embarcada, complementa Fernandes Júnior, custa em torno de R$ 550 mil e uma colheitadeira exige um desembolso de R$ 1,2 milhão a R$ 1,3 milhão. “Mas você nunca para de investir. Se eu ficasse três anos sem realizar investimentos, minha defasagem tecnológica seria tão grande que dificilmente conseguiria acompanhar o desenvolvimento do setor”, declara.
Professor da Esalq e presidente da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, órgão consultivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Paulo Molin estima que o custo em dólar do investimento em tecnologia embarcada, no Brasil, equivale a duas ou três vezes mais do que aquele exigido do produtor nos EUA.
Lidar com a variabilidade espacial da agricultura é um desafio ainda não superado pelo setor agrícola, indica Molin. A IBM vem buscando soluções nesta área e investe no desenvolvimento de projetos no Brasil e ao redor do mundo por meio da divisão IBM Research. Um primeiro projeto a se tornar público, segundo Bianca Zadrozny, gerente de Analytics em Recursos Naturais do Laboratório de Pesquisa da IBM Brasil, envolveu parceira com a E.&J. Gallo Winery, considerada a maior vinícola do mundo atualmente, com sede em Modesto, na Califórnia, região submetida a severo estresse hídrico.
Em grandes linhas, foi desenvolvido um sistema automatizado de fertirrigação, com maior eficiência no consumo de água e na aplicação de fertilizantes, combinando aplicações a taxas variáveis de nitrogênio e água em busca de ganhos de produtividade.
A área foi integralmente mapeada por satélite e as imagens processadas por softwares específicos, o que permitiu estabelecer um modelo de irrigação para tornar a produção mais uniforme.
Sensores instalados no solo, com sistemas de infravermelho, diz Bianca, fazem a leitura dos níveis de umidade e de desenvolvimento da biomassa em cada parte do terreno, mostrando o desenvolvimento das plantas. “Adotamos ainda modelos de previsão de tempo e temperatura para programar a aplicação de nitrogênio, evitando que o fertilizante seja carregado pela água das chuvas”. Como resultado, mostra Bianca, o projeto trouxe uma redução de 20% no consumo de água e ganhos de 10% a 20% em produtividade. “A aplicação de metodologias mais precisas de irrigação e fertilização permitiram um controle mais eficiente do desenvolvimento dos vinhedos, com a produção de uvas mais consistentes e de melhor qualidade”, aponta a especialista.
As tecnologias que permitem uma leitura mais precisa dos dados apurados por talhão, com uso de georreferenciamento, e o mapeamento mais detalhado de toda a propriedade agrícola, incorporando no processo a aplicação de insumos a taxas variáveis, a exemplo de corretivos e fertilizantes, segundo as necessidades do solo, já são vistas como “commodities” no setor agrícola, afirma José Paulo Molin, coordenador do Laboratório de Agricultura de Precisão (LAP) da Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’ da Universidade de São Paulo (Esalq/USP).
Pesquisa divulgada recentemente pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso (Famato), realizada pelo Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea), mostra que 42% dos produtores da maior região produtora de milho e soja do país utilizam a eletrônica embarcada como ferramenta de gestão da atividade agrícola, depois de um ciclo de cinco anos de intensa renovação do parque de máquinas. O percentual sobe para 54% na região oeste do Estado, que engloba municípios como Campos de Júlio, Campo Novo do Parecis e Sapezal, e para 52% no sudeste, onde estão Rondonópolis e Primavera do Leste, entre outros municípios.
Engenheiro agrônomo, Tiago Daniel Comiran ajuda o pai e o tio, Dirceu e Alceu Comiran, pela ordem, na exploração de 1,5 mil hectares de lavouras em Campos de Júlio, onde produzem soja, milho, girassol e sorgo. O parque de máquinas da fazenda incorpora duas colheitadeiras, três tratores e um distribuidor de adubos equipados com piloto automático, sistemas de geoposicionamento por satélite (GPS) e sensores que permitem dosar a adubação do solo, o lançamento de sementes e a aplicação de calcário.
O preparo do solo e o plantio seguem uma programação rigorosamente estabelecida a partir de análises das amostras do solo e dos mapas de produtividade gerados pelos sistemas que equipam as colheitadeiras. Softwares dedicados fazem o cruzamento dessas informações e orientam o trabalho de adubação a taxas variáveis, conforme as características do terreno. “Numa mesma linha de aplicação, o volume de adubo pode variar de 30 a 2 mil quilos. Assim conseguimos evitar o desperdício de recursos e o uso excessivo de insumos, otimizando a produtividade”, diz Tiago.
O piloto automático, alimentado com dados gerados pelas análises de solo, talhão a talhão, libera o operador da máquina para as atividades agrícolas mais estratégicas, melhorando sua eficiência, de acordo com o produtor. “Além disso, os softwares por trás dessa tecnologia nos permitem uma leitura exata do consumo de combustível, do gasto por hora¬máquina, das taxas de desempenho das sementes e da produtividade a cada palmo de chão”, complementa Tiago.
Ele estima que a agricultura de precisão trouxe um ganho de rendimento entre 30% e 40% na comparação com a exploração convencional, incluindo maior celeridade na área operacional, maior eficiência gerencial e ganhos ao longo de todo o processo econômico. “A tecnologia veio somando e contribuindo para ampliar a rentabilidade da operação”, afirma.
“Há seis anos não temos mais agricultura que não seja de precisão em nossas áreas”, confirma Ênio Jaime Fernandes Júnior, que explora, com o sócio George Fonseca Zaiden, perto de 4,45 mil hectares de soja, milho e cana em Rio Verde e Caiapônia, no sudoeste de Goiás, região que concentra a maior produção de grãos do Estado. O processo de coleta de amostras do solo, com uso de GPS, é realizado por uma empresa especializada e especialmente contratada para isso. Uma segunda empresa cuida das análises de solo e discute com os sócios a dosagem a ser inserida na programação dos equipamentos.
A frota dos sócios inclui pulverizadores autopropelidos com piloto automático e sistemas de fechamento de seção, que evitam perdas com duplicidade de aplicação numa mesma área. As colheitadeiras são equipadas igualmente com piloto automático e sistemas de mapeamento da colheita, sensores de produtividade, controle de umidade e de perdas de grãos. Tratores e um distribuidor de fertilizantes, todos com piloto automático e, no caso deste último, com controle computadorizado da aplicação do insumo, completam o maquinário.
“Todos os produtos, peças, dados e informações abastecem um sistema de gestão, instalado no escritório da fazenda, que nos ajuda na tomada de decisão mais rápida e em tempo real”, observa Fernandes Júnior. O próximo investimento, adianta ele, envolverá a aquisição de um tablet para anotações sobre as condições das lavouras in loco, com o objetivo de aprimorar o controle e manejo de pragas, doenças e ervas daninhas.
Os custos não são baixos e apenas um piloto automático, com computador e software incorporado, avalia Tiago Comiran, não sai por menos de R$ 40 mil a R$ 50 mil, sem incluir o maquinário. “Mas o investimento pode se pagar em uma safra e meia ou duas, a depender das condições anteriores e das deficiências prévias encontradas na fazenda”, comenta. Um distribuidor de fertilizantes com toda eletrônica embarcada, complementa Fernandes Júnior, custa em torno de R$ 550 mil e uma colheitadeira exige um desembolso de R$ 1,2 milhão a R$ 1,3 milhão. “Mas você nunca para de investir. Se eu ficasse três anos sem realizar investimentos, minha defasagem tecnológica seria tão grande que dificilmente conseguiria acompanhar o desenvolvimento do setor”, declara.
Professor da Esalq e presidente da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, órgão consultivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Paulo Molin estima que o custo em dólar do investimento em tecnologia embarcada, no Brasil, equivale a duas ou três vezes mais do que aquele exigido do produtor nos EUA.
Lidar com a variabilidade espacial da agricultura é um desafio ainda não superado pelo setor agrícola, indica Molin. A IBM vem buscando soluções nesta área e investe no desenvolvimento de projetos no Brasil e ao redor do mundo por meio da divisão IBM Research. Um primeiro projeto a se tornar público, segundo Bianca Zadrozny, gerente de Analytics em Recursos Naturais do Laboratório de Pesquisa da IBM Brasil, envolveu parceira com a E.&J. Gallo Winery, considerada a maior vinícola do mundo atualmente, com sede em Modesto, na Califórnia, região submetida a severo estresse hídrico.
Em grandes linhas, foi desenvolvido um sistema automatizado de fertirrigação, com maior eficiência no consumo de água e na aplicação de fertilizantes, combinando aplicações a taxas variáveis de nitrogênio e água em busca de ganhos de produtividade.
A área foi integralmente mapeada por satélite e as imagens processadas por softwares específicos, o que permitiu estabelecer um modelo de irrigação para tornar a produção mais uniforme.
Sensores instalados no solo, com sistemas de infravermelho, diz Bianca, fazem a leitura dos níveis de umidade e de desenvolvimento da biomassa em cada parte do terreno, mostrando o desenvolvimento das plantas. “Adotamos ainda modelos de previsão de tempo e temperatura para programar a aplicação de nitrogênio, evitando que o fertilizante seja carregado pela água das chuvas”. Como resultado, mostra Bianca, o projeto trouxe uma redução de 20% no consumo de água e ganhos de 10% a 20% em produtividade. “A aplicação de metodologias mais precisas de irrigação e fertilização permitiram um controle mais eficiente do desenvolvimento dos vinhedos, com a produção de uvas mais consistentes e de melhor qualidade”, aponta a especialista.