O número de negociadores de açúcar prevendo um viés de alta é o maior registrado desde outubro do ano passado. Especula-se que a queda dos preços do açúcar, alcançando a menor cotação em dois anos e meio, levará usineiros brasileiros a fabricar mais etanol e menos açúcar na próxima safra de cana.
Dez analistas entrevistados pela Bloomberg esta semana esperam que as cotações subam nesta semana, cinco preveem baixa, e um prevê cotações estáveis - a maior proporção de previsões de alta desde 26 de outubro. As perspectivas melhoraram depois que a cotação do açúcar caiu para 17,67 cents por libra em 15 de fevereiro, a menor desde agosto de 2010. Em 19 de fevereiro, o etanol brasileiro foi cotado com o maior prêmio sobre o açúcar desde abril de 2011, segundo a empresa de pesquisas suíça Kingsman.
A especulação de que haverá açúcar em excesso pelo terceiro ano consecutivo vem mantendo a cotação do produto em previsão de baixa desde setembro. A queda nas cotações faz com que seja mais lucrativo para usineiros do Brasil usar a cana-de-açúcar para produzir etanol em vez de açúcar quando a colheita em abril tiver início. Uma maior produção de etanol limitaria a oferta de açúcar num momento em que os portos brasileiros começam a ficar mais congestionados, o que pode atrasar exportações.
"É provável que os usineiros produzam mais etanol quando começar a colheita", diz Marcos Mine, gestor de risco da Usina Alta Mogiana, de São Joaquim da Barra (SP). A empresa vai destinar 40% de sua cana-de-açúcar para o etanol este ano, contra 32% no ano passado. "Próximo a 18 centavos a libra, já percebemos que a demanda começa a aumentar."
Cotação do açúcar
O açúcar bruto caiu para 18,19 cents (-6,8%) na bolsa ICE Futures de Nova York este ano, continuando uma série de dois anos de declínio. O índice GSCI da Standard & Poor (MXWD) para 24 commodities cresceu 1,7% desde o começo de janeiro, enquanto o Índice Global MSCI cresceu 3,7%. Papéis do tesouro perderam 0,8% segundo um índice do Bank of America.
O etanol hidratado, usado para abastecer os carros flex brasileiros, estava em 20,32 cents por libra em termos de açúcar-equivalente em 20 de fevereiro, afirmou por telefone Patrícia Luís-Manso, analista de etanol da Kingsman em Lausanne, Suíça. É um valor 12% maior do que os futuros de açúcar bruto negociados na ICE.
O prêmio do etanol em relação ao açúcar bruto era de 2,1 cents por libra em 19 de fevereiro, o maior desde 26 de abril de 2011, segundo Alessandra Rosete, analista da Kingsman em Santos (SP). Em 20 de fevereiro, caiu para 1,97 cents por libra.
O etanol hidratado aumentou 10% no Brasil em 2013, segundo Patrícia Luís-Manso. Os preços subiram junto com uma demanda maior causada por um salto nos preços da gasolina no Brasil, segundo Christoph Berg, diretor administrativo da F.O. Licht.
Portos congestionados
O volume de açúcar aguardando embarque nos principais portos do Brasil em 20 de fevereiro era de 1,48 milhão de toneladas métricas, de acordo com a agência Williams Serviços Marítimos. Para efeito de comparação, o volume era de 1,4 milhão de toneladas uma semana antes e de 396,6 mil toneladas um ano atrás (15/02/12), de acordo com os dados. Os portos estão ficando mais congestionados com grãos, o que pode atrasar embarques para exportação quando a safra começar a ser colhida.
Em 20 de fevereiro, 174 embarcações estavam agendadas para carregar 9,9 milhões de toneladas de grãos e oleaginosas nos portos brasileiros, de acordo com a agência Unimar Agenciamentos Marítimos e a consultoria SA Commodities, de Santos. Um ano antes, eram 84 navios, carregando 3,87 milhões de toneladas.
Com preços mais baixos, agricultores de países como a Índia e a Ucrânia podem vir a produzir menos açúcar e buscar retornos melhores em outras culturas, afirmou a Kingsman em relatório enviado por e-mail em 1º de fevereiro. A empresa disse que o excesso de oferta global cairá 51% na temporada 2013-2014, que começa em 1º de outubro.
Demanda global
A produção no centro-sul do Brasil, maior região produtiva do país, ainda vai escalar para um recorde na próxima temporada, de acordo com a Kingsman. E quando começar a colheita, os preços do etanol provavelmente cairão, segundo Patrícia Luís-Manso.
"O etanol está acima do açúcar por motivos específicos, mas os preços cairão quando começar a moagem", disse. Isso porque a cana, no começo da colheita, normalmente contém menos sacarose, levando os usineiros a fabricar mais etanol.
A oferta global irá superar a demanda em 6,6 milhões de toneladas em 2012-2013, elevando os estoques para 66,02 milhões de toneladas, o nível mais alto em cinco anos, segundo estimativa do Rabobank em relatório enviado por e-mail em 14 de fevereiro.
O clima nas últimas duas semanas esteve favorável aos plantios de cana na maior região produtora brasileira, segundo Marco Antônio dos Santos, agrônomo da Somar Meteorologia, em relatório enviado por e-mail em 20 de fevereiro. Os níveis de umidade do solo estão criando "condições excelentes" para o crescimento e a concentração de açúcar na planta, acrescentou.
Gestores financeiros mantinham uma posição líquida curta de 25.301 futuros e opções de açúcar bruto negociados na ICE em 12 de fevereiro, a maior desde setembro de 2007, conforme dados da U.S. Commodity Futures Trading Commission. É a quarta semana seguida em que eles apostaram numa baixa dos preços, contra uma posição líquida longa de 143.577 contratos em 28 de fevereiro do ano passado.
Preço médio
O açúcar perdeu 50% em relação aos 36,08 cents registrados em fevereiro de 2011, maior cotação em 30 anos, mas as cotações atuais estão cerca de 11% abaixo da média dos últimos cinco anos. Em relatório de 10 de fevereiro, o Grupo Goldman Sachs declarou esperar que a commodity seja negociada a 18,50 cents daqui a três meses e suba para 19 cents daqui a um ano.
Em 18 de fevereiro, o prêmio do açúcar branco, ou refinado, sobre a variedade bruta alcançou o maior valor desde outubro, conforme dados compilados pela Bloomberg. O açúcar branco negociado em Londres caiu para US$ 505 (-3,6%) a tonelada este ano, baixa menor que a do açúcar bruto. Isso pode indicar que os compradores estão aproveitando as cotações baixas, afirmou Nick Penney, negociador sênior da Sucden Financial, de Londres.
O número de negociadores de açúcar prevendo um viés de alta é o maior registrado desde outubro do ano passado. Especula-se que a queda dos preços do açúcar, alcançando a menor cotação em dois anos e meio, levará usineiros brasileiros a fabricar mais etanol e menos açúcar na próxima safra de cana.
Dez analistas entrevistados pela Bloomberg esta semana esperam que as cotações subam nesta semana, cinco preveem baixa, e um prevê cotações estáveis - a maior proporção de previsões de alta desde 26 de outubro. As perspectivas melhoraram depois que a cotação do açúcar caiu para 17,67 cents por libra em 15 de fevereiro, a menor desde agosto de 2010. Em 19 de fevereiro, o etanol brasileiro foi cotado com o maior prêmio sobre o açúcar desde abril de 2011, segundo a empresa de pesquisas suíça Kingsman.
A especulação de que haverá açúcar em excesso pelo terceiro ano consecutivo vem mantendo a cotação do produto em previsão de baixa desde setembro. A queda nas cotações faz com que seja mais lucrativo para usineiros do Brasil usar a cana-de-açúcar para produzir etanol em vez de açúcar quando a colheita em abril tiver início. Uma maior produção de etanol limitaria a oferta de açúcar num momento em que os portos brasileiros começam a ficar mais congestionados, o que pode atrasar exportações.
"É provável que os usineiros produzam mais etanol quando começar a colheita", diz Marcos Mine, gestor de risco da Usina Alta Mogiana, de São Joaquim da Barra (SP). A empresa vai destinar 40% de sua cana-de-açúcar para o etanol este ano, contra 32% no ano passado. "Próximo a 18 centavos a libra, já percebemos que a demanda começa a aumentar."
Cotação do açúcar
O açúcar bruto caiu para 18,19 cents (-6,8%) na bolsa ICE Futures de Nova York este ano, continuando uma série de dois anos de declínio. O índice GSCI da Standard & Poor (MXWD) para 24 commodities cresceu 1,7% desde o começo de janeiro, enquanto o Índice Global MSCI cresceu 3,7%. Papéis do tesouro perderam 0,8% segundo um índice do Bank of America.
O etanol hidratado, usado para abastecer os carros flex brasileiros, estava em 20,32 cents por libra em termos de açúcar-equivalente em 20 de fevereiro, afirmou por telefone Patrícia Luís-Manso, analista de etanol da Kingsman em Lausanne, Suíça. É um valor 12% maior do que os futuros de açúcar bruto negociados na ICE.
O prêmio do etanol em relação ao açúcar bruto era de 2,1 cents por libra em 19 de fevereiro, o maior desde 26 de abril de 2011, segundo Alessandra Rosete, analista da Kingsman em Santos (SP). Em 20 de fevereiro, caiu para 1,97 cents por libra.
O etanol hidratado aumentou 10% no Brasil em 2013, segundo Patrícia Luís-Manso. Os preços subiram junto com uma demanda maior causada por um salto nos preços da gasolina no Brasil, segundo Christoph Berg, diretor administrativo da F.O. Licht.
Portos congestionados
O volume de açúcar aguardando embarque nos principais portos do Brasil em 20 de fevereiro era de 1,48 milhão de toneladas métricas, de acordo com a agência Williams Serviços Marítimos. Para efeito de comparação, o volume era de 1,4 milhão de toneladas uma semana antes e de 396,6 mil toneladas um ano atrás (15/02/12), de acordo com os dados. Os portos estão ficando mais congestionados com grãos, o que pode atrasar embarques para exportação quando a safra começar a ser colhida.
Em 20 de fevereiro, 174 embarcações estavam agendadas para carregar 9,9 milhões de toneladas de grãos e oleaginosas nos portos brasileiros, de acordo com a agência Unimar Agenciamentos Marítimos e a consultoria SA Commodities, de Santos. Um ano antes, eram 84 navios, carregando 3,87 milhões de toneladas.
Com preços mais baixos, agricultores de países como a Índia e a Ucrânia podem vir a produzir menos açúcar e buscar retornos melhores em outras culturas, afirmou a Kingsman em relatório enviado por e-mail em 1º de fevereiro. A empresa disse que o excesso de oferta global cairá 51% na temporada 2013-2014, que começa em 1º de outubro.
Demanda global
A produção no centro-sul do Brasil, maior região produtiva do país, ainda vai escalar para um recorde na próxima temporada, de acordo com a Kingsman. E quando começar a colheita, os preços do etanol provavelmente cairão, segundo Patrícia Luís-Manso.
"O etanol está acima do açúcar por motivos específicos, mas os preços cairão quando começar a moagem", disse. Isso porque a cana, no começo da colheita, normalmente contém menos sacarose, levando os usineiros a fabricar mais etanol.
A oferta global irá superar a demanda em 6,6 milhões de toneladas em 2012-2013, elevando os estoques para 66,02 milhões de toneladas, o nível mais alto em cinco anos, segundo estimativa do Rabobank em relatório enviado por e-mail em 14 de fevereiro.
O clima nas últimas duas semanas esteve favorável aos plantios de cana na maior região produtora brasileira, segundo Marco Antônio dos Santos, agrônomo da Somar Meteorologia, em relatório enviado por e-mail em 20 de fevereiro. Os níveis de umidade do solo estão criando "condições excelentes" para o crescimento e a concentração de açúcar na planta, acrescentou.
Gestores financeiros mantinham uma posição líquida curta de 25.301 futuros e opções de açúcar bruto negociados na ICE em 12 de fevereiro, a maior desde setembro de 2007, conforme dados da U.S. Commodity Futures Trading Commission. É a quarta semana seguida em que eles apostaram numa baixa dos preços, contra uma posição líquida longa de 143.577 contratos em 28 de fevereiro do ano passado.
Preço médio
O açúcar perdeu 50% em relação aos 36,08 cents registrados em fevereiro de 2011, maior cotação em 30 anos, mas as cotações atuais estão cerca de 11% abaixo da média dos últimos cinco anos. Em relatório de 10 de fevereiro, o Grupo Goldman Sachs declarou esperar que a commodity seja negociada a 18,50 cents daqui a três meses e suba para 19 cents daqui a um ano.
Em 18 de fevereiro, o prêmio do açúcar branco, ou refinado, sobre a variedade bruta alcançou o maior valor desde outubro, conforme dados compilados pela Bloomberg. O açúcar branco negociado em Londres caiu para US$ 505 (-3,6%) a tonelada este ano, baixa menor que a do açúcar bruto. Isso pode indicar que os compradores estão aproveitando as cotações baixas, afirmou Nick Penney, negociador sênior da Sucden Financial, de Londres.