Tendências climáticas para a temporada atual

12/07/2016 Cana-de-Açúcar POR: Andréia Vital – Revista Canavieiros – Edição 120
O engenheiro agrônomo e consultor técnico, Oswaldo Alonso, deu uma entrevista exclusiva para a Canavieiros e fala sobre os possíveis efeitos do clima na lavoura canavieira. Confira:
Revista Canavieiros: O clima tem impactado o desenvolvimento dos canaviais positivamente até o momento?
Oswaldo Alonso: Antes mesmo de oferecer respostas às questões formuladas pela Revista Canavieiros, deve-se lembrar que a safra em andamento é resultante de, pelo menos, quatro safras anteriores, admitindo-se, como desejável, a média de cinco cortes de iguais áreas de colheita.
Neste período de (mais de) quatro safras anteriores (ou anos), estes canaviais estiveram, também, sujeitos a efeitos externos à atividade, como o desarranjo financeiro mundial em 2009 e fortes restrições ao crédito e à política interna aos preços dos combustíveis fósseis (gasolina, por exemplo) para o controle da inflação.
Deste último (política governamental), o “tiro saiu pela culatra”, mas acertou em cheio produtores de cana, de etanol e de bens duráveis industriais, que sentiram seus efeitos prejudiciais, os quais remuneravam, quando muito, os custos diretos da atividade. Este desarranjo levou ao empobrecimento tecnológico destas atividades, esticando número de cortes, reduzindo investimentos em manutenção em canaviais e nas indústrias de açúcar, etanol e nas de base.
Quase se chegou a um sucateamento generalizado, não fossem a cogeração de energia em muitas delas e as ações diretas de cooperativas de produtores e de associações de indústrias para esticar ou buscar recursos financeiros. As indústrias de base, então, quase desapareceram.
Logo, a presente safra carrega estes traumas técnico-econômicos, na verdade mais econômicos que técnicos, pois, as renovações foram reduzidas, resultando em canaviais envelhecidos e muitos deles sem a total aplicação dos recomendáveis tratos culturais. Soma-se a isso, nos meses finais de safra, o manejo de colheita - quase que totalmente  mecanizada e em solos ainda úmidos
- deixando, para esta safra, significativas áreas comprometidas por pisoteios e grandes falhas.
Somente um bom tempo e recursos financeiros para amenizar os efeitos resultantes, até que ocorram equilíbrios agrícola e industrial.
Esta é uma das razões que se espera do clima, considerado como responsável por quase 50% de todos os fatores de produção. Voltando à questão inicial, antes do início efetivo desta safra, o clima foi muito bom até finalzinho de março, quando as chuvas cessaram quase de vez durante abril até meados de maio, para a Grande Região de Ribeirão Preto e todo o estado de São Paulo, exceto a região Sudoeste (Araçatuba e Presidente Prudente, sem a região de Assis), que anotou significativos volumes de chuvas ao final de abril. Outro impacto negativo foi o rigor térmico, pois em quase todos os dias ocorreram temperaturas máximas ao redor dos 33° C.
Revista Canavieiros: Quais serão as principais influências do fenômeno La Niña nos canaviais?
Oswaldo Alonso: O fenômeno La Niña está no início, mas com previsões um tanto diversas de semanas anteriores, pois a SOMAR Meteorologia, da qual a Canaoeste é conveniada, prevê que teremos junho (a conferir durante a Feira de Agronegócios) com chuvas acima das respectivas normais climáticas para todo o mês somente na primeira quinzena, reduzindo quase pela metade na segunda quinzena; idem em julho, mas com 50% das chuvas de junho e, durante agosto, possíveis repiques de chuvas, também acima das médias do mês. Para a Região Centro-Sul do Brasil, os volumes de chuvas serão crescentes, à medida que alcançam o Vale do Paranapanema e dos estados de
Mato Grosso do Sul e Paraná.
Para maiores confiabilidades, as influências do La Niña para os meses seguintes serão dadas a conhecer nas edições da Revista Canavieiros.
Revista Canavieiros: Os produtores devem se preocupar com as tendências climáticas para os próximos meses? 
Oswaldo Alonso: Diria que devem se programar para tirar maiores proveitos possíveis das previsões, sempre evitando “lutar” contra a natureza, concentrando colheitas nas segundas quinzenas de junho e julho, que poderão ser menos chuvosas, e protegendo as brotações de frios intensos, afastando a
palhada das linhas de cana.
Revista Canavieiros: Com relação à temperatura, quais são as tendências? 
E consequências para o canavial? Há possibilidade de geadas nos próximos meses?
Oswaldo Alonso: Entradas de massas polares - baixas temperaturas – ocorrerão entre os meses de junho e julho. Possíveis geadas poderão acontecer, mas, com absoluta certeza, apenas (menos que) uma semana antes de suas ocorrências.
Revista Canavieiros: Há previsão de aumento da incidência de florescimento?
Oswaldo Alonso: Pelas nossas observações e informações recebidas, o florescimento nesta safra está “atrasado” - apenas apontando as folhas bandeiras. A forte estiagem de meados de março até o início de abril segurou o desenvolvimento vegetativo dos canaviais, bem como o das inflorescências, mesmo em regiões, ao final de março, que evidenciavam potencial de florescimento. É necessário aguardar mais duas a três semanas para se ter um dado mais realista.
Revista Canavieiros: A baixa intensidade das chuvas pode ser um fator negativo para o desenvolvimento da cana?
Oswaldo Alonso: Umidade do solo abaixo da metade da capacidade de campo já se torna negativa ao desenvolvimento, em face da retração do sistema radicular.
O mesmo ocorre com a temperatura, pois temperaturas ambientes inferiores a 17-18° C paralisam o crescimento de canaviais adultos e reduzem o dos mais jovens (brotações iniciais). Capacidade de campo é parâmetro de umidade de solo quando se encontra com teor máximo que o solo possa reter, sem percolar.
Revista Canavieiros: Se o La Niña trouxer uma seca severa, a produtividade agrícola deverá cair e poderá melhorar o ATR?
Oswaldo Alonso: Nestes casos, sempre que houver estiagens, o desenvolvimento vegetativo será reduzido, com consequente ganho em ATR.  Mas, alertando até, é melhor deixar para colher em meses mais secos, via de regra, de meados de julho a meados de setembro – nem sempre o ganho de ATR compensa perdas em produtividade. Consulte sempre os técnicos Canaoeste ou através do Fale Conosco, pois receberá informações mais precisas de como se comportam as diferentes variedades.
Revista Canavieiros: Quais medidas preventivas os agricultores devem tomar para evitarem perdas por secas?
Oswaldo Alonso: A resposta anterior é uma das medidas a serem tomadas. Além desta, a Canaoeste tem sempre recomendado que evitem lutar contra a natureza, efetuando operações de plantios e de tratos culturais com qualidade e nas épocas certas, a fim de se evitarem levantes de torrões, pois estes aceleram o dessecamento do solo e aumentam as falhas de plantios e de soqueiras. 
O engenheiro agrônomo e consultor técnico, Oswaldo Alonso, deu uma entrevista exclusiva para a Canavieiros e fala sobre os possíveis efeitos do clima na lavoura canavieira. Confira:


 
Revista Canavieiros: O clima tem impactado o desenvolvimento dos canaviais positivamente até o momento?
 
Oswaldo Alonso: Antes mesmo de oferecer respostas às questões formuladas pela Revista Canavieiros, deve-se lembrar que a safra em andamento é resultante de, pelo menos, quatro safras anteriores, admitindo-se, como desejável, a média de cinco cortes de iguais áreas de colheita.
Neste período de (mais de) quatro safras anteriores (ou anos), estes canaviais estiveram, também, sujeitos a efeitos externos à atividade, como o desarranjo financeiro mundial em 2009 e fortes restrições ao crédito e à política interna aos preços dos combustíveis fósseis (gasolina, por exemplo) para o controle da inflação.
Deste último (política governamental), o “tiro saiu pela culatra”, mas acertou em cheio produtores de cana, de etanol e de bens duráveis industriais, que sentiram seus efeitos prejudiciais, os quais remuneravam, quando muito, os custos diretos da atividade. Este desarranjo levou ao empobrecimento tecnológico destas atividades, esticando número de cortes, reduzindo investimentos em manutenção em canaviais e nas indústrias de açúcar, etanol e nas de base.
Quase se chegou a um sucateamento generalizado, não fossem a cogeração de energia em muitas delas e as ações diretas de cooperativas de produtores e de associações de indústrias para esticar ou buscar recursos financeiros. As indústrias de base, então, quase desapareceram.
Logo, a presente safra carrega estes traumas técnico-econômicos, na verdade mais econômicos que técnicos, pois, as renovações foram reduzidas, resultando em canaviais envelhecidos e muitos deles sem a total aplicação dos recomendáveis tratos culturais. Soma-se a isso, nos meses finais de safra, o manejo de colheita - quase que totalmente  mecanizada e em solos ainda úmidos - deixando, para esta safra, significativas áreas comprometidas por pisoteios e grandes falhas.
Somente um bom tempo e recursos financeiros para amenizar os efeitos resultantes, até que ocorram equilíbrios agrícola e industrial.
Esta é uma das razões que se espera do clima, considerado como responsável por quase 50% de todos os fatores de produção. Voltando à questão inicial, antes do início efetivo desta safra, o clima foi muito bom até finalzinho de março, quando as chuvas cessaram quase de vez durante abril até meados de maio, para a Grande Região de Ribeirão Preto e todo o estado de São Paulo, exceto a região Sudoeste (Araçatuba e Presidente Prudente, sem a região de Assis), que anotou significativos volumes de chuvas ao final de abril. Outro impacto negativo foi o rigor térmico, pois em quase todos os dias ocorreram temperaturas máximas ao redor dos 33° C.


 
Revista Canavieiros: Quais serão as principais influências do fenômeno La Niña nos canaviais?
 
Oswaldo Alonso: O fenômeno La Niña está no início, mas com previsões um tanto diversas de semanas anteriores, pois a SOMAR Meteorologia, da qual a Canaoeste é conveniada, prevê que teremos junho (a conferir durante a Feira de Agronegócios) com chuvas acima das respectivas normais climáticas para todo o mês somente na primeira quinzena, reduzindo quase pela metade na segunda quinzena; idem em julho, mas com 50% das chuvas de junho e, durante agosto, possíveis repiques de chuvas, também acima das médias do mês. Para a Região Centro-Sul do Brasil, os volumes de chuvas serão crescentes, à medida que alcançam o Vale do Paranapanema e dos estados de Mato Grosso do Sul e Paraná.
Para maiores confiabilidades, as influências do La Niña para os meses seguintes serão dadas a conhecer nas edições da Revista Canavieiros.

 
Revista Canavieiros: Os produtores devem se preocupar com as tendências climáticas para os próximos meses? 
 
Oswaldo Alonso: Diria que devem se programar para tirar maiores proveitos possíveis das previsões, sempre evitando “lutar” contra a natureza, concentrando colheitas nas segundas quinzenas de junho e julho, que poderão ser menos chuvosas, e protegendo as brotações de frios intensos, afastando a
palhada das linhas de cana.
 
Revista Canavieiros: Com relação à temperatura, quais são as tendências? E consequências para o canavial? Há possibilidade de geadas nos próximos meses?
 
Oswaldo Alonso: Entradas de massas polares - baixas temperaturas – ocorrerão entre os meses de junho e julho. Possíveis geadas poderão acontecer, mas, com absoluta certeza, apenas (menos que) uma semana antes de suas ocorrências.

 
Revista Canavieiros: Há previsão de aumento da incidência de florescimento?
 
Oswaldo Alonso: Pelas nossas observações e informações recebidas, o florescimento nesta safra está “atrasado” - apenas apontando as folhas bandeiras. A forte estiagem de meados de março até o início de abril segurou o desenvolvimento vegetativo dos canaviais, bem como o das inflorescências, mesmo em regiões, ao final de março, que evidenciavam potencial de florescimento. É necessário aguardar mais duas a três semanas para se ter um dado mais realista.

 
Revista Canavieiros: A baixa intensidade das chuvas pode ser um fator negativo para o desenvolvimento da cana?
 
Oswaldo Alonso: Umidade do solo abaixo da metade da capacidade de campo já se torna negativa ao desenvolvimento, em face da retração do sistema radicular.
O mesmo ocorre com a temperatura, pois temperaturas ambientes inferiores a 17-18° C paralisam o crescimento de canaviais adultos e reduzem o dos mais jovens (brotações iniciais). Capacidade de campo é parâmetro de umidade de solo quando se encontra com teor máximo que o solo possa reter, sem percolar.

 
Revista Canavieiros: Se o La Niña trouxer uma seca severa, a produtividade agrícola deverá cair e poderá melhorar o ATR?
 
Oswaldo Alonso: Nestes casos, sempre que houver estiagens, o desenvolvimento vegetativo será reduzido, com consequente ganho em ATR.  Mas, alertando até, é melhor deixar para colher em meses mais secos, via de regra, de meados de julho a meados de setembro – nem sempre o ganho de ATR compensa perdas em produtividade. Consulte sempre os técnicos Canaoeste ou através do Fale Conosco, pois receberá informações mais precisas de como se comportam as diferentes variedades.

 
Revista Canavieiros: Quais medidas preventivas os agricultores devem tomar para evitarem perdas por secas?

 
Oswaldo Alonso: A resposta anterior é uma das medidas a serem tomadas. Além desta, a Canaoeste tem sempre recomendado que evitem lutar contra a natureza, efetuando operações de plantios e de tratos culturais com qualidade e nas épocas certas, a fim de se evitarem levantes de torrões, pois estes aceleram o dessecamento do solo e aumentam as falhas de plantios e de soqueiras.