Tomada de decisões no agronegócio por mulheres já representa 10%

08/03/2015 Cana-de-Açúcar POR: Expresso MT - Aprosoja
A participação das mulheres nas tomadas de decisões no agronegócio brasileiro já representa 10%. O índice revela uma evolução – e revolução – no campo em pouco mais de duas décadas: de 1991 até 1998 elas estavam em apenas 1% de cargos de gestão e administração das propriedades rurais.
 
O cenário começou a mudar a partir do biênio 2003/2004, quando o percentual saltou de 1% para 3%. Em 2009/2010, a participação feminina passou para 7%. Esta última guinada, de 10%, é relativa ao biênio 2013/2014. Os dados estão na 6ª edição da Pesquisa Comportamental e Hábitos de Mídia do Produtor Rural Brasileiro, realizada pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMR&A).
 
Na Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), a participação feminina também é crescente. Entre os delegados, por exemplo, as mulheres passaram de 4% para 7% do total. Em 2010, eram 125 delegados, sendo cinco mulheres. Em 2014, dos 143, dez eram mulheres. A escolha, vale lembrar, é feita por meio de voto dos associados, que são eleitos para representar os produtores nas quatro regiões de Mato Grosso.
 
Delegada coordenadora da Aprosoja em Tangará da Serra e gerente administrativa da Fazenda Sulina Sementes, Eloiza Zuconelli, acredita que a participação das mulheres vai além da gestão do agronegócio.
 
“As esposas dos produtores que desbravaram Mato Grosso tiveram papel fundamental na administração da casa e dos filhos. Elas enfrentaram todo tipo de desafio que aparecia e acompanharam seus maridos por amor a eles e aos filhos, sem vacilar. Talvez a história tivesse sido diferente se os pilares de sustentação desses homens não fossem essas mulheres, acompanhando-os para o que desse e viesse, sem medir esforços. Essas são as verdadeiras guerreiras”, diz.
 
Resistência - Filha de um desses “desbravadores”, a também delegada coordenadora de Campos de Júlio, contadora e pós-graduada em Agronegócio, Cleia Tomé, 33 anos, cita dificuldade e sofrimento na história familiar.
 
“Meu irmão tinha cinco anos e eu oito meses quando meus pais, mais alguns familiares, se mudaram de Santa Catarina para Mato Grosso. Chegamos em Campos no dia 21 de junho de 1982 e nos instalamos em Alto Juruena, onde estamos até nos dias atuais. Enfrentamos dificuldades, sofrimentos, mas superamos. Graças à força de vontade, fé, coragem, empenho, determinação e união de toda minha família”.
 
Do ponto de vista profissional, Cleia, que ao lado do pai, irmão e primo administra a Fazenda Nossa Senhora Aparecida-Tomé e Filhos, lembra a resistência masculina no início.
 
“No agro, homens e mulheres podem e são capazes de desempenhar as mesmas funções, com a mesma responsabilidade. Enfrentei uma certa resistência no início, por ser mulher, por não acreditarem que seria capaz de distinguir um rolamento de um parafuso, mas hoje em dia não é mais assim. Sou feliz e realizada no meu trabalho. Creio que hoje as mulheres acreditam mais em si próprias e os homens também sabem da capacidade de administrar das mulheres. Não se trata de uma competição, mas, sim, de compartilhar conhecimento, trocar informações”.
 
O perfil persistente de Cleia faz com que, na vida pessoal, ela também quebre paradigmas: no dia 1º de março deste ano, participou de seu primeiro campeonato de Fuscacross, uma espécie de “rally com fuscas”.
 
“Fiz minha estreia em Sapezal. A maioria dos pilotos são homens, de 27, havia apena duas mulheres. Esses pilotos trabalham com mecânica, retífica, peças, sendo assim nos divertimos e não saio do mundo agro”, diz.
 
Sem comodismo – Em seu segundo mandato como delegada coordenadora de Campo Novo do Parecis, a administradora de empresas e pós-graduada em Gestão, Giovana Velke, analisa que as dificuldades das mulheres vão além do campo. 
 
“As dificuldades estão em todos os lugares, mas no campo ainda existe um certo preconceito, pois a maioria dos funcionários é formada por homens, e eles têm uma certa desconfiança da nossa capacidade. Mas hoje já encontramos agrônomas competentíssimas que estão disputando o mercado de igual para igual. Algumas já buscam profissões com operadoras de máquinas e podem perfeitamente executar as tarefas”.
 
Sem pessimismo, Giovana adiciona ao perfil desafiador e persistente da mulher, o fato de o campo ter, ao longo dos anos, passado por mudanças fundamentais.
 
“As mulheres guerreiras estão fazendo a diferença em todos os setores da sociedade, pois o comodismo está tomando conta de tudo, e quando alguém se propõe a fazer a diferença logo consegue se destacar dos outros.  A "vida no campo" melhorou muito também: tem energia, água encanada, telefone, TV por assinatura, internet e bons salários. Acho que com mais incentivo ainda, as mulheres poderão ocupar vagas de operadoras, tratoristas e colhedoras e não mais só cargos de escritórios e cantinas”, avalia Giovana.
A participação das mulheres nas tomadas de decisões no agronegócio brasileiro já representa 10%. O índice revela uma evolução – e revolução – no campo em pouco mais de duas décadas: de 1991 até 1998 elas estavam em apenas 1% de cargos de gestão e administração das propriedades rurais.
 
O cenário começou a mudar a partir do biênio 2003/2004, quando o percentual saltou de 1% para 3%. Em 2009/2010, a participação feminina passou para 7%. Esta última guinada, de 10%, é relativa ao biênio 2013/2014. Os dados estão na 6ª edição da Pesquisa Comportamental e Hábitos de Mídia do Produtor Rural Brasileiro, realizada pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMR&A).
 
Na Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), a participação feminina também é crescente. Entre os delegados, por exemplo, as mulheres passaram de 4% para 7% do total. Em 2010, eram 125 delegados, sendo cinco mulheres. Em 2014, dos 143, dez eram mulheres. A escolha, vale lembrar, é feita por meio de voto dos associados, que são eleitos para representar os produtores nas quatro regiões de Mato Grosso.
 
Delegada coordenadora da Aprosoja em Tangará da Serra e gerente administrativa da Fazenda Sulina Sementes, Eloiza Zuconelli, acredita que a participação das mulheres vai além da gestão do agronegócio.
 
“As esposas dos produtores que desbravaram Mato Grosso tiveram papel fundamental na administração da casa e dos filhos. Elas enfrentaram todo tipo de desafio que aparecia e acompanharam seus maridos por amor a eles e aos filhos, sem vacilar. Talvez a história tivesse sido diferente se os pilares de sustentação desses homens não fossem essas mulheres, acompanhando-os para o que desse e viesse, sem medir esforços. Essas são as verdadeiras guerreiras”, diz.
 
Resistência - Filha de um desses “desbravadores”, a também delegada coordenadora de Campos de Júlio, contadora e pós-graduada em Agronegócio, Cleia Tomé, 33 anos, cita dificuldade e sofrimento na história familiar.
 
“Meu irmão tinha cinco anos e eu oito meses quando meus pais, mais alguns familiares, se mudaram de Santa Catarina para Mato Grosso. Chegamos em Campos no dia 21 de junho de 1982 e nos instalamos em Alto Juruena, onde estamos até nos dias atuais. Enfrentamos dificuldades, sofrimentos, mas superamos. Graças à força de vontade, fé, coragem, empenho, determinação e união de toda minha família”.
 
Do ponto de vista profissional, Cleia, que ao lado do pai, irmão e primo administra a Fazenda Nossa Senhora Aparecida-Tomé e Filhos, lembra a resistência masculina no início.
 
“No agro, homens e mulheres podem e são capazes de desempenhar as mesmas funções, com a mesma responsabilidade. Enfrentei uma certa resistência no início, por ser mulher, por não acreditarem que seria capaz de distinguir um rolamento de um parafuso, mas hoje em dia não é mais assim. Sou feliz e realizada no meu trabalho. Creio que hoje as mulheres acreditam mais em si próprias e os homens também sabem da capacidade de administrar das mulheres. Não se trata de uma competição, mas, sim, de compartilhar conhecimento, trocar informações”.
 
O perfil persistente de Cleia faz com que, na vida pessoal, ela também quebre paradigmas: no dia 1º de março deste ano, participou de seu primeiro campeonato de Fuscacross, uma espécie de “rally com fuscas”.
 
“Fiz minha estreia em Sapezal. A maioria dos pilotos são homens, de 27, havia apena duas mulheres. Esses pilotos trabalham com mecânica, retífica, peças, sendo assim nos divertimos e não saio do mundo agro”, diz.
 
Sem comodismo – Em seu segundo mandato como delegada coordenadora de Campo Novo do Parecis, a administradora de empresas e pós-graduada em Gestão, Giovana Velke, analisa que as dificuldades das mulheres vão além do campo. 
 
“As dificuldades estão em todos os lugares, mas no campo ainda existe um certo preconceito, pois a maioria dos funcionários é formada por homens, e eles têm uma certa desconfiança da nossa capacidade. Mas hoje já encontramos agrônomas competentíssimas que estão disputando o mercado de igual para igual. Algumas já buscam profissões com operadoras de máquinas e podem perfeitamente executar as tarefas”.
 
Sem pessimismo, Giovana adiciona ao perfil desafiador e persistente da mulher, o fato de o campo ter, ao longo dos anos, passado por mudanças fundamentais.
 
“As mulheres guerreiras estão fazendo a diferença em todos os setores da sociedade, pois o comodismo está tomando conta de tudo, e quando alguém se propõe a fazer a diferença logo consegue se destacar dos outros.  A "vida no campo" melhorou muito também: tem energia, água encanada, telefone, TV por assinatura, internet e bons salários. Acho que com mais incentivo ainda, as mulheres poderão ocupar vagas de operadoras, tratoristas e colhedoras e não mais só cargos de escritórios e cantinas”, avalia Giovana.