Treinamento transforma ex-cortador em operador de modernas máquinas
24/07/2012
Agricultura
POR: Valor Econômico
Equipar as lavouras com máquinas sofisticadas determinou novos parâmetros para a formação de mão de obra. "O maior desafio é transformar o cortador em um operador. Treinando-o em equipamentos modernos e que exigem um grau de cuidado e conhecimento que ele nunca precisou ter", explica Genésio Lemos Couto, diretor de pessoas e organização da ETH Bioenergia.
O esforço, no entanto, vale a pena. Estudo da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo aponta que o menor incremento de salário para os profissionais envolvidos com a lavoura canavieira nos últimos anos foi de 28%. Quem deixou o corte manual para operar tratores ou colhedoras viu a renda, no mínimo, dobrar, segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). "Cada máquina exige 18 novas funções, que vão desde o operador até o mecânico", explica Maria Luiza Barbosa, gerente de responsabilidade social e corporativa da Unica.
A ETH Bionergia investiu R$ 10 milhões na última safra em programas de capacitação e aposta na formação global dos profissionais da área de bioenergia. "Temos de preparar líderes para atuar na melhora contínua do desempenho de suas equipes", diz Couto. Na ETH são 800 líderes de frente, cada um cuidando de 28 pessoas e de um ativo de R$ 6 milhões.
Na Raízen, 80% dos trabalhadores que operam o maquinário vieram do trabalho rural manual. Em média, a empresa possui 20 pessoas para cada colhedora, incluindo quem ainda opera atividades manuais inevitáveis. Desde 2008, preparou 1,5 mil trabalhadores. Só na última safra (2011/2012), 268 mecânicos e 312 operadores de colhedoras foram formados pela empresa. Neste ano, a meta é capacitar 417 profissionais.
A continuidade da carreira é o que mais motiva Ricardo Bergamasco, 29 anos e mecânico na Usina São Martinho. Para aumentar a renda e aprender mais, ele decidiu dedicar parte de seu tempo ao curso de mecânico da companhia, evolução natural para o operador de colhedora. Deixou o comando de sua máquina para se dedicar ao apoio especializado no campo. "Com o conhecimento que tenho da operação, posso identificar problemas rapidamente, corrigi-los no campo e garantir que a produtividade não seja afetada", conclui.
O operador de colhedora Alessandro Fernandes, explica com orgulho sua trajetória: "Minha renda mais que dobrou".