Efeitos da Macroeconomia: as notícias aqui não são boas. Dólar subindo, quase perto de R$ 2,30, inflação fora da meta, estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) mostra que a perda de valor do BNDES caiu 38% com perdas na bolsa e dividendos ao Governo, visando trazer mais equilíbrio às contas. Seguem os protestos de todos os lados paralisando o país, enfim, a herança maldita do governo Luiz Inácio Lula da Silva apareceu. A má gestão mais cedo ou mais tarde aparece, como um vazamento. Neste caso, está vazando de todos os lados e começo a temer que a presidente terá muita dificuldade de conduzir o que resta do seu mandato. Para tristeza minha e de todos nós.
Vejam a foto abaixo da matéria que saiu no importante jornal alemão De Spiegel. O encanto do mundo com o Brasil terminou, e todos clamam por mudanças. O interessante é que agora a mídia mundial finalmente entendeu as razões para isto, ligadas à má gestão e à corrupção. Legado do governo do PT, afinal, contra números e indicadores, não tem blá blá blá.
Aprendizado de Viagem: Fiz uma palestra em Campo Florido (MG). Belo trabalho feito lá pela Associação dos Produtores de Cana e pelas usinas. Bonito circular na região e ver os pastos que foram convertidos em cana, espalhando o desenvolvimento por todos os lados.
Cana: Segundo a Unica (União da Industria de Cana-de-açúcar), até 01 de junho, tinham sido processadas 116 milhões de toneladas no Centro-Sul, o que é um número bem superior às 70 milhões de toneladas do ano anterior. Cerca de 42% foi destinado a açúcar, uma grande diferença em relação ao ciclo anterior (48%). O ATR está em 121,45 kg/tonelada, 5,8% acima do ano passado. Mas foi bom ver que na última quinzena de maio, o ATR foi 12% superior ao mesmo período do ano passado (132kg). Ou seja, uma cana melhor neste ano. O preço é que está muito baixo, principalmente pelo fator negativo do açúcar. Mesmo com este preço baixo, o valor bruto da produção de cana (tonelada x preço) deve alcançar R$ 47,8 bilhões na safra atual, contra R$ 43,5 bilhões no ciclo anterior. Um crescimento de quase 10%.
Etanol: O consumo de etanol, ainda que tardiamente, por conta da demora de repasse de preços nos postos, vem reagindo. Em maio, foram vendidos pelas usinas 2,08 bilhões de litros, um crescimento de 26% em relação ao mesmo mês de 2012. O consumo de anidro (770 milhões) já é de quase 40% a mais que o mês anterior, reflexo da também tardia, mas salutar volta da mistura a 25%. O hidratado que poderia estar mais forte, vendeu 1,06 bilhão de litros e cresceu quase 8% em relação ao mesmo mês do ano anterior, fruto, mais uma vez, da demora na redução dos preços nos postos. Devemos lembrar que a frota atual pode consumir até 2 bilhões de litros por mês. Cálculos feitos pelo Plinio Nastari, indicam que um consumo de 300 milhões de litros de hidratado a mais por mês, ajudam a tirar 5,75 milhões de toneladas de açúcar do mercado mundial, contribuindo para influenciar nos preços.
Pessoas Canavieiras (homenagem do mês): Este mês queria fazer uma homenagem especial justamente ao Plinio Nastari. Que profissional, no sentido exato da palavra. Sempre um prazer ouví-lo e aprender com ele.
Vida nos EUA: Aqui nos EUA fiz apresentação sobre o agro brasileiro a grandes produtores rurais, e fica sempre aquele entusiasmo com o que estamos fazendo, mostrei imagens da conversão de terras no MAPITOBA e ficaram impressionados. Ao final, um produtor americano fez um comentário que esteve em Barreiras e Luiz Eduardo Magalhães, e as piores fazendas que viu foram as administradas pelos americanos. É algo que sempre digo a vocês, nossa agricultura tem um respeito incrível aqui nos EUA, joga na primeira divisão. Pena que nosso governo esteja aquém, sendo de segunda divisão. Continuo aqui usando apenas etanol de milho. Vejam que foto legal da bomba da BP.
Haja limão: A Petrobras importou, de janeiro a maio de 2013, US$ 18,42 bilhões em combustíveis, contra US$ 14,26 bilhões em 2012, no mesmo período. Pesa a favor da Petrobras o aumento da mistura de anidro para 25%, o que reduz em cerca de 30% as importações diárias de cerca de 70 mil barris de gasolina. A situação seria muito pior com a mistura de 20%. Desde 2008, com a redução e eliminação da CIDE (Contibuição de Intervenção no Domínio Econômico) na gasolina, o Governo deixou de arrecadar R$ 22 bilhões a serem investidos no transporte, principalmente. Está aí a consequência desta política que ajudou a prejudicar o etanol. Chega de limão no mês...
MARCOS FAVA NEVES é professor titular de planejamento e estratégia na FEA/USP Campus Ribeirão Preto e coordenador científico do Markestrat. Em 2013 é Professor Visitante Internacional da Purdue University.