Um novo ano cauteloso se aproxima

21/02/2013 Noticias do Sistema POR: Revista Canavieiros - Ed.79 - janeiro 2012
Fernanda Clariano
O ano de 2012 chegou ao fim com um aumento acima da expectativa na renovação dos canaviais e para 2013, a expectativa é de que o setor restabeleça uma ordem natural de retomada de crescimento. Para falar sobre o que significou 2012 para o Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred e o que esperam de 2013, o presidente da Copercana e da Sicoob Cocred, Antonio Eduardo Tonielo e o presidente da Canaoeste e diretor da Sicoob Cocred e Copercana, Manoel Carlos de Azevedo Ortolan concederam entrevista à Revista Canavieiros. Acompanhe!

 
Antonio Eduardo Tonielo
Revista Canavieiros - Para a Copercana e a Sicoob Cocred, como foi o ano de 2012 e quais as projeções para esse ano que inicia? 
Antonio Tonielo - Acredito que 2012 foi um ano muito bom para a Copercana, inauguramos lojas, departamentos, supermercado, e em termos de faturamento foi um ano excelente em que batemos recorde. Tenho certeza que o ano que passou também não foi ruim para o produtor, tanto na área da cana-de-açúcar, quanto na área de grãos, foi um ano em que se aproveitou muito os preços e todos os produtores tiveram boa remuneração dos seus produtos, mas um novo ano está aí e a gente não sabe o que vai acontecer. Existe um movimento muito forte devido ao excesso de cana-de-açúcar, de produção de soja, de milho, mas tudo isso é especulação. Se o produtor tiver paciência ele vai ter um ano bom, é claro que não vai ser um ano como 2012, mas será um ano de bons preços. Talvez com mais dificuldades, porém, não será difícil de atravessar, só é preciso ter cautela.  
 
 
Revista Canavieiros - O setor sucroenergético e a indústria de Sertãozinho passaram por períodos de desconforto e insegurança. Em 2013, o senhor acredita que haverá mudanças e de onde elas virão? 
Antonio Tonielo - Eu penso que grandes mudanças não acontecerão, mas acredito que Sertãozinho atravessou um ano complicado. Uma safra atrasada, demora na manutenção e apesar disso tudo, estamos em janeiro e todas as empresas estão trabalhando com força total. Tenho certeza que muitos funcionários foram contratados, teremos bastante serviços pela frente e muito a oferecer para nossas indústrias de base, que é onde têm sustentação com as reformas das usinas.


Revista Canavieiros - Em relação ao governo, o senhor acredita que haverá mais incentivo para o setor, o que podemos esperar?
Antonio Tonielo - O setor está apenas precisando que o governo não atrapalhe, não é nem a questão de incentivar. Eles estão vendo que estão fazendo as coisas erradas e não querem “dar o braço a torcer”, mas em algum momento terá que parar e repensar no que estão fazendo. Eles sabem que o setor é forte, de muito emprego e de muita arrecadação. Eles precisam tomar uma posição inclusive em curto prazo, pois a safra esse ano começa mais cedo e o governo precisa tomar uma atitude para que as indústrias não fiquem na mesma situação como em 2012.


Revista Canavieiros - Como a Copercana e a Sicoob Cocred pretendem trabalhar com os cooperados, qual será o respaldo que eles terão?
Antonio Tonielo - A Copercana e a Sicoob Cocred continuará fazendo o que sempre fez que é aprimorar os seus negócios, oferecendo melhores condições, melhores prazos, melhores preços, melhor assistência técnica, para trazer ao cooperado uma maior estabilidade e renda, essa é a função das cooperativas.


Revista Canavieiros - Quais os pontos bons e os pontos ruins de 2012?
Antonio Tonielo – Tivemos bastante pontos ruins no ano que se passou. Acredito que o único fator positivo que marcou o ano de 2012 foi a melhoria de financiamento, isso foi muito importante tanto para as usinas de etanol quanto para o produtor, que teve financiamento para que pudesse plantar e adubar mais, e é por esse motivo que os canaviais hoje estão mostrando bons resultados.Em contrapartida tivemos uma maior queda de preço do açúcar, maior queda do etanol e isso não foi bom. Quando isso acontece, é ruim não só para a indústria, mas para todo o setor e principalmente para nossa região.

 
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan
Revista Canavieiros - Para a Canaoeste e a Sicoob Cocred, como foi o ano de 2012 e já que 2013 esta aí, tem alguma projeção para esse ano que inicia? 
Manoel Ortolan - Em termos de resultados nós devemos ter um ano parecido com o de 2012. A tendência no caso da Canaoeste e também da Sicoob Cocred, que parte do seu movimento é ligada ao setor rural, pesa para nós a questão da produção de cana-de-açúcar, que já é esperada uma produção maior na região Centro-Sul. 
Temos a perspectiva de exportar um pouco mais de etanol e no mercado interno não devemos ter muita alteração. Devemos produzir também uma quantidade maior de açúcar e os preços deverão se manter dentro do que está hoje. 
Talvez teremos uma melhoria, mas não muito expressiva, na questão do preço do etanol, pois sabemos que o atual preço não remunera e está trazendo uma falta de estímulo muito grande, visto que muitas unidades produtoras de etanol foram fechadas e outras já estão a caminho de fechar. Isso é ruim porque traz o desemprego, redução da renda, colocando alguns municípios em situação difícil. Mas para nós, produtores de cana-de-açúcar, acredito que em termos de resultados, devemos ficar próximos do que tivemos em 2012, que não foi um ano de prejuízos. 

 
Revista Canavieiros - Para que o setor sucroenergético trabalhe com tranquilidade o que é preciso ser feito?
Manoel Ortolan - O principal ponto é a questão do etanol. O setor está se desmontando em função da situação do etanol que realmente não remunera mais na situação atual. Se o governo não imprimir alguma política pública como o aumento no preço da gasolina para que o etanol possa subir e também políticas no sentido de desoneração de impostos, o setor vai continuar numa situação difícil porque são muitas unidades que dependem exclusivamente da produção de etanol. Por esse motivo eu acredito que na safra 2013/14, o setor irá reduzir seu potencial em termos de número de unidades processadoras e a cana-de-açúcar acabará sendo absorvida pelas usinas que estão mais próximas.


Revista Canavieiros - O setor sucroenergético e a indústria de Sertãozinho, passaram por  um período de desconforto, o senhor acredita em grandes mudanças em 2013?
Manoel Ortolan - Ainda não. Só vou acreditar em grandes mudanças na medida em que alguma coisa mudar no setor em relação ao etanol. Sertãozinho, a exemplo de Piracicaba, tem um parque industrial muito forte, muito grande, mas que tem no setor sucroalcooleiro sua sustentação maior. Se usinas estão sendo fechadas, isso significa que essas unidades deixarão de reformar, de modernizar e isso aponta para menos serviço, emprego e mais dificuldades, porque a demanda por serviços será menor. Não se fala em construção de novas unidades, lembrando que entre 2005 e 2011, foram construídas mais de 100 unidades industriais.


Revista Canavieiros - Como a Canaoeste e a Sicoob Cocred pretendem trabalhar com os cooperados, qual será o respaldo que eles terão? 
Manoel Ortolan - A Sicoob Cocred diversificou sua linha de atuação porque ela era uma cooperativa de crédito restrita a produtores rurais e hoje, engloba pequenos e microempresários e alguns profissionais liberais e por isso, ela ampliou o seu quadro associativo, incorporou co-operativas, crescendo de uma maneira sustentável. Em relação à Canaoeste, recomendamos cautela ao produtor porque ainda enxergamos na região, dificuldades em algumas unidades industriais. Já tivemos aqui, o fechamento da usina Albertina e, em Ribeirão Preto, já não tem mais nenhuma unidade industrial. Sabemos que hoje, em nossa região, temos usinas que estão com sérias dificuldades. 
Enfim, o setor está concentrando, o que não é muito bom, mas é o caminho e nós os fornecedores estamos trabalhando para modernizar e nos adaptarmos a nova realidade da colheita e do plantio mecanizado. A cana-de-açúcar tinha uma tradição, tinha um sistema tradicional de cultivo e está sendo todo reformulado em função da mecanização. 
Este sistema de mecanização irá provocar uma reestruturação no campo, pois para mecanizar pequenas propriedades é muito difícil e o forte da região de abrangência da Canaoeste são pequenos produtores e pequenas propriedades, então o nosso esforço vai ser no sentido de fazer um arranjo com esses produtores para que eles possam continuar produzindo, mas para isso terá que mudar o jeito de trabalhar. Estamos também trabalhando na expansão de nova área de atuação.


Revista Canavieiros - Quais os pontos bons e os pontos ruins de 2012?
Manoel Ortolan - Uma das coisas boas para nós, é que já começamos a ver um canavial melhor do que nos anos anteriores. Passamos por anos com muitas dificuldades, nos canaviais, partindo de um ano extremamente chuvoso para dois anos muito secos, pragas, geadas, uma situação onde tudo que poderia acontecer de ruim para o canavial aconteceu. Já em 2012, as coisas começaram a melhorar em termos de clima, principalmente no período de moagem. Houve chuva no início, que foi bom para garantir a brotação da soqueira, depois o tempo firmou favorecendo a maturação e a colheita. Colhemos mais do que o estimado. Com isso, produzimos mais açúcar, mais etanol e, conseguimos praticamente colher toda a cana, restando pouca cana bisada. O que teve de bom então foi que o clima nos favoreceu um pouco, o canavial melhorou e conseguimos produzir um pouco mais. A produção maior de açúcar e etanol na safra 2012/2013, fez com que os preços caíssem, inclusive o preço da cana. Isso não foi bom. Para a safra 2013/2014 vamos produzir mais, mas o setor tem a possibilidade de exportação de etanol para os Estados Unidos que talvez permita que consigamos equilibrar o mercado interno, a exportação de açúcar e quem sabe manter os preços nos níveis atuais.