Um passo, ainda tímido, para salvar o etanol
01/05/2013
Etanol
POR: Assessoria de Imprensa do Sescoop/SP
A crise do petróleo no período levou os pesquisadores do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), de São José dos Campos (SP), a pedido do governo federal, a desenvolver o protótipo brasileiro. O que para muitos representaria um sonho impossível de se alcançar virou realidade e garantiu ao Brasil pioneirismo na possibilidade de adoção de uma nova matriz energética sustentável, muito tempo antes de as questões climáticas se transformarem em pauta mundial.
O reconhecimento da importância dos veículos movidos a álcool ganhou força a partir de 2003 com o lançamento dos motores "flex fuel", que invadiram o mercado e possibilitaram aos donos de automóveis a escolha da melhor opção para abastecimento. A tecnologia ganhou força, conquistou as motos e já vem sendo utilizada em pequenas aeronaves. O período marca a retomada do entusiasmo com a nova matriz energética, refletindo no aumento de investimentos nas usinas produtoras de etanol, com a participação de grandes players internacionais.
A época de bonança e otimismo cedeu lugar à desaceleração do setor a partir da crise de 2008. Os investimentos foram minguando. Algumas usinas, altamente endividadas, fecharam as portas e a política governamental de privilegiar a gasolina tirou de vez o ânimo dos produtores de etanol. A remuneração do etanol também perdeu força. A demanda do mercado internacional por açúcar fez as usinas apostarem no produto, que chegou a alcançar remuneração 150% maior do que o etanol.
Os passos recentes do governo federal sinalizam que o setor pode voltar a ganhar força. O anúncio do fim do PIS e da Cofins para o etanol traz algum alívio. Nesse primeiro momento, garante a recuperação de uma parte da margem dos lucros e traz um pouco de fôlego para as usinas. O etanol deve ainda ganhar vigor internacional com a quebra da safra de milho norte-americana no ano passado, que provocou prejuízos e afetou a produção de álcool dos EUA.
Mas, para avançar com passos firmes e realmente transformar o etanol em uma importante matriz energética nacional, o setor precisa ter a garantia de regras claras e a certeza de que o produto não vai perder espaço por conta dos privilégios à gasolina. O subsídio à gasolina, além de ser nocivo ao erário público, prejudica o setor sucroalcooleiro e a economia do país.
Nosso pioneirismo já provou ao mundo que podemos contribuir para que nossas máquinas poluam menos o ar das cidades. Com o etanol, o Brasil pode até vender créditos de carbono. Para tanto, as empresas precisam continuar investindo forte em desenvolvimento tecnológico, promovendo o aumento de produtividade e redução de custos. O gerenciamento deve caminhar cada vez mais para a profissionalização, buscando soluções que tragam retornos expressivos para o setor.
O fim do PIS e da Cofins no etanol é um início, mas o governo pode fazer bem mais por essa matriz energética que qualquer país do mundo gostaria de ter.
Texto extraído do Portal Cenário MT