Uma conversa ao pé do fogo!

07/08/2013 Geral POR: Revista Canavieiros
José Mario Paro * 
Noite de 03 de julho 2013. Enquanto escrevo este artigo, ao som de suave música ao fundo, vêm-me à mente as atividades que realizei hoje: foi um dia diferente, em que fugi à minha rotina.
Pela manhã, cumpri algumas pequenas tarefas. Em casa, almocei com minha esposa e no início da tarde despachei alguns papéis; fiz e recebi umas poucas ligações e depois dediquei-me a ler e ouvir música - dois de meus maiores prazeres.
Ao acaso, fui ouvindo algumas das minhas músicas favoritas, entre elas as do extraordinário CD de Pena Branca e Xavantinho, Cio da Terra, que, no dizer de seu produtor, “o escutar cuidadoso deste CD torna fértil o coração, faz a gente bem”.
Ouvi também o excelente CD Buena Vista Social Club, música cubana de raiz, uma consagração de uma geração de músicos que à época – 1998 – tinham entre 70 e 91 anos de idade e que estavam esquecidos em sua pátria, Cuba, dispersos, sobrevivendo de expedientes vários. “Era para nunca ter acontecido. Mas aconteceu” (a gravação), nas palavras de um dos organizadores.
A tarde escorreu suave e preguiçosa. E assim vou chegando aos 70! Nada de viagens exóticas - como cruzar a América Latina de motocicleta. Ou a prática de esportes radicais, como escalar o Aconcágua!
Apenas e tão somente a paz e a mansidão do lar. E a sensação do dever cumprido.
Quando folheava alguns livros, deparei-me com um que prendeu minha atenção: Retratos da Imigração Italiana no Brasil, de Ângelo Iacocca, Editora Brasileira de Arte e Cultura, 2011.
Meus bisavós maternos e paternos eram italianos e aportaram no Brasil na década de 1890. Originários de Treviso, Vêneto, norte da Itália, como milhares de outros, para cá vieram fugindo da miséria e até mesmo da fome, que grassava na Itália de então, de norte a sul, aos menos bafejados pela sorte. 
Eram pequenos agricultores e para cá vieram em busca de um novo viver. Começaram como colonos, nas fazendas de café da região, substituindo a mão de obra escrava. Foi assim que minha família, como tantas outras, iniciou sua saga em nosso país.
Não por acaso, a foto acima traz meus pais ao fundo. Presto-lhes esta homenagem, pois tudo o que sou e tenho devo a eles e, em nome deles, homenageio os pequenos agricultores brasileiros, para quem, não raro, nossa pátria tem sido madrasta.
Em janeiro de 2013, ao dar o titulo de Novos Rumos à matéria de então, antecipei, de forma cifrada, que buscava novos ares, especialmente ao transcrever trecho do Profeta Zaratustra: “novos caminhos sigo; nova fala me empolga; como todos os criadores cansei-me das velhas linguagens.  Não quer mais o meu espírito caminhar com solas gastas”.
Explicando melhor: de uns tempos para cá, com a ajuda de meus familiares, dos meus colaboradores e de pessoas amigas, venho trabalhando num projeto pessoal: buscar ajustar o foco de minha vida para quando chegasse aos 70 anos de idade, que espero, completarei no final deste mês (julho). Sinto que muitas das coisas que fiz com gosto por muitos anos, já não me motivam mais. “Não quer mais o meu espírito caminhar com solas gastas”. Seria isto?
De fato, ando buscando novos horizontes. Mas sem pressa, como no dizer de Pena Branca e Xavantinho, na toada mineira Moda de Viola, no citado CD Cio da Terra: “vou tocando esta vidinha/do melhor jeito e maneira/estou sem pressa de matar/esta vida passageira/toda calma que eu tiver/vou gastar devagarinho/quando vou para um lugar/dou cem vórtas no caminho”.
Agradeço aos fieis leitores que manifestaram sua expectativa de que eu continuasse a escrever para a Canavieiros. Não sei dizer se poderei atendê-los – pelo menos não regularmente.  
Em 2012, assumi o compromisso de escrever todo mês, o que não me foi fácil cumprir. Isto porque, já há algum tempo, não escrevo mais como técnico e sim como cronista. Ou como contador de estórias. E para tal, tem que se ter inspiração. As palavras têm que fluir naturalmente, vindas de algum recôndito lugar da mente, o que não ocorre com data e hora marcada.
Mas sentirei falta do contato com meus leitores. Imaginei escrever quando a inspiração chegar. E desde que, é claro, haja espaço na revista.
Vou ficando por aqui. Aos leitores que quiserem obsequiar-me com algumas palavras, deixo o meu e-mail: diretoria.jmparo@terra.com.br.  
* José Mario Paro é Diretor Adjunto da Canaoeste e Conselheiro da SICOOB COCRED.
José Mario Paro * 
Noite de 03 de julho 2013. Enquanto escrevo este artigo, ao som de suave música ao fundo, vêm-me à mente as atividades que realizei hoje: foi um dia diferente, em que fugi à minha rotina.
Pela manhã, cumpri algumas pequenas tarefas. Em casa, almocei com minha esposa e no início da tarde despachei alguns papéis; fiz e recebi umas poucas ligações e depois dediquei-me a ler e ouvir música - dois de meus maiores prazeres.
Ao acaso, fui ouvindo algumas das minhas músicas favoritas, entre elas as do extraordinário CD de Pena Branca e Xavantinho, Cio da Terra, que, no dizer de seu produtor, “o escutar cuidadoso deste CD torna fértil o coração, faz a gente bem”.
Ouvi também o excelente CD Buena Vista Social Club, música cubana de raiz, uma consagração de uma geração de músicos que à época – 1998 – tinham entre 70 e 91 anos de idade e que estavam esquecidos em sua pátria, Cuba, dispersos, sobrevivendo de expedientes vários. “Era para nunca ter acontecido. Mas aconteceu” (a gravação), nas palavras de um dos organizadores.
A tarde escorreu suave e preguiçosa. E assim vou chegando aos 70! Nada de viagens exóticas - como cruzar a América Latina de motocicleta. Ou a prática de esportes radicais, como escalar o Aconcágua!
Apenas e tão somente a paz e a mansidão do lar. E a sensação do dever cumprido.
Quando folheava alguns livros, deparei-me com um que prendeu minha atenção: Retratos da Imigração Italiana no Brasil, de Ângelo Iacocca, Editora Brasileira de Arte e Cultura, 2011.
Meus bisavós maternos e paternos eram italianos e aportaram no Brasil na década de 1890. Originários de Treviso, Vêneto, norte da Itália, como milhares de outros, para cá vieram fugindo da miséria e até mesmo da fome, que grassava na Itália de então, de norte a sul, aos menos bafejados pela sorte. 
Eram pequenos agricultores e para cá vieram em busca de um novo viver. Começaram como colonos, nas fazendas de café da região, substituindo a mão de obra escrava. Foi assim que minha família, como tantas outras, iniciou sua saga em nosso país.
Não por acaso, a foto acima traz meus pais ao fundo. Presto-lhes esta homenagem, pois tudo o que sou e tenho devo a eles e, em nome deles, homenageio os pequenos agricultores brasileiros, para quem, não raro, nossa pátria tem sido madrasta.
Em janeiro de 2013, ao dar o titulo de Novos Rumos à matéria de então, antecipei, de forma cifrada, que buscava novos ares, especialmente ao transcrever trecho do Profeta Zaratustra: “novos caminhos sigo; nova fala me empolga; como todos os criadores cansei-me das velhas linguagens.  Não quer mais o meu espírito caminhar com solas gastas”.
Explicando melhor: de uns tempos para cá, com a ajuda de meus familiares, dos meus colaboradores e de pessoas amigas, venho trabalhando num projeto pessoal: buscar ajustar o foco de minha vida para quando chegasse aos 70 anos de idade, que espero, completarei no final deste mês (julho). Sinto que muitas das coisas que fiz com gosto por muitos anos, já não me motivam mais. “Não quer mais o meu espírito caminhar com solas gastas”. Seria isto?
De fato, ando buscando novos horizontes. Mas sem pressa, como no dizer de Pena Branca e Xavantinho, na toada mineira Moda de Viola, no citado CD Cio da Terra: “vou tocando esta vidinha/do melhor jeito e maneira/estou sem pressa de matar/esta vida passageira/toda calma que eu tiver/vou gastar devagarinho/quando vou para um lugar/dou cem vórtas no caminho”.
Agradeço aos fieis leitores que manifestaram sua expectativa de que eu continuasse a escrever para a Canavieiros. Não sei dizer se poderei atendê-los – pelo menos não regularmente.  
Em 2012, assumi o compromisso de escrever todo mês, o que não me foi fácil cumprir. Isto porque, já há algum tempo, não escrevo mais como técnico e sim como cronista. Ou como contador de estórias. E para tal, tem que se ter inspiração. As palavras têm que fluir naturalmente, vindas de algum recôndito lugar da mente, o que não ocorre com data e hora marcada.
Mas sentirei falta do contato com meus leitores. Imaginei escrever quando a inspiração chegar. E desde que, é claro, haja espaço na revista.
Vou ficando por aqui. Aos leitores que quiserem obsequiar-me com algumas palavras, deixo o meu e-mail: diretoria.jmparo@terra.com.br.  
* José Mario Paro é Diretor Adjunto da Canaoeste e Conselheiro da SICOOB COCRED.