Por: Marino Guerra
A podridão abacaxi é uma doença que atinge o canavial, principalmente no período de plantio, onde o fungo Thielaviopsis paradoxa presente no solo se aproveita de cortes ou ferimentos dos toletes para entrar e reduzir em até 50% o número de brotação e derrubar a produtividade em 42%.
Partindo desse conhecimento, o pesquisador do departamento de Proteção Vegetal da FCA/Unesp (campus Botucatu-SP), prof. dr. Carlos Gilberto Raetano, desenvolveu um ensaio com o objetivo de testar a eficácia de algumas formas de manejo da doença.
Claro que dentre os experimentos haveria a observação de um defensivo, sendo o escolhido um fungicida cujo o princípio ativo é a piracostrobina (Comet).
Uma segunda forma de se prevenir a podridão abacaxi é acelerar a brotação e seu crescimento inicial. Dessa forma foram realizados também testes de um produto agroprotetivo à base de quaternário de amônio, com destaque para o ácido salicílico (SerquinutriProctegeh), o qual, segundo o pesquisador, é um dos agentes químicos mais eficientes quando se busca fortalecer a defesa da planta.
O trabalho foi executado no dia 31 de maio de 2019 em vasos com capacidade de dois litros, tendo a RB867515 (com baixa resistência à doença) como a variedade escolhida.
Foram feitos quatro tipos de tratamento e aqui cada um foi repetido cinco vezes. As caldas foram compostas da seguinte maneira: T1 – Testemunha, T2 – Somente Fungicida, T3 – Somente Nutrição e T4 – Fungicida + Nutrição.
A inoculação dos fungos foi realizada antes do plantio das gemas e os tratamentos pulverizados logo em seguida, com os sulcos abertos e numa concentração de calda de 150 litros por hectare (vale lembrar que na mistura do tratamento 4, as doses foram reduzidas à metade da aplicação recomendada).
Pensando na época em que a podridão abacaxi ganha maior força, ou seja, no déficit hídrico, num cenário de pouca chuva pós-plantio foi simulada uma lâmina de 34 mm por mês e temperatura variando entre 15 e 25ºC.
O principal resultado do trabalho surgiu 45 dias após o plantio. Ao observar o foco, que é a porcentagem de brotação, o ensaio onde foi misturado o fungicida adicionado ao agroprotetivo registrou um nascimento de 85%.
Os vasos cujas aplicações foram com cada produto da mistura aplicados separadamente obtiveram o mesmo resultado: 65% de brotação.
Diante de tal desempenho, o pesquisador concluiu que houve um efeito de sinergia, tendo a possibilidade do princípio ativo do defensivo ter agido além de suas propriedades fungicidas, isso porque outros estudos mostram que a piraclostrobina pode atuar na redução de produção de etileno na planta, composto que está ligado diretamente com o surgimento de sintomas da podridão abacaxi, além da confirmação de que a presença do quaternário de amônio aliado ao ácido salicílico garantiu seu rápido e forte crescimento inicial, desempenho que era possível ser observado antes mesmo dos 30 dias do plantio.
Segundo o diretor de Pesquisa & Desenvolvimento da Serquímica, José Tadeu Sebastião, os resultados positivos confirmam o que a empresa vem percebendo em plantios comerciais, buscando a prevenção de doenças causadas pelos cortes e/ou ferimentos nos toletes de plantio.
Fonte: Revista Canavieiros