Uma seca impactante

31/08/2012 Colunista POR: Revista Canavieiros - Ed74 - agosto de 2012
Por: Marcos Fava Neves

O mês: não bastasse o aumento do consumo mundial, fomos surpreendidos com a mais violenta seca nos últimos 50 anos nos EUA. A gravidade aumentou, já afetando 37% das propriedades e 43% da área agrícola.Também enfrentam secas as produções de Índia, Rússia, Ucrânia e Cazaquistão, trazendo reflexos para mais de uma safra e mudanças de políticas públicas e estratégias privadas nas organizações. São impactos, primários, secundários, de curto, médio e longo prazo, de diferentes magnitudes e relevância ao Brasil. No geral, os impactos são todos positivos, tirando um risco que temos...
O maior risco ao preços para os produtores no Brasil é a pressão para se reduzir os mandatos de mistura de biocombustíveis na gasolina em diversos países, mais notadamente nos EUA, onde a pressão de grupos contrários ao etanol é forte para liberar milho para a alimentação, o que traria grave impacto as indústrias de etanol. Torçamos para que isto não aconteça, no fundo o Brasil perde. A boa notícia é que abriu-se ótima janela para mandarmos etanol nosso, reconhecido como combustível avançado, aos EUA.
Empresas: neste mês tive a oportunidade de visitar a ETH, um dos grupos que mais investiu no negócio sucroenergético. Seguem firmes na meta de chegar a 40 milhões de toneladas de cana processadas. Vem fazendo um trabalho consistente e resistindo às tempestades sucroenergéticas.
Pessoas Canavieiras (homenagem): quero dedicar um carinho especial ao meu professor Caetano Ripoli, da ESALQ. O grande Caetano, de brilhante carreira acadêmica, filho do nosso saudoso Romeu Italo Ripoli, ex-presidente do XV de Piracicaba, que fez história nos anos 70 e 80, e pai do Marco Ripoli, jovem já com doutorado e excelente carreira como executivo na John Deere. Caetano, uma pessoa que sempre escreve e fala o que pensa, de muitos assuntos e muitos livros, e que ajudou muito nas pesquisas de mecanização no setor de cana. Devemos muita produtividade ao amigo Caetano, e particularmente desejo que se anime, pois tem muita coisa pela frente.
Aprendizado de Viagem: neste mês o convite para uma palestra aos produtores de algodão em Chapadão do Sul (MS). Fiquei encantado com o que vi. Planejadas, largas e arborizadas avenidas, praça da catedral com academia ao ar livre, calçadas grandes e verdadeiras e muita gente indo trabalhar de bicicleta. Com os diversificados agro-dólares trazidos pela soja, milho, algodão, pecuária, Usinas de cana e muitas outras atividades, surgem supermercados, revendas de automóveis, academias, restaurantes, hotéis, escritórios, explosão imobiliária (planejada). É o dinheiro do agro se espalhando por inúmeros empregos e gerando desenvolvimento.Uma delícia ver e sentir o Brasil da produção, este que silenciosamente sustenta o Brasil do mensalão.
Mercado de Cana: tivemos declarações interessantes do presidente do BNDES e da presidente da Petrobrás que o negócio de cana precisa voltar a crescer, mas não são as pessoas que resolvem. Também de que finalmente a gasolina vai subir de preços. Porém, passou mais um mês e nenhuma das medidas necessárias foi tomada. Resta esperar que uma possível escassez de gasolina no final do ano, devido as dificuldades logísticas de importação e aumento do consumo sensibilize politicamente o Governo Federal, pois aí a população vai gritar.
Haja limão: este mês estamos lotados de assuntos para tratar na parte do “haja limão”. Tive que selecionar dois deles. A refinaria Abreu e Lima da Petrobrás e a greve dos caminhoneiros.
Como pode uma obra ficar nove vezes mais cara que o orçamento inicial, três vezes mais cara que similares internacionais, que o nosso parceiro venezuelano na refinaria não tenha aportado um parafuso sequer. Em relação à greve dos caminhoneiros, tem gente que parece não estar sintonizada com as necessidades do Brasil. Não estou aqui criticando os caminhoneiros, que trabalham dia e noite para mover este Brasil, mas quem elaborou a lei será que foi ouvir os caminhoneiros ou fizeram de gabinetes refrigerados? Será que estes caminhoneiros não preferem dar uma esticada de 3 a 4 dias de trabalho forte para depois passar dois a três dias com a família? Fazer 11 horas de descanso onde... em um posto de gasolina destes precários? Será que quem escreveu não pensou no impacto nos custos de transporte para quem produz, no impacto para a inflação no Brasil? Que absoluta falta de prioridade, que falta de agenda, que falta de foco. Tem coisas mais importantes para resolver no Brasil. 
Até a próxima!
O mês: não bastasse o aumento do consumo mundial, fomos surpreendidos com a mais violenta seca nos últimos 50 anos nos EUA. A gravidade aumentou, já afetando 37% das propriedades e 43% da área agrícola.Também enfrentam secas as produções de Índia, Rússia, Ucrânia e Cazaquistão, trazendo reflexos para mais de uma safra e mudanças de políticas públicas e estratégias privadas nas organizações. São impactos, primários, secundários, de curto, médio e longo prazo, de diferentes magnitudes e relevância ao Brasil. No geral, os impactos são todos positivos, tirando um risco que temos...
O maior risco ao preços para os produtores no Brasil é a pressão para se reduzir os mandatos de mistura de biocombustíveis na gasolina em diversos países, mais notadamente nos EUA, onde a pressão de grupos contrários ao etanol é forte para liberar milho para a alimentação, o que traria grave impacto as indústrias de etanol. Torçamos para que isto não aconteça, no fundo o Brasil perde. A boa notícia é que abriu-se ótima janela para mandarmos etanol nosso, reconhecido como combustível avançado, aos EUA.

Empresas: neste mês tive a oportunidade de visitar a ETH, um dos grupos que mais investiu no negócio sucroenergético. Seguem firmes na meta de chegar a 40 milhões de toneladas de cana processadas. Vem fazendo um trabalho consistente e resistindo às tempestades sucroenergéticas.

Pessoas Canavieiras (homenagem): quero dedicar um carinho especial ao meu professor Caetano Ripoli, da ESALQ. O grande Caetano, de brilhante carreira acadêmica, filho do nosso saudoso Romeu Italo Ripoli, ex-presidente do XV de Piracicaba, que fez história nos anos 70 e 80, e pai do Marco Ripoli, jovem já com doutorado e excelente carreira como executivo na John Deere. Caetano, uma pessoa que sempre escreve e fala o que pensa, de muitos assuntos e muitos livros, e que ajudou muito nas pesquisas de mecanização no setor de cana. Devemos muita produtividade ao amigo Caetano, e particularmente desejo que se anime, pois tem muita coisa pela frente.

Aprendizado de Viagem: neste mês o convite para uma palestra aos produtores de algodão em Chapadão do Sul (MS). Fiquei encantado com o que vi. Planejadas, largas e arborizadas avenidas, praça da catedral com academia ao ar livre, calçadas grandes e verdadeiras e muita gente indo trabalhar de bicicleta. Com os diversificados agro-dólares trazidos pela soja, milho, algodão, pecuária, Usinas de cana e muitas outras atividades, surgem supermercados, revendas de automóveis, academias, restaurantes, hotéis, escritórios, explosão imobiliária (planejada). É o dinheiro do agro se espalhando por inúmeros empregos e gerando desenvolvimento.Uma delícia ver e sentir o Brasil da produção, este que silenciosamente sustenta o Brasil do mensalão.

Mercado de Cana: tivemos declarações interessantes do presidente do BNDES e da presidente da Petrobrás que o negócio de cana precisa voltar a crescer, mas não são as pessoas que resolvem. Também de que finalmente a gasolina vai subir de preços. Porém, passou mais um mês e nenhuma das medidas necessárias foi tomada. Resta esperar que uma possível escassez de gasolina no final do ano, devido as dificuldades logísticas de importação e aumento do consumo sensibilize politicamente o Governo Federal, pois aí a população vai gritar.
Haja limão: este mês estamos lotados de assuntos para tratar na parte do “haja limão”. Tive que selecionar dois deles. A refinaria Abreu e Lima da Petrobrás e a greve dos caminhoneiros.
Como pode uma obra ficar nove vezes mais cara que o orçamento inicial, três vezes mais cara que similares internacionais, que o nosso parceiro venezuelano na refinaria não tenha aportado um parafuso sequer. Em relação à greve dos caminhoneiros, tem gente que parece não estar sintonizada com as necessidades do Brasil. Não estou aqui criticando os caminhoneiros, que trabalham dia e noite para mover este Brasil, mas quem elaborou a lei será que foi ouvir os caminhoneiros ou fizeram de gabinetes refrigerados? Será que estes caminhoneiros não preferem dar uma esticada de 3 a 4 dias de trabalho forte para depois passar dois a três dias com a família? Fazer 11 horas de descanso onde... em um posto de gasolina destes precários? Será que quem escreveu não pensou no impacto nos custos de transporte para quem produz, no impacto para a inflação no Brasil? Que absoluta falta de prioridade, que falta de agenda, que falta de foco. Tem coisas mais importantes para resolver no Brasil. 
Até a próxima!