Unica: candidatos devem ter planos de longo prazo para o setor

03/06/2014 Cana-de-Açúcar POR: RAPHAEL SALOMÃO, DE SÃO PAULO (SP)
Entidade realizou evento com participação de Aécio Neves e Eduardo Campos
 
Os candidatos à Presidência devem apresentar planos de governo de médio e longo prazo para o setor de açúcar e etanol. Foi o que afirmou nesta segunda-feira (2/6) a presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Única), Elisabeth Farina.
“Um programa de governo que se estenderá por vários anos e que seja consistente em toda a sua direção e como esta política será articulada com o resto da política energética e como é estruturada com a política macroeconômica do governo”, disse.
Elisabeth Farina fez as declarações durante evento que marcou a entrega do prêmio Top Etanol, concedido pelo Projeto Agora, que reúne entidades representativas do setor sucroenergético no Brasil, entre eles, a própria Unica.
O evento teve a participação dos pré-candidatos à Presidência da República Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Estava prevista também a participação da presidente e pré-candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), mas ela não compareceu. Dilma esteve em uma cerimônia oficial da Copa do Mundo, em Brasília, com a presença do presidente da Fifa, Joseph Blatter.
De acordo com Elisabeth Farina, o setor reivindica mudanças na política de controle dos preços não apenas de combustíveis, que interfere na competitividade do etanol no mercado, mas também de outros ativos de energia.
“É muito importante para que o empresário que toma decisões ter previsibilidade e trazer de volta para esse debate racionalidade econômica, que parece ter desaparecido”, disse Elisabeth.
A cadeia produtiva de açúcar e etanol cobra também tributação diferenciada para os combustíveis renováveis em relação ao combustível fóssil; e maior incentivo à inovação, especialmente na melhoria da eficiência dos motores flex.
A presidente da Unica disse ainda, que a entidade está à disposição das equipes dos pré-candidatos à Presidência da República para a discussão sobre as diretrizes do setor.
“Temos documentos, informações do setor, histórico do setor, propostas a fazer. Certamente não são as únicas propostas e estamos abertos a ouvir quais são essas propostas, teremos reuniões com equipes. A gente quer ouvir e havendo espaço, queremos propor, informar, trazer nosso trabalho.”
 
Biomassa
Sobre o incentivo à energia de biomassa a partir do bagaço de cana-de-açúcar, outra das reivindicações da indústria, Elisabeth Farina reforçou a necessidade de uma “reconfiguração” nos leilões do governo “para considerar atributos positivos da biomassa”.
“A gente tem 60% das usinas que não exportam energia para a rede que em condições mais favoráveis nos leilões poderiam contribuir para o abastecimento da energia elétrica brasileira”, disse ela ao ser questionada sobre as regras do Leilão de Energia de Reserva marcado para 10 de outubro, que foram divulgadas também nesta segunda-feira.
O abastecimento terá prazo de 20 anos, a contar de outubro de 2017. A energia de reserva é para suprir um eventual desabastecimento por parte das hidrelétricas. Foram incluídas a energia eólica, solar, biomassa de resíduos sólidos urbanos (o que não envolve as usinas de açúcar e etanol), biogás e resíduos de estações de tratamento de esgoto.
Elisabeth Farina avaliou de forma positiva, de outro lado, a inclusão do biogás entre as fontes para o leilão de reserva, o que abre espaço para o uso da vinhaça. “Foi muito importante que fosse incluído no conjunto do leilão para sinalizar que o biogás de vinhaça é uma possibilidade dentro do ambiente regulado”, disse ela, destacando que esta ainda é uma sinalização muito pequena diante da demanda do setor.