O balanço da produção sucroalcooleira do Centro-Sul na segunda metade de setembro, divulgado ontem pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), confirmou a tendência de uma safra cada vez menos açucareira. Foi expressiva a queda da produção da commodity no período, o que inclusive ofereceu impulso a suas cotações na bolsa de Nova York. Naquele mercado, os contratos do açúcar demerara para entrega em março de 2018, os mais negociados, subiram 17 pontos, ou 1,21%, para 14,17 centavos de dólar a libra-peso. Já os papéis com vencimento em maio avançaram 13 pontos, para 14,24 centavos de dólar a libra-peso - o maior patamar em três pregões. Segundo a Unica, a produção de açúcar na segunda quinzena de setembro alcançou 2,8 milhões de toneladas, queda de 3,9% na comparação com o mesmo período da temporada passada - a redução mais expressiva na base anual desde maio. O volume também foi menor que o da quinzena anterior e ficou abaixo das expectativas, afirmou Murilo Aguiar, analista da consultoria INTL FCStone. Essa redução é fruto da preferência que as usinas continuam dando cada vez mais para a produção de etanol, que está oferecendo uma remuneração melhor. Na quinzena, 46,5% do caldo da cana foi direcionado para a produção de açúcar, ante 50,2% no mesmo período da safra passada. Colaborou também para essa queda a redução do volume de cana moída no período - de 40,3 milhões de toneladas, recuo de 5,2%. O aumento da concentração da sacarose na cana, por sua vez, minimizou essa retração. A quantidade de açúcares totais recuperáveis (ATR) avançou 9,3%, para 159,3 quilos por tonelada de cana. Segundo Aguiar, a tendência para as próximas quinzenas é de um mix cada vez mais alcooleiro, como costuma ocorrer conforme se aproxima o fim da safra. Entretanto, esse movimento não deve reverter a correlação mais açucareira desta safra ante a anterior. Desde o início da temporada, 48,2% do caldo da cana foi direcionado para o açúcar, praticamente 2 pontos percentuais a mais que no mesmo período da safra passada. A Unica informou também que as vendas de etanol hidratado das usinas ao mercado interno subiu, alcançando 1,4 bilhão de litros, alta de 0,6% ante agosto, em mais um sinal de recuperação do consumo. A entidade realçou que essas vendas são do etanol combustível e para "uso industrial, consumo próprio e quebra" e que, portanto, é preciso cautela ao comparar com as vendas das distribuidoras, informadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Para Aguiar, com as estimativas de crescimento do PIB em 2018, o mix da safra 2018/19 pode ser mais alcooleiro, criando então um "piso" para o preço do açúcar. Por outro lado, o baixo nível de fixação de preços por parte dos produtores pode limitar movimentos de alta, disse.
Por Cleyton Vilarino e Camila Souza Ramos
O balanço da produção sucroalcooleira do Centro-Sul na segunda metade de setembro, divulgado ontem pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), confirmou a tendência de uma safra cada vez menos açucareira. Foi expressiva a queda da produção da commodity no período, o que inclusive ofereceu impulso a suas cotações na bolsa de Nova York. Naquele mercado, os contratos do açúcar demerara para entrega em março de 2018, os mais negociados, subiram 17 pontos, ou 1,21%, para 14,17 centavos de dólar a libra-peso. Já os papéis com vencimento em maio avançaram 13 pontos, para 14,24 centavos de dólar a libra-peso - o maior patamar em três pregões. Segundo a Unica, a produção de açúcar na segunda quinzena de setembro alcançou 2,8 milhões de toneladas, queda de 3,9% na comparação com o mesmo período da temporada passada - a redução mais expressiva na base anual desde maio. O volume também foi menor que o da quinzena anterior e ficou abaixo das expectativas, afirmou Murilo Aguiar, analista da consultoria INTL FCStone. Essa redução é fruto da preferência que as usinas continuam dando cada vez mais para a produção de etanol, que está oferecendo uma remuneração melhor. Na quinzena, 46,5% do caldo da cana foi direcionado para a produção de açúcar, ante 50,2% no mesmo período da safra passada. Colaborou também para essa queda a redução do volume de cana moída no período - de 40,3 milhões de toneladas, recuo de 5,2%. O aumento da concentração da sacarose na cana, por sua vez, minimizou essa retração. A quantidade de açúcares totais recuperáveis (ATR) avançou 9,3%, para 159,3 quilos por tonelada de cana. Segundo Aguiar, a tendência para as próximas quinzenas é de um mix cada vez mais alcooleiro, como costuma ocorrer conforme se aproxima o fim da safra. Entretanto, esse movimento não deve reverter a correlação mais açucareira desta safra ante a anterior. Desde o início da temporada, 48,2% do caldo da cana foi direcionado para o açúcar, praticamente 2 pontos percentuais a mais que no mesmo período da safra passada. A Unica informou também que as vendas de etanol hidratado das usinas ao mercado interno subiu, alcançando 1,4 bilhão de litros, alta de 0,6% ante agosto, em mais um sinal de recuperação do consumo. A entidade realçou que essas vendas são do etanol combustível e para "uso industrial, consumo próprio e quebra" e que, portanto, é preciso cautela ao comparar com as vendas das distribuidoras, informadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Para Aguiar, com as estimativas de crescimento do PIB em 2018, o mix da safra 2018/19 pode ser mais alcooleiro, criando então um "piso" para o preço do açúcar. Por outro lado, o baixo nível de fixação de preços por parte dos produtores pode limitar movimentos de alta, disse.
Por Cleyton Vilarino e Camila Souza Ramos