Usinas perdem mais de R$ 3 bilhões nesta safra e ainda apostam no etanol

19/12/2014 Cana-de-Açúcar POR: DCI
Até 1º de dezembro, setor registrou queda de 5% na moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul; falta de chuvas afetou produtividade de áreas e ociosidade impulsionou custos de produção
O setor canavieiro sente os impactos de uma das maiores, senão a maior, crise hídrica da história refletidos na queda de 7,8% em produtividade da lavoura e 5% na moagem desta safra, ou seja, mais de R$ 3 bilhões perdidos entre as usinas do Centro-Sul. Além disso, 2015/2016 promete ser novamente um período alcooleiro.
Durante a apresentação do balanço realizada ontem (18), o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, destacou que houve um aumento no preço médio da cana em São Paulo - maior estado produtor - ofuscado pelos avanços nos custos de produção, que cresceram duas ou três vezes mais que o ganho de preço, comparados ao mesmo período do ano anterior.
"A alta dos gastos girou em torno de 6% a 8%, puxada pela mão de obra e, principalmente, pela ociosidade nas unidades produtoras, dificultando qualquer retomada de margens nesse momento", explica o executivo.
Resultados
Até 1º de dezembro a quantidade de cana processada pelas usinas do Centro-Sul atingiu 554,09 milhões de toneladas e o volume final esperado é de 567 milhões de toneladas, abaixo das 597,06 milhões de toneladas moídas na safra 2013/2014.
"O impacto da estiagem sobre a safra de cana só não foi maior porque houve aumento de produtividade em algumas regiões que não foram atingidas pela falta de chuvas", como Goiás e Mato Grosso, acrescenta Padua, um incremento em torno de 5,4% e 10,3%, respectivamente, no acumulado da safra até o mês de novembro.
São Paulo foi a região com os resultados mais afetados. Por aqui, houve um recuo de 12% em produtividade, que pressionou o desempenho médio do Centro-Sul, enquanto nos demais estados o prejuízo foi registrado em 1,2%.
Na produção, houve queda de 6,9% no açúcar, para 31,9 milhões de toneladas, uma vez que o mix também se manteve inclinado ao etanol, com 56,79% da cana, ante 43,21% direcionada à commodity.
Em contrapartida, o diretor frisou que, mesmo com 30 milhões de toneladas de matéria-prima a menos, o segmento produziu quase dois bilhões de litros de etanol a mais, no comparativo anual, leve alta de 0,9% impulsionada pela oferta de hidratado, e que deve fazer com que a produção total do biocombustível atinja 25,8 bilhões de litros.
Mercado
Para o ano de 2014, a projeção das exportações açucareiras é de redução de 9% em volume e 19% em valor, em relação a 2013. "Isso significa menos R$ 2,5 milhões. China continua sendo o maior comprador, com 9,2%, seguida dos Emirados Árabes e Bangladesh, porém, houve uma forte redução de preço", diz Padua.
Aliado a um possível aumento na demanda interna, houve um recuo de vendas externas de etanol, de 51% no volume do produto e 50% em valor, sendo os Estados Unidos líder nas importações.
A expectativa do diretor da Unica é que o avanço de 25% para 27,5% na mistura de etanol na gasolina seja aprovado e o biocombustível direcionado ao abastecimento doméstico. A presidente da entidade, Elizabeth Farina ressaltou que no dia dois de fevereiro acontece a última reunião que define o aumento na mistura, já aprovada no Legislativo, que deve acrescentar 1,2 bilhões de litros na demanda.
Segundo a Unica, a capacidade instalada atualmente consegue suprir esta nova necessidade de moagem, que representa pelo menos 15 milhões de toneladas de cana.
Próximos passos
Em relação ao tamanho da safra, na perspectiva mais otimista para o clima, o período de 2015/2016 deve se igualar ao atual, também no mesmo nível de mecanização que já se aproxima de 100%.
"Mesmo com a sinalização de baixa no preço do petróleo, ainda apostamos em mais uma safra alcooleira", estima o diretor, fundamentado pela última decisão tributária que reduz o ICMS cobrado sobre o biocombustível hidratado em Minas Gerais e que já aumentou em 1% a alíquota que incide sobre a gasolina no Paraná.
"No âmbito de políticas públicas, tudo que esperávamos para 2014 continua entre as expectativas de 2015, como o retorno da Cide", diz Farina.
Até 1º de dezembro, setor registrou queda de 5% na moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul; falta de chuvas afetou produtividade de áreas e ociosidade impulsionou custos de produção
O setor canavieiro sente os impactos de uma das maiores, senão a maior, crise hídrica da história refletidos na queda de 7,8% em produtividade da lavoura e 5% na moagem desta safra, ou seja, mais de R$ 3 bilhões perdidos entre as usinas do Centro-Sul. Além disso, 2015/2016 promete ser novamente um período alcooleiro.
Durante a apresentação do balanço realizada ontem (18), o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, destacou que houve um aumento no preço médio da cana em São Paulo - maior estado produtor - ofuscado pelos avanços nos custos de produção, que cresceram duas ou três vezes mais que o ganho de preço, comparados ao mesmo período do ano anterior.
"A alta dos gastos girou em torno de 6% a 8%, puxada pela mão de obra e, principalmente, pela ociosidade nas unidades produtoras, dificultando qualquer retomada de margens nesse momento", explica o executivo.
Resultados
Até 1º de dezembro a quantidade de cana processada pelas usinas do Centro-Sul atingiu 554,09 milhões de toneladas e o volume final esperado é de 567 milhões de toneladas, abaixo das 597,06 milhões de toneladas moídas na safra 2013/2014.
"O impacto da estiagem sobre a safra de cana só não foi maior porque houve aumento de produtividade em algumas regiões que não foram atingidas pela falta de chuvas", como Goiás e Mato Grosso, acrescenta Padua, um incremento em torno de 5,4% e 10,3%, respectivamente, no acumulado da safra até o mês de novembro.
São Paulo foi a região com os resultados mais afetados. Por aqui, houve um recuo de 12% em produtividade, que pressionou o desempenho médio do Centro-Sul, enquanto nos demais estados o prejuízo foi registrado em 1,2%.
Na produção, houve queda de 6,9% no açúcar, para 31,9 milhões de toneladas, uma vez que o mix também se manteve inclinado ao etanol, com 56,79% da cana, ante 43,21% direcionada à commodity.
Em contrapartida, o diretor frisou que, mesmo com 30 milhões de toneladas de matéria-prima a menos, o segmento produziu quase dois bilhões de litros de etanol a mais, no comparativo anual, leve alta de 0,9% impulsionada pela oferta de hidratado, e que deve fazer com que a produção total do biocombustível atinja 25,8 bilhões de litros.
Mercado
Para o ano de 2014, a projeção das exportações açucareiras é de redução de 9% em volume e 19% em valor, em relação a 2013. "Isso significa menos R$ 2,5 milhões. China continua sendo o maior comprador, com 9,2%, seguida dos Emirados Árabes e Bangladesh, porém, houve uma forte redução de preço", diz Padua.
Aliado a um possível aumento na demanda interna, houve um recuo de vendas externas de etanol, de 51% no volume do produto e 50% em valor, sendo os Estados Unidos líder nas importações.
A expectativa do diretor da Unica é que o avanço de 25% para 27,5% na mistura de etanol na gasolina seja aprovado e o biocombustível direcionado ao abastecimento doméstico. A presidente da entidade, Elizabeth Farina ressaltou que no dia dois de fevereiro acontece a última reunião que define o aumento na mistura, já aprovada no Legislativo, que deve acrescentar 1,2 bilhões de litros na demanda.
Segundo a Unica, a capacidade instalada atualmente consegue suprir esta nova necessidade de moagem, que representa pelo menos 15 milhões de toneladas de cana.
Próximos passos
Em relação ao tamanho da safra, na perspectiva mais otimista para o clima, o período de 2015/2016 deve se igualar ao atual, também no mesmo nível de mecanização que já se aproxima de 100%.
"Mesmo com a sinalização de baixa no preço do petróleo, ainda apostamos em mais uma safra alcooleira", estima o diretor, fundamentado pela última decisão tributária que reduz o ICMS cobrado sobre o biocombustível hidratado em Minas Gerais e que já aumentou em 1% a alíquota que incide sobre a gasolina no Paraná.
"No âmbito de políticas públicas, tudo que esperávamos para 2014 continua entre as expectativas de 2015, como o retorno da Cide", diz Farina.