Usinas testam sorgo sacarino para produção de etanol

11/10/2012 Etanol POR: Agência UDOP de Notícias
Considerado por alguns como o "primo pobre" do milho, o sorgo sacarino está, aos poucos, ganhando novos espaços nas regiões agrícolas do país para uso na produção de biocombustível. As usinas brasileiras estão usando cada vez mais o sorgo sacarino pra produzir etanol na entressafra de cana-de-açúcar. A matéria prima é vista como um complemento à produção de cana, na época em que boa parte das usinas fica parada. Além disso, ao estender a safra, o sorgo também permite diluir o custo fixo das usinas. 
A Usina Diana, localizada em Avanhandava, no interior do estado de São Paulo, apostou na cultura e plantou 400 hectares de sorgo voltados para produção do etanol. "O sorgo seria uma opção de safra diferenciada, enquanto a cana estivesse verde, poderíamos estar moendo sorgo. Também poderíamos postergar o inicio da safra com cana verde e ela estaria no ponto certo da maturação", destaca o gerente agrícola da unidade, Eduardo Corbucci. 
Entretanto, a experiência da unidade não foi a esperada. Segundo o gerente agrícola da Diana, o resultado não chegou nem perto do esperado. A usina esperava uma produtividade por hectare entre 40 e 50 tonelada e a produção de 40 litros por tonelada. "Tivemos 18 toneladas por hectare e 25 litros por tonelada", comenta Eduardo.
Já na Usina Malosso, de Itápolis, a experiência com o sorgo tem mostrado resultados positivos. A unidade plantou 600 hectares da cultura com uma produtividade de 60 toneladas por hectare, com 40 litros por tonelada. "Considerando que plantamos na época correta, a variedade correta, os resultados foram excelentes. Teve até um percentual que saiu fora de época, que não colhemos para liberar a área para plantio de cana", explica.
Mas ambos os gerentes agrícolas concordam que ainda existe a necessidade de pesquisa. "A principio não vamos adotar a cultura neste momento. Vamos esperar isso se consagrar para investir novamente", diz Eduardo. Para Nascimento, há uma necessidade da melhoria genética, no que tange o ciclo da cultura. "É uma grande novidade, todos estão esperando os resultados e correndo atrás de variedades mais produtivas. Cremos em uma evolução rápida. Uma pena nossa área ser pequena, porque a vontade é expandir mais", finaliza o profissional da área agrícola da Malosso.
Para a professora Márcia Mutton, o principal problema com o plantio do sorgo é a baixa produtividade, o que é tema de diversas pesquisas no sentido de encontrar variedades que sejam competitivas e economicamente viáveis. Mesmo assim, a professora ressalta que o sorgo pode trazer benefícios quando não utilizado sozinho. "A proposta é que o sorgo chegue como uma cultura de entressafra da cana-de-açúcar, antecipando esse período de colheita em trinta ou quarenta dias. Nesse sentido temos feito vários experimentos, e temos confirmado que o sorgo é realmente uma matéria prima, que na minha opinião, chegou para participar do processo", explica Márcia, professora da Unesp de Jaboticabal e especialista no setor sucroenergético, com mais de 30 anos de atuação no segmento.
Cenário
No final de setembro, pesquisadores da Embrapa divulgaram que o sorgo sacarino pode ter a área de plantio quintuplicada nesta temporada, para até 100 mil hectares e ainda pode aumentar. "Poderemos ser umas cinco vezes maior do que fomos no ano passado. É um nicho, para trabalhar na entressafra. Nós, no Brasil, estamos prontos para isso", acrescentou o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Frederico Durães para a Agência Reuters. Na safra 2010/11, cerca de 3 mil hectares foram cultivados com o sorgo sacarino, área que saltou no ciclo seguinte para quase 18 mil hectares, segundo a Embrapa.
A cultura foi incluída no Plano Agrícola e Pecuário 2012/13, para o custeio de até 100 mil hectares de sorgo sacarino a partir da safra 2012/2013 com a aplicação de R$ 270 milhões. Durante a divulgação do Plano, o secretário de Produção e Agroenergia, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Gerardo Fontelles, explicou o porque do apoio à cultura. "É estratégico para o País que outras fontes potenciais de geração de agroenergia sejam fortalecidas e estimuladas. Isto contribuirá para a diminuição da volatilidade de oferta e de preços, no período após colheita da cana-de-açúcar".
Saiba mais sobre Sorgo
O sorgo sacarino chegou a ser cultivado no Brasil na década de 80, por ocasião do programa PróAlcool. As primeiras variedades do vegetal começaram a ser produzidas no país na década de 1970 por iniciativa dos pesquisadores da Embrapa. 
O sorgo sacarino é uma variedade que possui taxas maiores de açúcar nos colmos e passou a ser testado como matéria-prima para a produção de etanol, em 2008. O caldo extraído dos colmos da planta se adapta ao processo industrial das usinas. As colheitadeiras utilizadas também são as mesmas, pois a altura do sorgo, em torno de 2 metros, é similar ao da cana. A planta tem ciclo produtivo de 90 a 140 dias. Do plantio à colheita, tudo é feito entre os meses de novembro e abril, bem no período de entressafra da cana.
Clique aqui e assista a matéria sobre sorgo produzida pela TV UDOP. Se preferir, acesse nosso canal no Youtube no endereço www.youtube.com/tvudop.
Greizi Ciotta Andrade
Considerado por alguns como o "primo pobre" do milho, o sorgo sacarino está, aos poucos, ganhando novos espaços nas regiões agrícolas do país para uso na produção de biocombustível. As usinas brasileiras estão usando cada vez mais o sorgo sacarino pra produzir etanol na entressafra de cana-de-açúcar. A matéria prima é vista como um complemento à produção de cana, na época em que boa parte das usinas fica parada. Além disso, ao estender a safra, o sorgo também permite diluir o custo fixo das usinas. 
A Usina Diana, localizada em Avanhandava, no interior do estado de São Paulo, apostou na cultura e plantou 400 hectares de sorgo voltados para produção do etanol. "O sorgo seria uma opção de safra diferenciada, enquanto a cana estivesse verde, poderíamos estar moendo sorgo. Também poderíamos postergar o inicio da safra com cana verde e ela estaria no ponto certo da maturação", destaca o gerente agrícola da unidade, Eduardo Corbucci. 
Entretanto, a experiência da unidade não foi a esperada. Segundo o gerente agrícola da Diana, o resultado não chegou nem perto do esperado. A usina esperava uma produtividade por hectare entre 40 e 50 tonelada e a produção de 40 litros por tonelada. "Tivemos 18 toneladas por hectare e 25 litros por tonelada", comenta Eduardo.
Já na Usina Malosso, de Itápolis, a experiência com o sorgo tem mostrado resultados positivos. A unidade plantou 600 hectares da cultura com uma produtividade de 60 toneladas por hectare, com 40 litros por tonelada. "Considerando que plantamos na época correta, a variedade correta, os resultados foram excelentes. Teve até um percentual que saiu fora de época, que não colhemos para liberar a área para plantio de cana", explica.
Mas ambos os gerentes agrícolas concordam que ainda existe a necessidade de pesquisa. "A principio não vamos adotar a cultura neste momento. Vamos esperar isso se consagrar para investir novamente", diz Eduardo. Para Nascimento, há uma necessidade da melhoria genética, no que tange o ciclo da cultura. "É uma grande novidade, todos estão esperando os resultados e correndo atrás de variedades mais produtivas. Cremos em uma evolução rápida. Uma pena nossa área ser pequena, porque a vontade é expandir mais", finaliza o profissional da área agrícola da Malosso.
Para a professora Márcia Mutton, o principal problema com o plantio do sorgo é a baixa produtividade, o que é tema de diversas pesquisas no sentido de encontrar variedades que sejam competitivas e economicamente viáveis. Mesmo assim, a professora ressalta que o sorgo pode trazer benefícios quando não utilizado sozinho. "A proposta é que o sorgo chegue como uma cultura de entressafra da cana-de-açúcar, antecipando esse período de colheita em trinta ou quarenta dias. Nesse sentido temos feito vários experimentos, e temos confirmado que o sorgo é realmente uma matéria prima, que na minha opinião, chegou para participar do processo", explica Márcia, professora da Unesp de Jaboticabal e especialista no setor sucroenergético, com mais de 30 anos de atuação no segmento.
Cenário
No final de setembro, pesquisadores da Embrapa divulgaram que o sorgo sacarino pode ter a área de plantio quintuplicada nesta temporada, para até 100 mil hectares e ainda pode aumentar. "Poderemos ser umas cinco vezes maior do que fomos no ano passado. É um nicho, para trabalhar na entressafra. Nós, no Brasil, estamos prontos para isso", acrescentou o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Frederico Durães para a Agência Reuters. Na safra 2010/11, cerca de 3 mil hectares foram cultivados com o sorgo sacarino, área que saltou no ciclo seguinte para quase 18 mil hectares, segundo a Embrapa.
A cultura foi incluída no Plano Agrícola e Pecuário 2012/13, para o custeio de até 100 mil hectares de sorgo sacarino a partir da safra 2012/2013 com a aplicação de R$ 270 milhões. Durante a divulgação do Plano, o secretário de Produção e Agroenergia, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Gerardo Fontelles, explicou o porque do apoio à cultura. "É estratégico para o País que outras fontes potenciais de geração de agroenergia sejam fortalecidas e estimuladas. Isto contribuirá para a diminuição da volatilidade de oferta e de preços, no período após colheita da cana-de-açúcar".
Saiba mais sobre Sorgo
O sorgo sacarino chegou a ser cultivado no Brasil na década de 80, por ocasião do programa PróAlcool. As primeiras variedades do vegetal começaram a ser produzidas no país na década de 1970 por iniciativa dos pesquisadores da Embrapa. 
O sorgo sacarino é uma variedade que possui taxas maiores de açúcar nos colmos e passou a ser testado como matéria-prima para a produção de etanol, em 2008. O caldo extraído dos colmos da planta se adapta ao processo industrial das usinas. As colheitadeiras utilizadas também são as mesmas, pois a altura do sorgo, em torno de 2 metros, é similar ao da cana. A planta tem ciclo produtivo de 90 a 140 dias. Do plantio à colheita, tudo é feito entre os meses de novembro e abril, bem no período de entressafra da cana.
Greizi Ciotta Andrade