Uso da palha de cana-de-açúcar para cogeração de energia: questões fundamentais do Projeto SUCRE

16/02/2016 Cana-de-Açúcar POR: Portal Sucre 15/02/16
A importância da palha de cana-de-açúcar como componente energético começou a ser percebida de forma organizada a partir de meados dos anos 1990, devido principalmente aos trabalhos de instituições como o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq/USP). Durante esse período, os pesquisadores produziram conhecimentos relevantes sobre quantidades disponíveis de palha no campo, impactos agrícolas e possíveis rotas de recolhimento. Tais informações possibilitaram a elaboração de inúmeros estudos e análises detalhados sobre os impactos energéticos e econômicos do recolhimento e uso da palha para gerar mais eletricidade excedente ou etanol de segunda geração (2G).
Os trabalhos produzidos contemplam números expressivos, como mais de 70% de eletricidade adicional exportável ou cerca de 40% a mais de etanol por tonelada de cana, e estimularam algumas usinas a iniciarem o processo de recolhimento de palha. Aí começaram a surgir os problemas: os 50% de recolhimento de palha normalmente apontados nas análises têm apresentado grandes desafios para se tornarem realidade. A falta de uma tecnologia comercial fez as usinas utilizarem soluções próprias, adaptadas de outros processos agrícolas. Isso dificulta um desenvolvimento pleno e acelerado devido ao grande número de alternativas em uso, assim como seus problemas específicos. A falta de informações organizadas e confiáveis adiciona complexidade à busca de solução para os problemas do uso da palha na indústria de cana-de-açúcar.
Nesse contexto, o Projeto SUCRE (Sugarcane Renewable Electricity) foi idealizado para responder as principais perguntas que pairam no ar sobre essa temática. Para isso, foi feita uma avaliação preliminar da situação atual nas usinas brasileiras e identificados gargalos tecnológicos, carências de informações estruturadas e Marco Regulatório atual precário para a comercialização de eletricidade gerada nas usinas. Após a aprovação do projeto, quatro usinas parceiras foram selecionadas para estudos de casos reais em diferentes condições de tecnologia, tipos de solo e clima, contratos de venda assinados e outras diferenças relevantes. Mas que perguntas o projeto procura responder?
Desafios do Projeto SUCRE
Primeiramente, existe a questão fundamental do volume de palha que realmente existe em cada usina estudada e quais os critérios para o seu recolhimento sustentável, considerando os impactos do colchão de palha presente no campo na proteção e fertilidade do solo, nas emissões de gases de efeito estufa (GEE), nas populações de pragas e plantas daninhas e finalmente, na produtividade do canavial.
Segundo, tem-se a forma de recolher, transportar e processar a palha para que essa chegue em quantidade e qualidade (impurezas minerais e granulometria) adequada na entrada das caldeiras das usinas, com custos viáveis. Esta questão inclui também a forma segura e eficiente de alimentar e queimar a palha nas caldeiras para se evitar, ou pelo menos minimizar, os problemas esperados de erosão, corrosão, depósito e fusão de cinzas caso a qualidade da palha e o sistema de queima não sejam adequados.
A terceira questão engloba o Marco Regulatório atual e as modalidades de negócio e contratos de venda de eletricidade. Apesar dos avanços recentes nessa área, ainda restam gargalos que têm inibido o entusiasmo de muitas usinas em investir para aumentar a geração de energia excedente para venda. É necessário um estudo detalhado da atual legislação, feito por especialistas no assunto, para identificar as barreiras existentes e sugerir melhorias que facilitem a comercialização de eletricidade pelas usinas. A União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA) irá utilizar essas informações relevantes para negociar melhorias com o governo federal e com as concessionárias. Uma cartilha contendo recomendações para as usinas será disponibilizada pelo SUCRE/UNICA.
Finalmente, as informações geradas pelo Projeto SUCRE precisam ser integradas e transformadas em avaliações técnico-econômicas e ambientais para indicar às usinas interessadas em venda de eletricidade algumas alternativas importantes para a expansão da produção e venda de seus excedentes de energia.
Além das usinas parceiras da primeira fase do projeto, outras sete usinas serão selecionadas para avaliações específicas de seus potenciais de geração, tecnologias recomendadas, formas de modelos de negócios e contratos de venda. Nesse momento futuro, serão avaliadas as alternativas de geração durante a safra exclusivamente ou ao longo do ano todo, bem como o impacto do fator de capacidade no valor da energia comercializada. Outro aspecto que pode ser explorado é a viabilidade de projetos de venda de certificados de redução de emissões de gases de efeito estufa via Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
O projeto prevê ainda uma ampla divulgação dos resultados via workshops e seminários específicos, publicações em revistas do setor e internacionais, portal do projeto na internet e outros meios eficientes de divulgação.
Régis Leal, Paulo Graziano, Thayse Hernandes e Henrique Franco
A importância da palha de cana-de-açúcar como componente energético começou a ser percebida de forma organizada a partir de meados dos anos 1990, devido principalmente aos trabalhos de instituições como o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq/USP). Durante esse período, os pesquisadores produziram conhecimentos relevantes sobre quantidades disponíveis de palha no campo, impactos agrícolas e possíveis rotas de recolhimento. Tais informações possibilitaram a elaboração de inúmeros estudos e análises detalhados sobre os impactos energéticos e econômicos do recolhimento e uso da palha para gerar mais eletricidade excedente ou etanol de segunda geração (2G).
Os trabalhos produzidos contemplam números expressivos, como mais de 70% de eletricidade adicional exportável ou cerca de 40% a mais de etanol por tonelada de cana, e estimularam algumas usinas a iniciarem o processo de recolhimento de palha. Aí começaram a surgir os problemas: os 50% de recolhimento de palha normalmente apontados nas análises têm apresentado grandes desafios para se tornarem realidade. A falta de uma tecnologia comercial fez as usinas utilizarem soluções próprias, adaptadas de outros processos agrícolas. Isso dificulta um desenvolvimento pleno e acelerado devido ao grande número de alternativas em uso, assim como seus problemas específicos. A falta de informações organizadas e confiáveis adiciona complexidade à busca de solução para os problemas do uso da palha na indústria de cana-de-açúcar.
Nesse contexto, o Projeto SUCRE (Sugarcane Renewable Electricity) foi idealizado para responder as principais perguntas que pairam no ar sobre essa temática. Para isso, foi feita uma avaliação preliminar da situação atual nas usinas brasileiras e identificados gargalos tecnológicos, carências de informações estruturadas e Marco Regulatório atual precário para a comercialização de eletricidade gerada nas usinas. Após a aprovação do projeto, quatro usinas parceiras foram selecionadas para estudos de casos reais em diferentes condições de tecnologia, tipos de solo e clima, contratos de venda assinados e outras diferenças relevantes. Mas que perguntas o projeto procura responder?
Desafios do Projeto SUCRE
Primeiramente, existe a questão fundamental do volume de palha que realmente existe em cada usina estudada e quais os critérios para o seu recolhimento sustentável, considerando os impactos do colchão de palha presente no campo na proteção e fertilidade do solo, nas emissões de gases de efeito estufa (GEE), nas populações de pragas e plantas daninhas e finalmente, na produtividade do canavial.
Segundo, tem-se a forma de recolher, transportar e processar a palha para que essa chegue em quantidade e qualidade (impurezas minerais e granulometria) adequada na entrada das caldeiras das usinas, com custos viáveis. Esta questão inclui também a forma segura e eficiente de alimentar e queimar a palha nas caldeiras para se evitar, ou pelo menos minimizar, os problemas esperados de erosão, corrosão, depósito e fusão de cinzas caso a qualidade da palha e o sistema de queima não sejam adequados.
A terceira questão engloba o Marco Regulatório atual e as modalidades de negócio e contratos de venda de eletricidade. Apesar dos avanços recentes nessa área, ainda restam gargalos que têm inibido o entusiasmo de muitas usinas em investir para aumentar a geração de energia excedente para venda. É necessário um estudo detalhado da atual legislação, feito por especialistas no assunto, para identificar as barreiras existentes e sugerir melhorias que facilitem a comercialização de eletricidade pelas usinas. A União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA) irá utilizar essas informações relevantes para negociar melhorias com o governo federal e com as concessionárias. Uma cartilha contendo recomendações para as usinas será disponibilizada pelo SUCRE/UNICA.
Finalmente, as informações geradas pelo Projeto SUCRE precisam ser integradas e transformadas em avaliações técnico-econômicas e ambientais para indicar às usinas interessadas em venda de eletricidade algumas alternativas importantes para a expansão da produção e venda de seus excedentes de energia.
Além das usinas parceiras da primeira fase do projeto, outras sete usinas serão selecionadas para avaliações específicas de seus potenciais de geração, tecnologias recomendadas, formas de modelos de negócios e contratos de venda. Nesse momento futuro, serão avaliadas as alternativas de geração durante a safra exclusivamente ou ao longo do ano todo, bem como o impacto do fator de capacidade no valor da energia comercializada. Outro aspecto que pode ser explorado é a viabilidade de projetos de venda de certificados de redução de emissões de gases de efeito estufa via Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
O projeto prevê ainda uma ampla divulgação dos resultados via workshops e seminários específicos, publicações em revistas do setor e internacionais, portal do projeto na internet e outros meios eficientes de divulgação.
Régis Leal, Paulo Graziano, Thayse Hernandes e Henrique Franco