Os preços do etanol hidratado, que é utilizado diretamente no tanque dos automóveis, recuaram em 18 Estados e no Distrito Federal na semana encerrada no dia 28, conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A queda mais expressiva ocorreu no Distrito Federal, onde o preço médio apresentou variação de 2,78%, para R$ 2,976 por litro. Em São Paulo, principal centro consumidor do biocombustível, o valor médio caiu 2,02%, para R$ 2,187 por litro. Já em oito Estados os preços do etanol registraram ganhos.
Os valores do biocombustível negociado nos postos vêm em queda na maior parte do país desde abril, com o início da moagem de cana da safra 2016/17 no Centro-Sul.
O recuo dos preços do biocombustível na maior parte dos Estados brasileiros no varejo ocorre na contramão do comportamento dos preços para os produtores.
Há quatro semanas, os preços do etanol hidratado recebido pelas usinas vem subindo. Na semana entre 23 e 27 de maio, o indicador Cepea/Esalq para o hidratado em São Paulo ficou em R$ 1,4773 o litro, alta de 4,6% em relação à semana anterior. Em quatro semanas, o indicador subiu 10,5%.
Em mais um passo para crescer no Brasil, a companhia francesa de energia Albioma acertou com a usina Vale do Paraná, localizada no município paulista de Suzanópolis, a criação de uma joint venture para ampliar e gerenciar o negócio de cogeração de energia a partir do bagaço de cana-de-açúcar produzido na unidade, que foi uma das vencedoras do último leilão de energia elétrica A-5, ocorrido um mês atrás.
A Vale do Paraná negociou na ocasião a venda de 120 gigawatthora (GWh) ao ano por um preço de R$ 245,20 o megawatthora (MWh), vinculado à variação da inflação, ao longo de 25 anos, contados a partir de 2021.
A Albioma terá uma participação de 40% na joint venture e os donos da Vale do Paraná, 60%. A Vale do Paraná tem como sócios o guatemalteco Grupo Pantaleon (com 60%) e a colombiana Manuelita (com 40%). Conforme foi acertado na joint venture, a Albioma e os proprietários da Vale do Paraná deverão fazer um aporte de R$ 100 milhões para aumentar a capacidade instalada da unidade. Com a ampliação, a Vale do Paraná quer garantir o fornecimento da carga contratada no leilão.
A Albioma e a Vale do Paraná esperam que o BNDES financie uma parte do investimento, uma vez que o projeto tornou-se elegível após vencer o leilão de energia.
Atualmente, a usina tem capacidade de cogeração de 16 MW, que são consumidos pela própria unidade. Para a geração de energia, a fábrica consome apenas parcela das 540 mil toneladas de bagaço que resultam da cana processada, enquanto a outra parte é vendida a usinas da região. Com o aporte, a Vale do Paraná passará a ter capacidade instalada de 48 MW e consumirá todo o bagaço de cana gerado na usina.
Aproximadamente 80% do investimento será destinado à ampliação de capacidade da indústria. Para isso, o plano é modernizar a caldeira atual para que ela possa operar com uma pressão maior, substituir o gerador existente para que suporte maior pressão e adquirir um novo gerador, também apropriado para operar sob alta pressão. Os outros 20% do aporte serão direcionados à construção de linhas de transmissão para a conexão da usina com o sistema interligado nacional (SIN) que deverão percorrer 20 quilômetros.
Os 120 GWh por ano comercializados pela usina Vale do Paraná no leilão A5 representam cerca de 80% da energia exportável pela unidade. Os demais 20% que a planta terá capacidade de exportar ao sistema (aproximadamente 29 GWh ao ano) serão vendidos no mercado livre.
Para a Albioma, a entrada no negócio de cogeração na usina Vale do Paraná representa o maior passo dado pelo grupo francês em direção à sua meta de deter uma capacidade instalada no Brasil de 600 MW até 2024.
Contando com o controle nas unidades de Rio Pardo e na Codora, em parceria com a Jalles Machado, a múlti francesa terá 156 MW de capacidade no país, volume pequeno se comparado aos 750 MW que a companhia tem de potência instalada no mundo atualmente.
Por enquanto, os negócios da Albioma no Brasil representam menos de 4% do faturamento do grupo francês, conforme dados divulgados no balanço de 2015. Mas essa participação deve aumentar, já que a cogeração da Codora foi finalizada recentemente, segundo Christiano Forman, diretor-presidente da Albioma no Brasil.
O crescimento da unidade Vale do Paraná também elevará a participação dos negócios brasileiros no resultado do Grupo Pantaleon. A usina contribui hoje com cerca de 5% do faturamento anual da companhia, de US$ 1 bilhão. A expectativa de Salvador Biguria, diretor da companhia, é que o investimento leve o Brasil a representar entre 8% e 10% do faturamento do grupo.