Valor bruto da produção de MT deve cair para R$ 39 bi em 2015

02/10/2014 Agronegócio POR: Valor Econômico
Em meio à forte retração dos preços dos grãos, reflexo da recomposição dos estoques globais, o período de margens polpudas para o agricultor de Mato Grosso ficou definitivamente para trás. Com os sinais que apontam para margens negativas já nesta safra 2014/15, a situação do produtor, embora capitalizado pela bonança dos últimos anos, pode se agravar caso o ciclo de preços internacionais mais baixos se prolongue em mais uma safra. A avaliação é do superintendente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), Otávio Celidonio.
"Já imaginávamos que teríamos momentos de crise, de oferta maior que a demanda, que é o que está acontecendo agora com esse excesso de oferta", afirmou ontem, ao Valor, o superintendente do Imea. Pelas contas de Celidonio, a margem do produtor de soja já está bem achatada e, considerando a depreciação e os custos com arrendamento, a margem já é negativa. Neste momento, disse ele, o custo total da produção - incluindo depreciação e arrendamento - de soja no Estado é de cerca de R$ 45 por saca, enquanto que o preço futuro da oleaginosa para entrega na safra 2014/15 oscila abaixo de R$ 45. Para o próximo ano, o superintendente do Imea já projeta uma situação ainda pior, com o preço da soja perto de R$ 41 por saca.
Na avaliação do superintendente do Imea, o cenário para a soja, carro-chefe do agronegócio do Estado e do país, é particularmente mais difícil porque o agricultor segue ampliando a área plantada. "O produtor de Mato Grosso ainda continua na inércia do crescimento dos últimos anos, apesar de ter expectativa de rentabilidade bem ruim", disse.
De acordo com estimativa do instituto, a área plantada com soja na safra 2014/15, cuja fase de plantio está no início, crescerá 4,3%, atingindo 8,8 milhões de hectares. Como o instituto também prevê um incremento de produtividade de 1%, a produção mato-grossense de soja chegaria a 27,7 milhões de toneladas, alta de 5,3% na comparação com as 26,3 milhões de toneladas colhidas em 2013/2014.
De acordo com Celidonio, esse crescimento de área - e também de produção - pode ser "péssimo" para o agricultor que decidiu ampliar o plantio. "Para quem está neste momento de conversão de áreas de pastagens em agricultura, é péssimo. Nas áreas novas, a produtividade tende a ser pior do que em áreas consolidadas", explicou. Além disso, afirmou, o agricultor que já cultiva soja em áreas "consolidadas" terá de encontrar uma maneira para reduzir os custos.
Nesse cenário de preços mais baixos, o Imea divulgou ontem a primeira estimativa para o valor bruto da produção (VBP) da agropecuária mato-grossense em 2015, no qual indica a primeira redução do VBP desde 2010, quando o instituto iniciou a série. De acordo com o Imea, o VBP da agropecuária mato-grossense totalizará R$ 39,203 bilhões em 2015, uma queda de 9,9% ante os R$ 43,488 bilhões estimados para este ano.
Responsável por quase 50% do VBP de Mato Grosso, a soja será a principal responsável pela queda do valor. O Imea estima que o VBP da soja chegará a R$ 18,919 bilhões no próximo ano, queda de 12,8% na comparação com os R$ 21,683 bilhões de 2010. Também há previsão de queda para o algodão (- 24%), para R$ 3,441 bilhões, e também no caso do milho (- 4,8%), a R$ 3,842 bilhões.
Para Celidonio, só há perspectiva de recuperação dos preços quando houver uma redução do estoque global de grãos, o que não se sabe se ocorrerá. De todo modo, ele ponderou que, embora as margens estejam negativas, o produtor acumulou gordura nos últimos anos. "Este primeiro ano não é o que vai fazer com que o setor caia de joelhos, mas um segundo ano de preços baixos já seria bem ruim", afirmou ele.
O superintendente do Imea também traçou um cenário de queda do VBP da bovinocultura, segundo principal responsável pelo VBP de Mato Grosso - o Estado tem o maior rebanho de bovinos do país. Pelas estimativas do Imea, o VBP da bovinocultura recuará 6,4% em 2015, atingindo R$ 7,950 bilhões. Mas, na contramão do que ocorre com a soja, essa queda é oriunda da menor produção de carne bovina, em decorrência da redução dos abates por conta do processo de reversão do ciclo pecuário. Os preços da carne bovina, em contrapartida, deverão subir 2% em 2015, conforme o Imea.
Em meio à forte retração dos preços dos grãos, reflexo da recomposição dos estoques globais, o período de margens polpudas para o agricultor de Mato Grosso ficou definitivamente para trás. Com os sinais que apontam para margens negativas já nesta safra 2014/15, a situação do produtor, embora capitalizado pela bonança dos últimos anos, pode se agravar caso o ciclo de preços internacionais mais baixos se prolongue em mais uma safra. A avaliação é do superintendente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), Otávio Celidonio.
"Já imaginávamos que teríamos momentos de crise, de oferta maior que a demanda, que é o que está acontecendo agora com esse excesso de oferta", afirmou ontem, ao Valor, o superintendente do Imea. Pelas contas de Celidonio, a margem do produtor de soja já está bem achatada e, considerando a depreciação e os custos com arrendamento, a margem já é negativa. Neste momento, disse ele, o custo total da produção - incluindo depreciação e arrendamento - de soja no Estado é de cerca de R$ 45 por saca, enquanto que o preço futuro da oleaginosa para entrega na safra 2014/15 oscila abaixo de R$ 45. Para o próximo ano, o superintendente do Imea já projeta uma situação ainda pior, com o preço da soja perto de R$ 41 por saca.
Na avaliação do superintendente do Imea, o cenário para a soja, carro-chefe do agronegócio do Estado e do país, é particularmente mais difícil porque o agricultor segue ampliando a área plantada. "O produtor de Mato Grosso ainda continua na inércia do crescimento dos últimos anos, apesar de ter expectativa de rentabilidade bem ruim", disse.
De acordo com estimativa do instituto, a área plantada com soja na safra 2014/15, cuja fase de plantio está no início, crescerá 4,3%, atingindo 8,8 milhões de hectares. Como o instituto também prevê um incremento de produtividade de 1%, a produção mato-grossense de soja chegaria a 27,7 milhões de toneladas, alta de 5,3% na comparação com as 26,3 milhões de toneladas colhidas em 2013/2014.
De acordo com Celidonio, esse crescimento de área - e também de produção - pode ser "péssimo" para o agricultor que decidiu ampliar o plantio. "Para quem está neste momento de conversão de áreas de pastagens em agricultura, é péssimo. Nas áreas novas, a produtividade tende a ser pior do que em áreas consolidadas", explicou. Além disso, afirmou, o agricultor que já cultiva soja em áreas "consolidadas" terá de encontrar uma maneira para reduzir os custos.
Nesse cenário de preços mais baixos, o Imea divulgou ontem a primeira estimativa para o valor bruto da produção (VBP) da agropecuária mato-grossense em 2015, no qual indica a primeira redução do VBP desde 2010, quando o instituto iniciou a série. De acordo com o Imea, o VBP da agropecuária mato-grossense totalizará R$ 39,203 bilhões em 2015, uma queda de 9,9% ante os R$ 43,488 bilhões estimados para este ano.
Responsável por quase 50% do VBP de Mato Grosso, a soja será a principal responsável pela queda do valor. O Imea estima que o VBP da soja chegará a R$ 18,919 bilhões no próximo ano, queda de 12,8% na comparação com os R$ 21,683 bilhões de 2010. Também há previsão de queda para o algodão (- 24%), para R$ 3,441 bilhões, e também no caso do milho (- 4,8%), a R$ 3,842 bilhões.
Para Celidonio, só há perspectiva de recuperação dos preços quando houver uma redução do estoque global de grãos, o que não se sabe se ocorrerá. De todo modo, ele ponderou que, embora as margens estejam negativas, o produtor acumulou gordura nos últimos anos. "Este primeiro ano não é o que vai fazer com que o setor caia de joelhos, mas um segundo ano de preços baixos já seria bem ruim", afirmou ele.
O superintendente do Imea também traçou um cenário de queda do VBP da bovinocultura, segundo principal responsável pelo VBP de Mato Grosso - o Estado tem o maior rebanho de bovinos do país. Pelas estimativas do Imea, o VBP da bovinocultura recuará 6,4% em 2015, atingindo R$ 7,950 bilhões. Mas, na contramão do que ocorre com a soja, essa queda é oriunda da menor produção de carne bovina, em decorrência da redução dos abates por conta do processo de reversão do ciclo pecuário. Os preços da carne bovina, em contrapartida, deverão subir 2% em 2015, conforme o Imea.