Valor do ATR crescendo rapidamente

07/12/2020 Marcos Fava Neves POR: * Marcos Fava Neves ** Vítor Nardini Marques *** Vinícius Cambaúva

* Marcos Fava Neves é professor titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da FGV em São Paulo, especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos, vídeos e outros materiais no site doutoragro.com e veja os vídeos no canal do Youtube (Marcos Fava Neves).

** Vítor Nardini Marques é analista da Markestrat

*** Vinícius Cambaúva é consultor da Markestrat

Na economia mundial e brasileira

O FMI (Fundo Monetário Internacional) revisou suas projeções para o PIB global, o qual deve retrair 4,4% em 2020, enquanto que a estimativa anterior (junho) projetava tombo de 9,1%. Segundo as novas estatísticas, a economia dos Estados Unidos e Zona do Euro devem apresentar quedas de, respectivamente, 4,3% e 8,3%, enquanto que a economia chinesa deve crescer 1,9%. Para 2021, o crescimento global está estimado em 5,2%. A OMC (Organização Mundial do Comércio) estima queda de 9,2% no volume do comércio mundial de mercadorias para o ano de 2020, apesar deste mostrar sinais de recuperação frente à crise da Covid-19. Para 2021, projeta-se um crescimento de 7,2%.

O número de casos de Covid-19 voltou a crescer na Europa, implicando na retomada das medidas de isolamento social e preocupações quanto à saturação dos sistemas hospitalares. A República Checa, Bélgica, Rússia, França, Itália e outros estão em situação crítica, aumentando o temor global de uma segunda onda da doença.

No Brasil, de acordo com o boletim Focus, de 30 de outubro, o mercado elevou a sua expectativa para a taxa Selic em 2021, devendo terminar o ano em 2,75%, mantendo os patamares de 2,0% para 2020. A contração do PIB deve ser de 4,81% neste ano, voltando a crescer em 2021 a 3,34%. O IPCA deve fechar 2020 em 3,14% e 2021 em 3,30%, já o câmbio em R$ 5,45 e R$ 5,20, respectivamente.

O Brasil e os Estados Unidos firmaram acordo de fluxo bilateral de comércio e investimentos. A medida deve facilitar as transações entre os países, reduzindo a burocracia e aumentando sua transparência.

No mais, aqui continuamos meio que andando de lado, com a economia se recuperando em algumas áreas e em outras ainda hospitalizada, somando-se à complexidade das eleições municipais e expectativas em relação ao novo presidente dos EUA, Joe Biden. Pelo menos na questão sanitária do novo coronavírus, os números a cada dia se mostram melhores e, com a entrada do verão, a expectativa fica ainda melhor.

No agro mundial e brasileiro

O USDA diminuiu novamente a projeção de produção de soja norte-americana do ciclo 2020/21, agora para 116,16 milhões de toneladas. A estimativa para o Brasil foi mantida em 133 milhões e a safra global da oleaginosa em 368,5 milhões, com estoques finais de 88,7 milhões.

Apesar de o plantel de suínos ter crescido este ano na China, estima-se que a produção de carne deverá cair 17% em decorrência da peste suína africana, segundo o Rabobank. O banco ainda projeta que a partir de 2021 a 2025, a China dependerá menos de importações e, portanto, o Brasil deverá se atentar a novos mercados como Filipinas, Vietnã e outros países do sudoeste da Ásia. Novos casos de peste suína foram relatados no sudoeste da China, identificados em cargas ilegais de leitões. Enquanto isso, na Alemanha, 91 casos da doença já foram confirmados. Os países estão em sinal de alerta.

O governo argentino reduziu os impostos sobre as exportações de grãos (as chamadas “retenciones”) de 33% para 30% em outubro. Ainda nesse pacote econômico, o governo deve anunciar tributação zerada para a exportação de bens finais industriais. A Argentina é a maior fornecedora de trigo ao mercado brasileiro, e esta aprovou a liberação de uma variedade transgênica (HB4 da Bioceres) tolerante à seca e ao glufosinato. A comercialização da variedade está sujeita à autorização para importação do Brasil.

Segundo o relatório divulgado pela Fortune Business Insight, o mercado global de substitutos de carne deve chegar a US$ 8,6 bilhões, em valores anuais, até 2026. A Marfrig e a ADM anunciaram o lançamento da PlantPlus Foods, joint-venture que deve focar seus negócios no portfólio de plant-based. As empresas estimam que o mercado potencial de alimentos de base vegetal, nos Estados Unidos e na América do Sul, chegue a US$ 2 bilhões. Boa parte das empresas brasileiras de proteína animal já está ou entrará neste segmento de mercado, que deve crescer mas não ameaçar as carnes tradicionais.

O primeiro boletim da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) sobre a safra brasileira de grãos 2020/21 estima a produção em 268,7 milhões de toneladas, 4,2% a mais que no ciclo passado. A área plantada deve atingir 66,8 milhões de hectares (+1,3%). Para a soja espera-se produção de 133,7 milhões de toneladas (+7,1%) em uma área de 37,8 milhões de hectares (+2,5%); no algodão devemos colher 2,82 milhões de toneladas (-6,3%) em 1,61 milhão de hectares (-3%); enquanto que no milho a safra total está estimada em 105,2 milhões de toneladas (+2,6%) em 18,5 milhões de hectares (-0,2%). Pensamos que este aumento de área, projetado em cerca de 900.000 hectares a mais, é conservador. Em nossa leitura, a área pode chegar próxima a 70 milhões de hectares a depender do clima.

Em mais uma atualização, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) elevou a previsão do VBP (Valor Bruto da Produção) da agropecuária, em setembro, para R$ 806,6 bilhões (+11,5% maior que em 2019). No total, R$ 543 bilhões correspondem à produção agrícola e outros R$ 263,6 bilhões à pecuária. O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) estima que o PIB agropecuário crescerá 1,9% em 2020, motivado pelos excelentes resultados da safra 2019/20. Já para 2021, o instituto projeta crescimento de 2,1%.

Apesar do otimismo para a próxima safra, o plantio da soja está atrasado em relação ao ciclo passado. Tal cenário pode atrapalhar a segunda safra de milho e algodão, visto o encurtamento da janela produtiva. E as chuvas estão muito irregulares ainda, resta a oração!

As exportações do agronegócio registraram valor de US$ 8,56 bilhões em setembro de 2020, incremento de 4,8% frente ao mesmo mês de 2019, de acordo com dados do Mapa. O complexo soja foi o carro-chefe de setembro com vendas de US$ 2,22 bilhões (+3,5%), no entanto, o volume de grãos foi 2,9% inferior, chegando a 4,47 milhões de toneladas, reflexo da redução dos estoques nacionais. Logo em seguida aparecem as carnes, também com queda nas exportações (-5,3%) para US$ 1,36 bilhão, visto que apenas a carne suína teve incremento das vendas em 34,3%, chegando a US$ 187,18 milhões. Cereais e farinhas ficaram na terceira posição, vendendo US$ 1,15 bilhão (+2,6%), com o milho representando 90% desse valor. Tailândia, Indonésia e Vietnã foram destinos destaque. Já as importações do setor atingiram US$ 1,05 bilhão (+0,3%), com destaque para as compras de arroz; dessa forma, o agronegócio deixou um superávit de US$ 7,5 bilhões (+5,4%) para o mês e um acumulado de US$ 68,71 bilhões.

2020 já é o melhor ano para a indústria de carne suína brasileira. As exportações superaram as do ano anterior, com embarques acumulados (jan-set) de 764,9 mil toneladas, contra 750 mil de 2019 (ano todo). O volume comercializado até então é 42,9% superior ao do mesmo intervalo do ano passado (até set), enquanto que a receita, de US$ 1,68 bilhão, é 51,9% superior, de acordo com a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). A demanda por suínos do Brasil deve continuar aquecida nos próximos meses.

O governo brasileiro suspendeu as tarifas de importação para soja e milho de países de fora do Mercosul até 2021. Tal medida visa controlar a inflação nos preços dos alimentos, os quais cresceram em virtude dos baixos estoques e altas do dólar, que levaram a este surpreendente volume de exportações e temores de escassez no mercado interno, complicando os preços das rações e, consequentemente, a vida da turma das carnes, ovos e leite, entre outros.

O Brasil registrou vendas externas de café em R$ 2,5 bilhões em setembro, 35,7% maior que no mesmo mês de 2019, de acordo com o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Foram exportadas 3,8 milhões de sacas (8,6% maior).

No âmbito dos biocombustíveis, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) reduziu o percentual de mistura do biodiesel ao óleo diesel de 12% para 11% para os meses de novembro e dezembro deste ano. A medida ocorreu em função da falta de soja para produção (70% dos custos advêm do grão).

A produção brasileira de ovos deve bater novo recorde neste ano, chegando a 53 bilhões de unidades, 7% a mais do que foi constatado em 2019, de acordo com o IOB (Instituto Ovos Brasil). O consumo per capita também deve crescer para 250 unidades/habitante (+7%), favorecido pelo cenário de pandemia com busca por fontes mais baratas de proteína.

O Arco Norte vem aumentando sua importância no escoamento da produção brasileira de grãos. De acordo com a Conab, considerando dados de jan-ago, 34% da soja e 31% do milho exportados pelo Brasil foram embarcados pelos portos do Arco Norte.

O governo federal simplificou a NR31 referente à legislação de trabalho rural, de modo a trazer mais segurança jurídica às relações trabalhistas, deixando as regras mais claras, além de autorizar treinamentos EaD e a utilização de moradias como alojamento, e criando o conceito de “trabalho itinerante” e o Programa de Gerenciamento de Riscos.

O mercado de defensivos biológicos cresceu 34% entre a safra 2018/19 e 2019/20 no Brasil, movimentando US$ 237 milhões, de acordo com estudo da consultoria Spark. No entanto, tal cifra ainda representa apenas 2,5% do mercado total de defensivos, estimado em US$ 12 bilhões, mas com enorme potencial de crescimento. 

Apesar da conectividade ter avançado no país nos últimos anos, dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) revelam que apenas 10,72% das áreas rurais possuem acesso à rede 4G, limitando o número de produtores que podem desfrutar de inovações e tecnologias da Agricultura 4.0.

Terminamos o mês de outubro com preços incríveis. No fechamento desta coluna, para entregar em cooperativa de São Paulo, a soja estava em R$ 165/saca e da safra 2020/21 sendo negociada a R$ 135/saca. Há um ano estava em R$ 82/saca. No caso do milho, R$79/saca e, para entregas em agosto de 2021, R$ 56/saca. Há um ano, o milho estava em R$ 40/saca. No boi, a arroba era negociada a quase R$ 280. Praticamente nada aponta para a redução destes valores nos próximos dois a três meses.

Os cinco fatos do agro para acompanhar em novembro são:

  1. As chuvas no Brasil e o andamento da safra. Previsões do clima para a safra 2020/21 de grãos é, de longe, a principal variável não apenas no Brasil, mas para o mundo observar;
  2. Os números finais da safra colhida nos EUA e os estoques de passagem;
  3. As importações da China nas carnes e grãos e também dos outros países asiáticos e os impactos nos preços das rações no mercado interno;
  4. As eleições municipais no Brasil, as forças políticas e como caminharemos com as reformas e os seus impactos no câmbio. Os resultados das eleições dos EUA e os impactos no agro do Brasil;
  5. A questão da inflação dos alimentos no Brasil e os danos à imagem do setor junto aos consumidores finais.

Reflexões dos fatos e números da cana em outubro e o que acompanhar em novembro

Na cana

Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar), o total de cana-de-açúcar processada na safra 2020/21, até 16 de outubro, chegou a 538,13 milhões de toneladas, 5% a mais que o registrado no mesmo período de 2019. No acumulado da safra 2020/21, o índice de ATR atingiu 144,32 kg (+4,5%). 239 usinas estavam em operação até o dia 1° de outubro, frente as 234 de 2019. 24 unidades já encerraram as atividades de moagem. A cana está no final.

A produção acumulada de açúcar atingiu a marca de 34,67 milhões de toneladas, montante 45,92% superior ao ano passado. O volume de etanol produzido no acumulado da safra 2020/2021 totalizou 25,57 bilhões de litros, 7,49% inferior ao assinalado no último ciclo.

A Canaplan estima que a safra 2020/21 da região Centro-Sul terminará com 595 milhões de toneladas 2,2% acima do ano passado, uma das melhores safras da história com um ATR total de 143kg/ha. Com isso teremos 37,5 milhões de toneladas de açúcar, e 27,1 bilhões de litros de etanol. Para a próxima safra, a consultoria projeta um processamento de 575,3 milhões de toneladas, gerando 33,4 milhões de toneladas de açúcar (45% do mix) e 25,8 bilhões de litros de etanol (55% do mix).

As exportações do setor sucroenergético em setembro subiram quase 90% em comparação a setembro de 2019, chegando a US$ 1,14 bilhão, de acordo com dados do Mapa.

A produção de cana na Tailândia deve ser 2,6% menor na safra 2020/21 do que no ciclo anterior, fechando em 73,9 milhões de toneladas devido à falta de chuvas nas regiões produtoras, estima o USDA. Como consequência, a produção de açúcar deve diminuir em 450 mil toneladas, com um total de 7,85 milhões (-5%).

No mercado de CBios, a compra pelos distribuidores já totaliza 5,7 milhões de títulos, segundo dados da Unica. Vale recordar que a meta para 2020 é de 14,5 milhões de créditos, sendo que 12 milhões já estão disponíveis para aquisição. O título estava ao redor de R$ 60 no fechamento desta coluna.

Outra boa notícia em relação à sustentabilidade foi que a Raízen vendeu pellets de biomassa de cana para empresas internacionais de energia, principalmente europeias. Segundo a empresa, seu principal concorrente é a madeira, e o poder calorífico do pellet de biomassa está chegando próximo.

O setor de cana tem a melhor empresa do Brasil pelo levantamento do Valor, motivo de orgulho ao segmento. Parabéns mais uma vez à São Martinho.

No açúcar

Em setembro foram exportados US$ 888,38 milhões, com crescimento de 113,3% frente a 2019. A China cresceu suas compras em 230,3%, a Índia em 474% e Bangladesh em 207,4%.

A StoneX estima déficit global de açúcar na temporada 2020/21 (out/set) de 2,2 milhões de toneladas e de 2,6 milhões para 2019/20. A produção global deverá alcançar 183,8 milhões de toneladas em 2020/21, enquanto que a demanda está projetada em 186 milhões. A consultoria ainda projetou uma produção de açúcar brasileiro no Centro-Sul na safra 2021/22 (abr/mar) em 34,6 milhões de toneladas, retração de 8,7% frente ao ciclo anterior. A Datagro também divulgou sua estimativa de produção de 36 milhões de toneladas (-5,3%) e mix de  46,5% para açúcar.

A Datagro estima para a safra 2021/22 a produção de 39,7 milhões de toneladas de açúcar, 2 milhões a menos que nesta. Nesta safra devemos produzir cerca de 38 milhões no Centro-Sul e 41,65 no Brasil todo. O mix da próxima safra deve ser de 46,88% para açúcar.

De acordo com dados divulgados pela Isma (Associação Indiana de Moinhos de Açúcar), a produção de açúcar indiana na safra 2020/21 (out-set) deve ser de 31 milhões de toneladas, crescendo 13% frente à atual, devido à expectativa de crescimento na área plantada em 9%. Com isso, o país asiático deve exportar 6 milhões de toneladas.

O índice de preços no açúcar atingiu os maiores níveis dos últimos sete meses na segunda quinzena de outubro. Os contratos futuros de março foram negociados a 14,72 cents/libra, após quase atingirem 15,00 centavos.

No mercado doméstico, o Cepea/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) registrou preços de açúcar superiores aos R$ 90,00 a saca, o que não era visto desde 2016, e com tendência de alta.

No etanol

A produção de etanol chegou ao acumulado de 25,5 bilhões de litros na safra 2020/21, de acordo com a Unica, 7,5% menor que o registrado em outubro de 2019. As diminuições foram de 4,82% e 8,64% para o etanol anidro e hidratado, respectivamente. A comercialização acumulada de etanol é de 15,9 bilhões de litros, retração de 15% frente ao ano anterior.

A produção de etanol de milho quinzenal em outubro atingiu 120,2 milhões de litros, e o acumulado da safra 20/21 já é 90% maior que a anterior, alcançando 1,27 bilhão de litros. Ainda no mercado de etanol de milho, a FS Bioenergia anunciou que aumentará sua capacidade produtiva da planta em Sorriso - MT, de modo a produzir 810 milhões de litros por ano, 720 mil toneladas de DDGs, 23 mil toneladas de óleo, e até 170 mil Mw de energia elétrica. A planta, que será a maior do país no setor, deve ser inaugurada até a metade de 2021.

As exportações de etanol somaram US$ 124 milhões em setembro, alta de 10,9% frente ao setembro de 2019.

O preço da gasolina nas refinarias da Petrobras será reduzido em 5%, conforme divulgado na última semana de outubro. Com o reajuste, o combustível totalizará queda de preço da ordem de 13,7% desde o começo do ano. Para o diesel deve haver queda de 4%, de modo a totalizar baixa de 27,3% no acumulado do ano. Ou seja, mesmo com o efeito do câmbio, a queda do preço do petróleo neste ano foi grande.

Estimativa realizada pelo Itaú BBA revela que podemos ter um déficit de etanol para atender o mercado interno no ciclo 2021/22 da ordem de 1 bilhão de litros. O preço estimado do hidratado nas usinas pode superar os R$ 2,00/litro ao longo de 2021.

No caso do etanol, a Datagro espera que na safra 2021/22 tenhamos 30,9 bilhões de litros (28,8 bilhões de litros no Centro-Sul), o que representa quase 5 bilhões a menos que 2019/20, incluindo o etanol de milho.

Os novos mandatos para uso de etanol, segundo a Copersucar, podem criar um mercado global adicional de 55 bilhões de litros, puxados pela necessidade de sustentabilidade. Há grande expectativa com a China, Canadá e México, fora o Brasil com o Renovabio. Somente estes quatro mercados podem aumentar cerca de 30 bilhões. Mas a maior chance seria nos EUA, se passar de 10 para 15% a mistura, aumenta em 25 bilhões de litros. O Brasil e os EUA hoje tomam 80% das exportações deste produto, e o volume exportado é de apenas 10% da produção mundial (cerca de 130 bilhões de litros).

Para concluir, os cinco principais fatos para acompanhar em novembro na cadeia da cana:

  1. Observar o consumo de etanol no mercado interno. Ao fechar esta coluna, pelos dados da SCA, o litro do hidratado estava R$ 2,48 com impostos nas usinas e o anidro a R$ 2,56. O barril do petróleo tipo Brent estava em US$ 40,11.
  2. Acompanhar os impactos do coronavírus no consumo mundial do açúcar. Ao fechar a coluna, o açúcar estava em 15 cents/libra peso na tela de março de 2021. Com o câmbio atual, é um elevado preço em reais. Temos bom câmbio, boas exportações para a Ásia, e quebras na Tailândia, o que representou uma grande janela. Para o ano que vem temos que alocar mais cana para etanol e fazer o mercado de açúcar permanecer firme. A Índia, com o aumento de produção, é o fator baixista principal nesta safra que se iniciou. Acredita-se que a maior parte do estoque ainda existente hoje no Brasil já foi vendida.
  3. Os impactos da falta de chuvas no desenvolvimento da safra 2021/22. As expectativas são que teremos apenas 575 milhões de toneladas de cana em 2021/22, entre 3% a 4% a menos que nesta safra.
  4. As exportações de açúcar do Brasil que estão incrivelmente altas e com os estoques caindo, o que pode refletir na situação da próxima safra e preços no mercado interno;
  5. Observar o que deve acontecer com o resultado das eleições nos EUA e as políticas na área do etanol de milho e nas questões ambientais.

Valor do ATR

Começamos em abril com o ATR a R$ 0,70/kg. Em maio, caiu para R$ 0,6934 continuando a cair em junho para R$ 0,676 e em julho para R$ 0,66, trazendo o acumulado para a mínima do ano, R$ 0,676. A partir de então, os ganhos vêm sendo expressivos, com agosto fechando a R$ 0,694 e setembro próximo a R$ 0,73, e outubro com pouco mais de 0,79. Com isto, o acumulado já chegou em R$ 0,705. Creio que encostaremos no R$ 0,74 até o final da safra (valor acumulado).

Homenageado do mês

Desta vez, nossa singela homenagem vai para o prof. dr. Vidal Pedroso de Faria. Um dos clássicos professores da Esalq que nos deixou no final de outubro e fez uma legião de discípulos no agronegócio brasileiro. A obra do professor Vidal, tanto nos aspectos da família que criou, como profissionais, é eterna. À família, meus sentimentos.