Se o ano de 2015 promete uma "tempestade perfeita" para as empresas brasileiras, com demanda fraca, inflação alta, preços das commodities em baixa, elevação das taxas de juros e instabilidade cambial, 2016 pode ser ainda pior, alerta a agência de classificação de risco Fitch.
No próximo ano, vence um grande volume de títulos de dívidas ("bonds") de companhias nacionais, que precisarão ser roladas, pois as dificuldades de geração de caixa das empresas não permitirão pagamento antecipado.
"O Brasil precisa fazer o dever de casa em 2015, aprovando reformas para que o investidor entenda que há uma agenda positiva para gerar benefícios em 2016", acredita o diretor sênior da Fitch, Ricardo Carvalho.
Segundo ele, é necessária uma mudança nas expectativas do mercado em relação ao Brasil, principalmente no segundo semestre, para que a oferta de crédito externo retorne em 2016, ainda que com custos mais elevados do contrário, mantido cenário igual e um mercado retraído, o próximo ano apresenta um risco maior para as empresas locais.
No primeiro semestre deste ano, em meio às investigações de corrupção na Petrobras, com consequente aumento na aversão ao risco, o mercado internacional de emissões fechouse para empresas brasileiras. No mercado interno, o crédito tornouse mais caro e seletivo, com bancos exigindo maiores garantias para a rolagem de empréstimos.
Neste cenário, diante da perspectiva ruim para a geração de caixa das companhias e das pressões na ponta financeira com juros e dólar em alta, a tendência é de um aumento generalizado dos indicadores de alavancagem.
Os rebaixamentos de ratings tendem a ter seu pior ano ao menos desde 2004, prevê Carvalho. Daquele ano até 2013, as elevações sempre superaram os rebaixamentos para companhias brasileiras, refletindo dez anos de bom momento econômico para o país. Em 2014, porém, a relação se inverteu e as baixas superaram as altas em três vezes. Neste ano, apenas no primeiro trimestre, foram 11 rebaixamentos e nenhuma elevação, no que deve ser uma tendência para os próximos meses, diz o analista.
O cenário é mais alarmante para o setor de construção pesada, envolvido diretamente na Operação LavaJato e com companhias entrando em recuperação judicial como a OAS e a Galvão Engenharia. Para além do crédito restrito e do setor de infraestrutura paralisado, há pouca visibilidade com relação a penalidades para as companhias e à habilidade de continuarem operando junto a entes públicos.
Também o setor de construção residencial está na berlinda, por ser muito dependente de variáveis macroeconômicas. "Esperamos para este ano um aumento relevante dos estoques e um avanço no número de distratos", diz Carvalho. Sofrendo há ao menos dois anos com custos adicionais, pressão na geração de caixa e menor oferta de crédito, o setor deverá reduzir lançamentos.
O setor de açúcar e etanol também deve ser alvo fácil para rebaixamentos de ratings. Formado por empresas familiares, com estrutura de capital alavancada, o segmento enfrenta baixas cotações do açúcar e o controle da Petrobras sobre o preço do combustível na bomba.
"Com problemas de geração de caixa e de liquidez, num contexto de crédito mais seletivo, caro e de curto prazo, criase a combinação perfeita para eventos de default", antecipa o analista da Fitch, citando os casos recentes da Aralco e do Grupo Virgolino de Oliveira (GVO), que podem puxar a fila de novos calotes entre as empresas.
A Fitch prevê uma contração de 0,4% do produto interno bruto (PIB) brasileiro em 2015. Antes de uma possível melhora em 2016, a agência de risco avalia que o cenário macroecômico brasileiro deve se tornar ainda pior ao longo deste ano, com a deterioração de indicadores como o nível de desemprego. "A curva ainda não captura, por exemplo, os problemas das construtoras", acredita o analista.
Em relação a um possível racionamento de energia elétrica, a agência avalia que o risco foi significativamente aliviado pela tendência de recuperação dos reservatórios das hidrelétricas e pela menor expansão da atividade industrial em 2015, além de preços mais altos para os consumidores finais.
Se o ano de 2015 promete uma "tempestade perfeita" para as empresas brasileiras, com demanda fraca, inflação alta, preços das commodities em baixa, elevação das taxas de juros e instabilidade cambial, 2016 pode ser ainda pior, alerta a agência de classificação de risco Fitch.
No próximo ano, vence um grande volume de títulos de dívidas ("bonds") de companhias nacionais, que precisarão ser roladas, pois as dificuldades de geração de caixa das empresas não permitirão pagamento antecipado.
"O Brasil precisa fazer o dever de casa em 2015, aprovando reformas para que o investidor entenda que há uma agenda positiva para gerar benefícios em 2016", acredita o diretor sênior da Fitch, Ricardo Carvalho.
Segundo ele, é necessária uma mudança nas expectativas do mercado em relação ao Brasil, principalmente no segundo semestre, para que a oferta de crédito externo retorne em 2016, ainda que com custos mais elevados do contrário, mantido cenário igual e um mercado retraído, o próximo ano apresenta um risco maior para as empresas locais.
No primeiro semestre deste ano, em meio às investigações de corrupção na Petrobras, com consequente aumento na aversão ao risco, o mercado internacional de emissões fechouse para empresas brasileiras. No mercado interno, o crédito tornouse mais caro e seletivo, com bancos exigindo maiores garantias para a rolagem de empréstimos.
Neste cenário, diante da perspectiva ruim para a geração de caixa das companhias e das pressões na ponta financeira com juros e dólar em alta, a tendência é de um aumento generalizado dos indicadores de alavancagem.
Os rebaixamentos de ratings tendem a ter seu pior ano ao menos desde 2004, prevê Carvalho. Daquele ano até 2013, as elevações sempre superaram os rebaixamentos para companhias brasileiras, refletindo dez anos de bom momento econômico para o país. Em 2014, porém, a relação se inverteu e as baixas superaram as altas em três vezes. Neste ano, apenas no primeiro trimestre, foram 11 rebaixamentos e nenhuma elevação, no que deve ser uma tendência para os próximos meses, diz o analista.
O cenário é mais alarmante para o setor de construção pesada, envolvido diretamente na Operação LavaJato e com companhias entrando em recuperação judicial como a OAS e a Galvão Engenharia. Para além do crédito restrito e do setor de infraestrutura paralisado, há pouca visibilidade com relação a penalidades para as companhias e à habilidade de continuarem operando junto a entes públicos.
Também o setor de construção residencial está na berlinda, por ser muito dependente de variáveis macroeconômicas. "Esperamos para este ano um aumento relevante dos estoques e um avanço no número de distratos", diz Carvalho. Sofrendo há ao menos dois anos com custos adicionais, pressão na geração de caixa e menor oferta de crédito, o setor deverá reduzir lançamentos.
O setor de açúcar e etanol também deve ser alvo fácil para rebaixamentos de ratings. Formado por empresas familiares, com estrutura de capital alavancada, o segmento enfrenta baixas cotações do açúcar e o controle da Petrobras sobre o preço do combustível na bomba.
"Com problemas de geração de caixa e de liquidez, num contexto de crédito mais seletivo, caro e de curto prazo, criase a combinação perfeita para eventos de default", antecipa o analista da Fitch, citando os casos recentes da Aralco e do Grupo Virgolino de Oliveira (GVO), que podem puxar a fila de novos calotes entre as empresas.
A Fitch prevê uma contração de 0,4% do produto interno bruto (PIB) brasileiro em 2015. Antes de uma possível melhora em 2016, a agência de risco avalia que o cenário macroecômico brasileiro deve se tornar ainda pior ao longo deste ano, com a deterioração de indicadores como o nível de desemprego. "A curva ainda não captura, por exemplo, os problemas das construtoras", acredita o analista.
Em relação a um possível racionamento de energia elétrica, a agência avalia que o risco foi significativamente aliviado pela tendência de recuperação dos reservatórios das hidrelétricas e pela menor expansão da atividade industrial em 2015, além de preços mais altos para os consumidores finais.