Venda de defensivos deve cair 23% neste ano

18/12/2015 Geral POR: Valor economico
Por Mariana Caetano
As vendas de defensivos agrícolas no país devem fechar 2015 em queda, como as projeções já vinham apontando, mas o tombo será ainda maior que o inicialmente previsto. Levantamento realizado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), e obtido com exclusividade pelo Valor, indica um redução de 23% na receita em dólar do setor este ano, para US$ 9,5 bilhões ¬ a primeira baixa desde 2009. 
A previsão anterior era de um recuo de 15% a 20% na comercialização do país, que é o maior consumidor global de agrotóxicos. "Revisamos nossa expectativa porque o cenário não melhorou. A dificuldade de acesso ao crédito por parte dos produtores permaneceu. Pesou também a desvalorização do real e o contrabando", disse Silvia Fagnani, que é vice¬presidente executiva do Sindiveg. No primeiro semestre de 2015, o recuo nas vendas do setor ficou em 25%, de US$ 3,6 bilhões para US$ 2,7 bilhões. 
O ajuste fiscal promovido pelo governo atrasou a liberação do crédito rural, que também ficou mais caro. Além disso, o dólar firme ante o real encareceu os defensivos, que têm boa parte de seus ingredientes ativos importados. Conforme Silvia, a indústria não teve como repassar toda essa alta ao agricultor e provavelmente terá que recuperar essa diferença em 2016, principalmente se o dólar continuar subindo. 
O contrabando, que historicamente representava 10% do mercado, também já bate na casa dos 20%, nas contas do Sindiveg. Geralmente, esses produtos saem da China e da Índia e chegam ao Brasil via Paraguai e Uruguai. 
Na avaliação da vice¬presidente executiva do Sindiveg, a dificuldade em se obter registros de agroquímicos no país favorece o mercado paralelo. 
É o caso do benzoato de emamectina, inseticida cujo uso emergencial foi liberado na Bahia e em Mato Grosso contra a helicoverpa, lagarta que vem atacando as lavouras nas últimas duas safras. "O produto continua na fila de registro no Brasil, mas essas duas permissões abriram espaço para o mercado informal. É o produto mais contrabandeado no país nos últimos dois anos", afirmou.
 O setor de agroquímicos vinha crescendo a taxas de dois dígitos no Brasil, desacelerou um pouco no ano passado (o avanço foi de 7%), até enfrentar essa queda brusca prevista para 2015. Para Silvia, os volumes vendidos também tendem a cair: entre 15% e 20%. 
Na moeda brasileira, contudo, o incremento da receita das empresas do setor estaria assegurado. Considerando a Ptax média do início deste ano até ontem (R$ 3,3164), cálculos do Valor Data apontam que os US$ 9,5 bilhões projetados pelo Sindiveg seriam equivalentes a R$ 31,5 bilhões. Em 2014, quando a Ptax média foi de R$ 2,3550, esse montante ficou em R$ 28,7 bilhões. 
Entre as culturas, a soja deve permanecer como a locomotiva do segmento, responsável por mais de 50% das vendas de agrotóxicos no Brasil. Na sequência, vêm milho, algodão e cana-de¬açúcar, estima o Sindiveg. Na avaliação entre as categorias, também não deve haver alterações: inseticidas tendem a permanecer na liderança, seguidos por herbicidas e fungicidas.
Para o ano que vem, a perspectiva do Sindiveg é de uma estabilidade na receita do setor. "Com muito otimismo, esperamos um novo 2015", previu Silvia.
Por Mariana Caetano
As vendas de defensivos agrícolas no país devem fechar 2015 em queda, como as projeções já vinham apontando, mas o tombo será ainda maior que o inicialmente previsto. Levantamento realizado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), e obtido com exclusividade pelo Valor, indica um redução de 23% na receita em dólar do setor este ano, para US$ 9,5 bilhões ¬ a primeira baixa desde 2009. 
A previsão anterior era de um recuo de 15% a 20% na comercialização do país, que é o maior consumidor global de agrotóxicos. "Revisamos nossa expectativa porque o cenário não melhorou. A dificuldade de acesso ao crédito por parte dos produtores permaneceu. Pesou também a desvalorização do real e o contrabando", disse Silvia Fagnani, que é vice¬presidente executiva do Sindiveg. No primeiro semestre de 2015, o recuo nas vendas do setor ficou em 25%, de US$ 3,6 bilhões para US$ 2,7 bilhões. 
O ajuste fiscal promovido pelo governo atrasou a liberação do crédito rural, que também ficou mais caro. Além disso, o dólar firme ante o real encareceu os defensivos, que têm boa parte de seus ingredientes ativos importados. Conforme Silvia, a indústria não teve como repassar toda essa alta ao agricultor e provavelmente terá que recuperar essa diferença em 2016, principalmente se o dólar continuar subindo. 
O contrabando, que historicamente representava 10% do mercado, também já bate na casa dos 20%, nas contas do Sindiveg. Geralmente, esses produtos saem da China e da Índia e chegam ao Brasil via Paraguai e Uruguai. 
Na avaliação da vice¬presidente executiva do Sindiveg, a dificuldade em se obter registros de agroquímicos no país favorece o mercado paralelo. 
É o caso do benzoato de emamectina, inseticida cujo uso emergencial foi liberado na Bahia e em Mato Grosso contra a helicoverpa, lagarta que vem atacando as lavouras nas últimas duas safras. "O produto continua na fila de registro no Brasil, mas essas duas permissões abriram espaço para o mercado informal. É o produto mais contrabandeado no país nos últimos dois anos", afirmou.
 O setor de agroquímicos vinha crescendo a taxas de dois dígitos no Brasil, desacelerou um pouco no ano passado (o avanço foi de 7%), até enfrentar essa queda brusca prevista para 2015. Para Silvia, os volumes vendidos também tendem a cair: entre 15% e 20%. 
Na moeda brasileira, contudo, o incremento da receita das empresas do setor estaria assegurado. Considerando a Ptax média do início deste ano até ontem (R$ 3,3164), cálculos do Valor Data apontam que os US$ 9,5 bilhões projetados pelo Sindiveg seriam equivalentes a R$ 31,5 bilhões. Em 2014, quando a Ptax média foi de R$ 2,3550, esse montante ficou em R$ 28,7 bilhões. 
Entre as culturas, a soja deve permanecer como a locomotiva do segmento, responsável por mais de 50% das vendas de agrotóxicos no Brasil. Na sequência, vêm milho, algodão e cana-de¬açúcar, estima o Sindiveg. Na avaliação entre as categorias, também não deve haver alterações: inseticidas tendem a permanecer na liderança, seguidos por herbicidas e fungicidas.
Para o ano que vem, a perspectiva do Sindiveg é de uma estabilidade na receita do setor. "Com muito otimismo, esperamos um novo 2015", previu Silvia.