Vinhaça como protagonista no trato de soqueira

24/05/2019 Agronegócio POR: Revista Canavieiros
Por: Marino Guerra


Diante de períodos de colheita cada vez mais secos,é nítida a diferença das áreas de vinhaça em relação às de sequeiro. A realidade de manejo e produtividade de cana hoje é bem parecida com a da soja, seja aquela que está debaixo de um pivô e daquela que não é irrigada.

Nesse cenário, o especialista em irrigação, Osvaldo Arce de Brito, acredita que as unidades industriais precisam valorizar ainda mais o uso da vinhaça ao quebrar o paradigma interno de status operacional e passá-la para a área de tratos culturais.
Diante desse ganho de importância, o primeiro trabalho a ser feito é o de planejamento de aplicação, dividindo-o em duas técnicas, o uso de carretel enrolador autopropelido e o sistema localizado.

Quanto ao carretel, Brito diz que não tem como fugir de sua utilização, pois mesmo sabendo de sua baixa uniformidade e perda por deriva, é preciso prestar atenção a alguns detalhes para mitigar as características negativas da máquina como pressão da operação, velocidade de recolhimento da mangueira e paralelismo entre as esticadas (pensando na sequência dos dias de uso).

Com isso,ele aponta para a formação de três equipes distintas, sendo uma focada no mapa de aplicação, a segunda dedicada à montagem e a terceira nos procedimentos da aplicação. Como exemplo prático, Brito cita que se a lâmina for menor que 8 mm, em uma distância média de 20 metros e com alta velocidade, é bem possível que não caia nada no solo.

Sobre a aplicação localizada,o especialista mostra que é preciso estar atento quanto a direção do jato, que precisa atingir a linha da cana, destacando a logística como um grande desafio. Para o alto tempo de aplicação e abastecimento, que ainda é pouco eficiente,aponta que é preciso ter um planejamento para o tanque suportar e despejar a vinhaça ao longo de todo o talhão, eliminando custos com as equipes de reabastecimento e, principalmente,o pisoteio na soqueira.

Para se atingir o limiar da eficiência ainda é preciso utilizar a vinhaça com um intervalo pós-colheita de, no máximo, 20 dias, vislumbrando um possível ganho acima de 10 toneladas por hectare de cana.Caso esse intervalo não seja obedecido, o canavial ainda será beneficiado com o adubo, porém as vantagens da água em uma soqueira recém-cortada serão perdidas.

Uma informação importante é que ao tratar a vinhaça com mais precisão, Brito garante ser possível chegar muito próximo da área total, ou seja, com planejamento pode-se acabar com a área de sequeiro em cana-de-açúcar sem retirar uma gota de água de rios, lagos ou poços.