Mais conhecida por sua atuação na construção civil, a Votorantim Cimentos pretende consolidarse nos próximos anos como referência também na produção de calcário para a agricultura. A divisão do grupo controlado pela família Ermírio
de Moraes irá investir R$ 160 milhões para a construção e adaptação de novas fábricas do insumo no país para dobrar sua fatia de mercado no segmento, hoje de 8%, até 2021.
Até então vista como um negócio marginal para a companhia, a comercialização de calcário agrícola ganha agora status de unidade estratégica em meio aos planos de diversificação da Votorantim. A decisão foi tomada diante de duas constatações: a queda no mercado de construção civil e o avanço expressivo do campo.
"Com a expansão da fronteira agrícola, a demanda por calcário vai crescer, sobretudo no Cerrado, onde o solo necessita de maior correção. A experiência também mostra que a calagem ajuda na produtividade da lavoura", disse Laercio Solla, gerentegeral para agricultura da Votorantim Cimentos, ao Valor. O mineral é usado por produtores para corrigir a acidez do solo, além de fornecer cálcio e magnésio indispensáveis para a nutrição das plantas.
A ambição da divisão de cimentos, que em 2016 teve receita líquida de R$ 12,7 bilhões (47% da receita total do grupo), não é pequena. Há quase 30 anos na praça com a marca Calcário Itaú referência à primeira fábrica do grupo, em Itaú de Minas (MG) , a companhia pretende usar sua capacidade de padronização e a capilaridade geográfica de suas fábricas para se tornar líder nacional também nesse setor. Mais que isso: pretende exercer o direito de lavra em áreas ainda não exploradas. A Votorantim é hoje a maior detentora de direitos minerais no Brasil.
Solla afirmou que os aportes, já iniciados, serão destinados a abertura de novas jazidas e construção de linhas adicionais de calcário em algumas das 22 fábricas de cimento existentes. O foco está no eixo de maior expansão potencial do campo Matopiba e Itaituba, no Pará, para onde parte dos grãos do CentroOeste começa a ser escoada.
Apesar do reposicionamento do calcário agrícola dentro do grupo, iniciado há dois anos, o negócio em si apresenta números minúsculos se comparado ao "core" da divisão. Em 2015, cimentos, argamassas e agregados totalizaram 65,8 milhões de toneladas em 2015 na Votorantim Cimentos ante menos de 2 milhões de toneladas de calcário agrícola. Os R$ 160 milhões a serem investidos pela companhia também não fazem ondas frente às cifras bilionárias dos aportes gerais previstos nos relatórios anuais do grupo.
Olhado isoladamente, no entanto, tratase de um segmento que não pode ser desprezado. "É, sem dúvida, um mercado importante na agricultura, referente a numa etapa indispensável da produção", disse Rafael Ribeiro, da Scot Consultoria. Segundo ele, diferentemente do mercado de fertilizantes, influenciado pelo dólar, o calcário não sofre grandes volatilidades nos preços por estar mais atrelado à oferta e à demanda do insumo no mercado interno.
Dados da Abracal, associação dos produtores do insumo, mostram que o Brasil produziu 31,8 milhões de toneladas de calcário agrícola em 2015, liderado por Minas Gerais e Mato Grosso, com 5,7 milhões de toneladas cada. Em 2016, a Votorantim produziu 2,8 milhões de toneladas de calcário agrícola e espera chegar a 3,2 milhões de toneladas em 2017, volume que pretende dobrar nos próximos quatro anos.
Altamente pulverizado, o setor tem hoje cerca de 200 fornecedores no país para atender a demanda doméstica o Brasil não importa o insumo. Grandes "players" incluem os grupos J. Demito (com atuação forte em Mapitoba), Emal e Copacel (Mato Grosso) e Belocal (voltado ao mercado do Sudeste).
Segundo Solla, a Votorantim pretende criar linhas de calcário anexas à de cimento em suas unidades em Nobres (MT), Xambioa (TO), Primavera (PA) e Idealina (GO), e construir duas fábricas de calcário no Pará e Matopiba. A companhia avalia a melhor localização para os projetos nas regiões de Itaituba e Luís Eduardo Magalhães (BA). "Como a empresa detém direitos mineiros tanto no lado da fronteira baiana quanto em Tocantins, ainda estamos estudando a localização ideal, considerando logística e infraestrutura", afirmou. Os projetos terão capacidade mínima de 500 mil toneladas por ano.
Embora esteja subordinada à Votorantim Cimentos, a unidade de calcário também receberá o mineral ainda que em menor parte da Votorantim Metais. Além disso, a companhia quer aproveitar sua participação na Citrosuco e Fibria para usar o calcário em novos experimentos, intensificando as sinergias no grupo, disse o executivo. Segundo Solla, cerca de 75% do calcário no Brasil é do tipo dolamítico, que não serve para cimento mas é ótimo para a agricultura. "E quem não quer agora dar foco no setor agrícola brasileiro?", indagou.
Mais conhecida por sua atuação na construção civil, a Votorantim Cimentos pretende consolidarse nos próximos anos como referência também na produção de calcário para a agricultura. A divisão do grupo controlado pela família Ermírio
de Moraes irá investir R$ 160 milhões para a construção e adaptação de novas fábricas do insumo no país para dobrar sua fatia de mercado no segmento, hoje de 8%, até 2021.
Até então vista como um negócio marginal para a companhia, a comercialização de calcário agrícola ganha agora status de unidade estratégica em meio aos planos de diversificação da Votorantim. A decisão foi tomada diante de duas constatações: a queda no mercado de construção civil e o avanço expressivo do campo.
"Com a expansão da fronteira agrícola, a demanda por calcário vai crescer, sobretudo no Cerrado, onde o solo necessita de maior correção. A experiência também mostra que a calagem ajuda na produtividade da lavoura", disse Laercio Solla, gerentegeral para agricultura da Votorantim Cimentos, ao Valor. O mineral é usado por produtores para corrigir a acidez do solo, além de fornecer cálcio e magnésio indispensáveis para a nutrição das plantas.
A ambição da divisão de cimentos, que em 2016 teve receita líquida de R$ 12,7 bilhões (47% da receita total do grupo), não é pequena. Há quase 30 anos na praça com a marca Calcário Itaú referência à primeira fábrica do grupo, em Itaú de Minas (MG) , a companhia pretende usar sua capacidade de padronização e a capilaridade geográfica de suas fábricas para se tornar líder nacional também nesse setor. Mais que isso: pretende exercer o direito de lavra em áreas ainda não exploradas. A Votorantim é hoje a maior detentora de direitos minerais no Brasil.
Solla afirmou que os aportes, já iniciados, serão destinados a abertura de novas jazidas e construção de linhas adicionais de calcário em algumas das 22 fábricas de cimento existentes. O foco está no eixo de maior expansão potencial do campo Matopiba e Itaituba, no Pará, para onde parte dos grãos do CentroOeste começa a ser escoada.
Apesar do reposicionamento do calcário agrícola dentro do grupo, iniciado há dois anos, o negócio em si apresenta números minúsculos se comparado ao "core" da divisão. Em 2015, cimentos, argamassas e agregados totalizaram 65,8 milhões de toneladas em 2015 na Votorantim Cimentos ante menos de 2 milhões de toneladas de calcário agrícola. Os R$ 160 milhões a serem investidos pela companhia também não fazem ondas frente às cifras bilionárias dos aportes gerais previstos nos relatórios anuais do grupo.
Olhado isoladamente, no entanto, tratase de um segmento que não pode ser desprezado. "É, sem dúvida, um mercado importante na agricultura, referente a numa etapa indispensável da produção", disse Rafael Ribeiro, da Scot Consultoria. Segundo ele, diferentemente do mercado de fertilizantes, influenciado pelo dólar, o calcário não sofre grandes volatilidades nos preços por estar mais atrelado à oferta e à demanda do insumo no mercado interno.
Dados da Abracal, associação dos produtores do insumo, mostram que o Brasil produziu 31,8 milhões de toneladas de calcário agrícola em 2015, liderado por Minas Gerais e Mato Grosso, com 5,7 milhões de toneladas cada. Em 2016, a Votorantim produziu 2,8 milhões de toneladas de calcário agrícola e espera chegar a 3,2 milhões de toneladas em 2017, volume que pretende dobrar nos próximos quatro anos.
Altamente pulverizado, o setor tem hoje cerca de 200 fornecedores no país para atender a demanda doméstica o Brasil não importa o insumo. Grandes "players" incluem os grupos J. Demito (com atuação forte em Mapitoba), Emal e Copacel (Mato Grosso) e Belocal (voltado ao mercado do Sudeste).
Segundo Solla, a Votorantim pretende criar linhas de calcário anexas à de cimento em suas unidades em Nobres (MT), Xambioa (TO), Primavera (PA) e Idealina (GO), e construir duas fábricas de calcário no Pará e Matopiba. A companhia avalia a melhor localização para os projetos nas regiões de Itaituba e Luís Eduardo Magalhães (BA). "Como a empresa detém direitos mineiros tanto no lado da fronteira baiana quanto em Tocantins, ainda estamos estudando a localização ideal, considerando logística e infraestrutura", afirmou. Os projetos terão capacidade mínima de 500 mil toneladas por ano.
Embora esteja subordinada à Votorantim Cimentos, a unidade de calcário também receberá o mineral ainda que em menor parte da Votorantim Metais. Além disso, a companhia quer aproveitar sua participação na Citrosuco e Fibria para usar o calcário em novos experimentos, intensificando as sinergias no grupo, disse o executivo. Segundo Solla, cerca de 75% do calcário no Brasil é do tipo dolamítico, que não serve para cimento mas é ótimo para a agricultura. "E quem não quer agora dar foco no setor agrícola brasileiro?", indagou.