Cana aprendizado

Cana aprendizado

12/05/2022 Noticias POR: MARINO GUERRA


Fernando Martins, Fredson Correa, Guilherme Bisinotto e Flávio Guidi (RTV Copercana Uberaba): Troca de conhecimento é uma das formas de aprendizado da operação

 

"Estou em cima da minha mesa para lembrar que devemos constantemente olhar para as coisas de uma maneira diferente”, frase do professor John Keating no clássico filme: “Sociedade dos Poetas Mortos”.
De sua altitude superior a mil metros, o produtor Fernando Martins, que lidera o Grupo Chapadão, operação agrícola com sede em Uberaba-MG produtora de cana-de-açúcar e grãos, acima dos manejos, se destaca pelo inconformismo dos grandes aprendizes, com a mente e os olhos preparados para absorver, processar, racionalizar e depois adaptar o novo à sua realidade.

Uma segunda virtude de quem está sempre disposto a aprender é ouvir opiniões e trazer para o seu lado profissionais capazes de desvendar questões e com isso tomar a melhor decisão, que nem sempre será a certa (só o tempo é capaz de revelar isso), mas que ao passar por esse processo, no mínimo, será mais fácil encontramos os fatores de seu insucesso.

Dessa forma, ao lado dos agrônomos, Fredson Correa e Guilherme Bisinotto, os trabalhos estão de forma intensa no combate ao maior ladrão de produtividade do Triângulo Mineiro, o Sphenophorus Levis. Sendo a rotação de cultura prolongada o principal manejo adotado que pode chegar, conforme a infestação, até três anos sem o plantio de cana: “Chegamos a perder 60% da produtividade em alguns talhões. Buscamos saber como ela se prolifera e descobrimos que ele não anda, mas é transportado, como em máquinas e implementos. Dessa forma decidimos desenvolver duas ações: a primeira é uma rotina de limpeza na troca de bloco ou talhão em tudo que pode ser seu veículo. Já a segunda é nas áreas que entram em reforma, após analisar a população, definimos quanto tempo ficarão sem a cana, até que ele seja exterminado por falta de teto”, explica Fernando.

Quanto as culturas que serão escolhidas, o produtor cultiva no verão primordialmente a soja e na safrinha toma a decisão entre o milho, sorgo e trigo, baseado em fatores como a janela de plantio, previsões climáticas e as projeções de mercado.
Uma outra característica do manejo de plantio da casa, que foi implementada depois de muito estudo e influenciada pela estratégia de combate ao bicudo da cana é a adoção de 100% de MPBs (mudas pré-brotadas) utilizadas na constituição de viveiros de mudas que posteriormente integrarão o canavial comercial.

“A sanidade das mudas é algo inegociável aqui na fazenda, se tivermos algum problema preferimos não plantar ao correr o risco de prejudicar todo trabalho que fazemos para o controle do Sphenophorus”, disse Martins sobre a falta de rigor sanitário no plantio ser um dos principais fatores disseminadores da praga.

Mas há um segundo motivo no investimento, agilizar o processo de atualização genética, como explica o produtor:

“Antes de decidirmos pela variedade estudamos muito, conversamos bastante com o pessoal de diversos viveiros. Após a decisão, trazemos para a fazenda e cultivamos em canteiros onde será observada a adaptação ao ambiente”. Através desse processo, já entrou no canavial comercial a IACSP95-5094, que se adaptou muito em áreas mais úmidas; a RB975242 e a aposta na RB127825. Contudo ele confessa mantém algumas tradicionais que entrega resultados satisfatórios. “A SP801816 era uma variedade boa, porém aqui na altitude isoporizava demais. Fizemos o teste de colhe-la dois meses antes, de agosto para junho, e respondeu com a elevação em 20 toneladas por hectare”, relata Fernando.

Outra regra de qualidade é quanto a produtividade, o trabalho deles é chegar em pelo menos sete cortes com TCH de 100 na média, abaixo de 75 entra o arrancador de soqueira. Como aconteceu no ano passado em talhões de terceiro corte vítimas da geada e posterior incêndio, dos quais só pelo perfilhamento já se via a queda brusca na produtividade.

E para alcançar essa performance é executado um minucioso preparo de solo com ações de descompactação e correção (perante análise de solo). A proteção em sulco é feita através do manejo integrado enquanto que a adubação é a base de MAP com molibdênio, aminoácidos e bioestimulantes. Contudo, mediante a instabilidade no mercado de fertilizantes, está em “estudo” uma solução bioativa que mistura fosfato natural, esterco e microrganismos que disponibilizam o fósforo já presente no solo.


O preparo de solo, com ações de descompactação e correção é uma das práticas adotadas pelo Grupo Chapadão