O boom da balança comercial no agronegócio brasileiro e paulista em 2023

O boom da balança comercial no agronegócio brasileiro e paulista em 2023

26/02/2024 Noticias POR: Fernanda Clariano com informações da Assessoria de Comunicação da APTA

As exportações do agronegócio paulista alcançaram US$ 28,39 bilhões no ano passado

As exportações do agronegócio no estado de São Paulo em 2023 atingiram um marco histórico de US$ 28,39 bilhões, de acordo com dados recentemente divulgados pelo IEA (Instituto de Economia Agrícola), da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado. Esse valor representa um significativo aumento de 9,3% em relação ao ano anterior, impulsionado por diversos setores do agronegócio paulista.

Além disso, as importações registraram uma queda de 1,0% no mesmo período, totalizando US$ 5,05 bilhões. Esse cenário contribuiu para que o saldo da balança comercial do agronegócio alcançasse um superávit de US$ 23,34 bilhões, um aumento de 11,8% em comparação com os números de 2022.

O coordenador da APTA, Carlos Nabil Ghobril, e os pesquisadores do IEA, José Alberto Angelo e Marli Dias Mascarenhas de Oliveira, previam que esses resultados em valores absolutos até dezembro de 2023 indicavam a grande possibilidade das exportações e do saldo do agro paulista de ultrapassar os valores recordes (US$ 25,98 e US$ 20,89 bilhões, respectivamente) obtidos em 2022.

A participação das exportações do agronegócio paulista no total do estado em 2023 foi de 40,0%, enquanto das importações setoriais foi de 7,0%. Neste ano, as exportações totais de São Paulo já somaram US$ 71,03 bilhões (20,9% do total nacional), e as importações, US$ 71,78 bilhões (29,8% do total do país). Em relação ao mesmo período de 2022, houve aumento nas exportações de 2,0% e queda de 12% nas importações.

Há de se destacar que as exportações de São Paulo nos demais setores da economia - exclusive o agronegócio - somaram US$ 42,64 bilhões, e as importações, US$ 66,73 bilhões, gerando um déficit externo desse agregado de US$ 24,09 bilhões em 2023. Dessa forma, conclui-se que o déficit do comércio exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho do agronegócio estadual, cujo saldo se manteve positivo (US$ 23,34 bilhões).

Principais produtos impulsionaram recorde nas exportações do agronegócio paulista em 2023

O ano de 2023 revelou uma robustez notável nos números das exportações do agronegócio paulista, impulsionada pelos cinco principais produtos que representaram expressivos 79,3% das vendas totais. De acordo com dados do IEA, o complexo sucroalcooleiro liderou o ranking, atingindo US$ 10,76 bilhões em exportações. Nesse contexto, o açúcar foi responsável por 88,2% desse montante, enquanto o álcool etílico - etanol representou 11,8% das transações.

Em segundo lugar, o complexo soja despontou com US$ 3,64 bilhões em vendas, com a soja em grão abarcando expressivos 82,7% do valor total desse grupo. Logo após, o setor de carnes se destacou, movimentando US$ 3,15 bilhões, sendo a carne bovina responsável por 82,6% desse valor.

Adicionalmente, os produtos florestais atingiram US$ 2,70 bilhões em exportações, com a celulose e o papel representando parcelas significativas de 51,1% e 41,1%, respectivamente. Por fim, o grupo de sucos, com destaque para o suco de laranja, alcançou US$ 2,27 bilhões, abarcando expressivos 97,7% do valor total das exportações de sucos.

O grupo de café, tradicional nas vendas externas paulistas, aparece na oitava posição, com vendas de US$ 896,95 milhões (69,0% referentes ao café verde e 24,4% de café solúvel).

Em 2023, na comparação com 2022, importantes alterações nos valores exportados dos principais grupos de produtos da pauta paulista registraram aumentos para os do complexo sucroalcooleiro (+26,8%) e de sucos (+18,3%), e quedas nos de carnes (-21,1%), café (-11,8%), florestais (-1,2%) e complexo soja (-0,2%).

Esses números ressaltam a relevância e a diversidade dos segmentos do agronegócio paulista, consolidando o estado como um protagonista na balança comercial do setor não apenas nacionalmente, mas também internacionalmente.

Principais destinos das exportações paulistas

No cenário das exportações do estado de São Paulo, a China reafirma sua posição como destino líder, absorvendo um impressionante montante de US$ 7,26 bilhões em produtos, correspondendo a uma fatia substancial de 25,6% do total do setor agropecuário paulista em 2023.

Em um levantamento recente, a União Europeia aparece como o segundo ponto de destaque, recebendo cerca de US$ 3,83 bilhões em produtos paulistas. Essa cifra representa uma significativa parcela de 11,9% das exportações, fortalecendo as relações comerciais entre o estado e o bloco europeu.

Os Estados Unidos, com um montante de US$ 2,81 bilhões, posicionam-se em terceiro lugar como destino das exportações paulistas, registrando um notável aumento de 9,41% em valores, consolidando sua importância como parceiros comerciais, crucial para São Paulo.

Adentrando a lista dos principais destinos, em termos de participação, destacam-se também países como Índia, Indonésia, Arábia Saudita, Nigéria, Argélia, Coreia do Sul e Marrocos. Essas nações, apesar de representarem uma fatia menor individualmente, coletivamente compõem uma significativa parcela de 65% do total das exportações do estado.

 Dos três principais parceiros do agro SP, a China importou principalmente produtos do complexo soja (33,4%), carnes (22,3%), setor sucroalcooleiro (18,6%) e produtos florestais (13,5%). A União Europeia predomina o grupo de sucos (33,8%, basicamente de laranja), seguidos do sucroalcooleiro (13,9%) e café (10,8%), enquanto os Estados Unidos (28,4%) são do grupo de sucos, sucroalcooleiro (14,2%), carnes (13,3%), produtos florestais (8,9%) e café (4,5%). 

Esse panorama revela não apenas a diversidade de destinos para os produtos paulistas, mas também a robustez e a capacidade de inserção internacional do agronegócio do estado de São Paulo. A constante busca por novos mercados e parcerias ressalta a relevância desse setor para a economia estadual, evidenciando um horizonte promissor para as exportações futuras.

Participação do estado de São Paulo no Brasil

A participação paulista no total da balança comercial brasileira (todos os setores da economia) apresentou certa estabilidade em 2023, as exportações subiram +0,1 ponto percentual e as importações recuaram em 0,1p.p., apontando valores de 20,9% nas exportações e de 29,8% de representatividade para as importações. Para o agronegócio, as exportações setoriais de São Paulo em 2023 representaram 17,0% em relação ao agronegócio brasileiro, alta de 0,6p.p. ante ao ano anterior, já as importações tiveram aumento maior (0,8p.p.), passando de 29,6% para 30,4%.

A participação dos grupos do agronegócio paulista no agronegócio nacional em 2023 se destacou nos seguintes grupos de produtos, cuja participação em valores ultrapassa 50% do total nacional: sucos (84,8%), produtos alimentícios diversos (76,0%), plantas vivas e produtos de floricultura (64,3%), demais produtos de origem vegetal (62,1%) e complexo sucroalcooleiro (61,9%).

Balança comercial do Brasil

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 98,84 bilhões em 2023, com exportações de US$339,67 bilhões e importações de US$240,83 bilhões. Esse resultado apresenta aumento de 60,6% no superávit em relação a 2022, quando alcançou US$61,53 bilhões.

Na análise setorial, as exportações do agronegócio brasileiro de 2023 apresentaram aumentos de 4,8% em relação ao ano anterior, alcançando o valor recorde de US$166,55 bilhões (49,0% do total nacional). Nas importações tiveram queda em 3,7% no período, registrando US$16,61 bilhões (6,9% do total nacional).

O superávit do agronegócio chegou a US$ 149,94 bilhões no período, valor recorde da série histórica, sendo 4,5% superior na comparação com 2022.

Portanto, o comércio exterior brasileiro só não foi deficitário devido ao desempenho do agronegócio, uma vez que os demais setores da economia, com exportações de US$173,12 bilhões e importações de US$224,22 bilhões, produziram um déficit de US$51,10 bilhões em 2023.

Exportações e importações do agronegócio brasileiro

Em 2023, as exportações do agronegócio brasileiro mantiveram sua robustez e impacto significativo no mercado internacional, com os cinco principais grupos desempenhando um papel crucial nesse cenário. Os números revelam um panorama marcado por números expressivos: o complexo soja liderou as exportações, totalizando US$ 67,31 bilhões, onde a soja em grão foi responsável por impressionantes 79,1% desse valor, seguida pelo farelo de soja com uma participação de 17,2%.

As carnes também tiveram uma presença substancial, alcançando US$ 23,51 bilhões em exportações. Esse montante foi distribuído entre as carnes bovina, de frango e suína, que representaram, respectivamente, 44,8%, 40,9% e 11,8% do total. O grupo sucroalcooleiro, por sua vez, atingiu US$ 17,38 bilhões, sendo o açúcar o grande protagonista, com 90,7% do valor exportado, enquanto o álcool etílico (etanol) contribuiu com 9,2%.

Além disso, cereais, farinhas e preparações apresentaram números significativos, somando US$ 15,56 bilhões. O milho em grão despontou como líder nesse grupo, com 86,6% do valor total, seguido pelo trigo com 4,7% e pelo arroz com 4,0%. Por fim, os produtos florestais totalizaram US$ 14,28 bilhões em exportações, com 55,6% desse valor atribuído à celulose e 27,7% à madeira.

É crucial notar que a agregação desses cinco grupos respondeu por impressionantes 82,8% das vendas externas do setor agropecuário brasileiro. Esse desempenho destaca a importância e a relevância desses segmentos no comércio internacional, reforçando o papel do Brasil como um dos principais players no mercado global de agronegócio.

Os principais produtos importados do agronegócio brasileiro em 2023 foram: trigo (US$ 1,29 bilhão, contabilizando 4,18 milhões de toneladas, 26,9% inferior ao volume importado em relação ao ano anterior; papel (US$ 889,85milhões); malte (US$ 867,56 milhões); salmões (US$ 775,62 milhões) e leite em pó (US$ 738,56 milhões). Os dez principais produtos representam 43,7% (US$ 7,26bilhões) do montante importado (US$ 16,61 bilhões).